Confusão
Quebra-quebra em ocupação de alunos da Uerj; vídeo
PM tenta conter tumulto na manhã desta quinta (15)
Cenas tensas tomaram o campus Maracanã da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), na manhã desta quinta-feira (15), quando estudantes foram flagrados pulando as grades da instituição.
O ato ocorreu em apoio a colegas que ocupam o local desde o dia 26 de julho em protesto contra o Ato Executivo 38/2024, conhecido como "AEDA da Fome". O clima no local ficou ainda mais tenso com a chegada da Polícia Militar, acionada para reforçar a segurança.
A ocupação, que inicialmente se concentrava no Pavilhão Reitor João Lyra Filho, foi expandida para todo o campus nesta quarta-feira (14), em uma tentativa de pressionar a reitoria a revogar o decreto.
Revolta
A situação tem gerado grande revolta entre os alunos, especialmente aqueles em situação de vulnerabilidade econômica. É que o decreto limita o acesso à permanência estudantil e já resultou na retirada de bolsas de mais de 5 mil estudantes. Para muitos, essas bolsas representam a única possibilidade de continuar os estudos.
No primeiro andar do Pavilhão, os seguranças da universidade cercaram os alunos ocupantes, enquanto, no segundo andar, outra equipe tentava desocupar a reitoria, gerando tumulto e correria.
“Nós queremos os nossos direitos. Estamos dispostos a negociar, mas parece que eles não querem, pois colocaram os seguranças para nos bater”, desabafou Amanda Soares, uma das estudantes presentes.
Entradas cercadas
Todas as entradas do prédio foram cercadas, e a saída só foi permitida com autorização dos seguranças. A tensão se estendeu para outras áreas do complexo universitário, onde funcionários também reforçaram a segurança.
Pablo Fontes, estudante de pedagogia de 23 anos, relatou as dificuldades enfrentadas para entrar no campus.
“Eu e outros alunos tivemos que forçar o portão porque estava trancado. Desde o dia 26 estamos nos revezando para trazer alimentos. Tanto professores quanto estudantes têm ajudado com o que podem para manter a mobilização”, explicou.
Segundo a assessoria da Uerj, ao retirar as barricadas para permitir o acesso ao campus nesta quinta, os seguranças foram empurrados pelos integrantes do movimento, que tentaram resistir à liberação dos espaços. Não houve agressão a estudantes.
Negociação
A reitora da Uerj, Gulnar Azevedo, comentou a situação, enfatizando a necessidade do ajuste no programa de bolsas.
“O ajuste não é nas bolsas de cotistas, mas sim em uma bolsa emergencial para quem entra em ampla concorrência. Estamos querendo negociar, a intransigência não é nossa, mas sim de quem está ocupando”, afirmou.
Em decorrência disto, a Reitoria determinou a abertura de uma sindicância interna para apuração dos novos fatos e discute as ações jurídicas para garantir o pleno funcionamento da Universidade.
"A ocupação com a obstrução é inaceitável, pois causa prejuízos acadêmicos e administrativos à Uerj, comprometendo, inclusive, o próprio pagamento de bolsas e auxílios. Com funcionários impedidos de entrar nas salas da Administração Central, a gestão vê com enorme preocupação as implicações destes atos na execução de suas atividades essenciais", diz.
Mesmo diante das declarações da reitoria, os estudantes reafirmam que continuarão a ocupação até que suas demandas sejam atendidas e as bolsas de permanência restabelecidas.
Aulas suspensas
Em nota divulgada nesta quarta-feira (13), a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) disse que o expediente no campus Maracanã estaria suspenso nesta quinta e considerou os bloqueios das entradas em "graves fatos".
"Informamos que todas as providências estão sendo tomadas para que as atividades possam acontecer com tranquilidade. Contamos com a compreensão de todos".
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