Indignação

Sem reajuste salarial, professores municipais fazem ato no Rio

Classe reivindica também melhores condições de trabalho

Cerca de 100 profissionais da Educação marcam presença em ato
Cerca de 100 profissionais da Educação marcam presença em ato |  Foto: Lucas Alvarenga

Professores da rede municipal do Rio de Janeiro fazem um protesto, na manhã desta quarta-feira (10), em frente à prefeitura, no Centro, para reivindicar sobre a falta de reajuste salarial e outras demandas não atendidas. O ato começou às 10h e conta com mais de 100 pessoas.

Segundo a categoria, desde fevereiro de 2019, os profissionais de Educação acumulam uma defasagem de 25% nos salários, comprometendo sua capacidade de manter um padrão de vida digno.

Em janeiro de 2023, houve um reajuste de 5%, contudo, de acordo com denúncias, isso não foi suficiente para cobrir integralmente as perdas inflacionárias acumuladas ao longo do período.

Além disso, outra questão urgente para os educadores é o vale-alimentação, que se mantém estagnado desde 2011. Atualmente, oferecendo R$ 12, o valor não tem acompanhado o aumento dos custos de vida ao longo dos anos. 

Manifestantes acumulam uma defasagem de 25% nos salários, segundo denúncias
Manifestantes acumulam uma defasagem de 25% nos salários, segundo denúncias |  Foto: Lucas Alvarenga

O coordenador do Sindicato dos Profissionais de Educação (Sepe-Rio), Eduardo Mariani, enfatizou a importância do movimento e comentou sobre as principais preocupações da categoria.

"Este ato não é apenas uma manifestação por melhorias salariais e benefícios, mas uma busca pelo reconhecimento da importância da nossa profissão. Nos sentimos desvalorizados, enfrentando a falta de reajuste salarial, a estagnação do vale-alimentação e condições de trabalho que se tornam cada vez mais difíceis. A qualidade da educação depende diretamente das condições dos professores", ressaltou Mariani.

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A professora Rogéria Galdino, de 52 anos, é servidora da Educação há 14 anos. Além de lamentar o salário abaixo do piso, ela também apontou problemas estruturais nas unidades de ensino.

Professora Rogéria Galdino, de 52 anos
Professora Rogéria Galdino, de 52 anos |  Foto: Lucas Alvarenga

“Sou a professora adjunta de educação infantil. A única da educação que recebe abaixo do piso nacional do magistério. A Prefeitura do Rio vem desrespeitando a lei 11.738/08, que diz que nenhum professor pode receber abaixo do piso nacional e estamos desde 2023 sem a atualização do piso. Com os descontos, ganho R$ 2,4 mil, sendo que o piso de 2024 é de mais de R$ 4 mil".

Dentre as reclamações, a categoria ainda aponta sobre a falta de profissionais especializados nas escolas municipais para atender crianças especiais.

"O secretário não recebe a nossa categoria, estamos sem ar condicionado na sala, alunos específicos sem laudos, sem apoio. A Educação do Rio não está como Eduardo Paes diz. Os seus filhos, população, comem ovo três vezes na semana nas escolas, temos professores adoecendo. Ele quer instalar a OS, a privatização, na Educação, como fez na Saúde”, continuou a professora Rogéria Galdino.

Carla Martins, professora da rede municipal há mais de 30 anos, também compartilhou as suas preocupações em relação à falta de apoio e reconhecimento.

"É desanimador perceber que, mais uma vez, nossas demandas não estão sendo atendidas. O reajuste salarial é crucial para mantermos nossa qualidade de vida e dedicação ao ensino. Queremos ser ouvidos e ver ações concretas por parte de quem deveria estar nos ajudando", ressaltou.

Outras reivindicações

Além da Educação, agentes da Saúde e da Guarda Municipal estiveram no ato e reclamam que estão sem o Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS).

Segundo Rogério Chagas, presidente e fundador do Sindicato da Guarda Municipal do Rio, desde que assumiu o cargo, em 2021, são solicitadas reivindicações, algumas pautas em lei e outras naturais.

"As primeiras são: a reposição da inflação dos últimos 3/4 anos, a reposição no aumento do ticket alimentação que não aumenta há 12 anos, queremos fazer valer a lei que define que a guarda na posição de polícia armada, além do Plano de Cargos e Salários. Temos também o sucateamento das unidades da Guarda. Todas elas estão em péssimo estado, sem investimento e o guarda se sujeita a trocar de roupa em locais insalubres e a mudança da escala, que era 24h x 72h e passou a ser 12h x 36h, com isso, muitos guardas se afastam por questões de saúde", disse.

Miriam Lopes, presidente do Sindicato de Auxiliar de Técnicos de Enfermagem do Rio, também lamentou a situação.

“Estamos sem o Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS). Fizemos uma emenda com um vereador para colocar o plano na saúde, mas o Eduardo Paes vetou por maldade, para usar esse PCCS no período eleitoral”, contou.

O que diz a Prefeitura?

Procurada, a Prefeitura do Rio disse que o PCCS dos profissionais da Secretaria Municipal de Saúde "está em negociação, já em fase bastante adiantada, mas ainda necessitando fechar consenso com os sindicatos referente a temas como ponto eletrônico e avaliação da chefia para progressão na carreira".

Sobre as demais reclamações, a administração municipal ainda não enviou respostas, até a publicação da reportagem.

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