Professores da rede municipal do Rio de Janeiro fazem um protesto, na manhã desta quarta-feira (10), em frente à prefeitura, no Centro, para reivindicar sobre a falta de reajuste salarial e outras demandas não atendidas. O ato começou às 10h e conta com mais de 100 pessoas.
Segundo a categoria, desde fevereiro de 2019, os profissionais de Educação acumulam uma defasagem de 25% nos salários, comprometendo sua capacidade de manter um padrão de vida digno.
Em janeiro de 2023, houve um reajuste de 5%, contudo, de acordo com denúncias, isso não foi suficiente para cobrir integralmente as perdas inflacionárias acumuladas ao longo do período.
Além disso, outra questão urgente para os educadores é o vale-alimentação, que se mantém estagnado desde 2011. Atualmente, oferecendo R$ 12, o valor não tem acompanhado o aumento dos custos de vida ao longo dos anos.
O coordenador do Sindicato dos Profissionais de Educação (Sepe-Rio), Eduardo Mariani, enfatizou a importância do movimento e comentou sobre as principais preocupações da categoria.
"Este ato não é apenas uma manifestação por melhorias salariais e benefícios, mas uma busca pelo reconhecimento da importância da nossa profissão. Nos sentimos desvalorizados, enfrentando a falta de reajuste salarial, a estagnação do vale-alimentação e condições de trabalho que se tornam cada vez mais difíceis. A qualidade da educação depende diretamente das condições dos professores", ressaltou Mariani.
A professora Rogéria Galdino, de 52 anos, é servidora da Educação há 14 anos. Além de lamentar o salário abaixo do piso, ela também apontou problemas estruturais nas unidades de ensino.
“Sou a professora adjunta de educação infantil. A única da educação que recebe abaixo do piso nacional do magistério. A Prefeitura do Rio vem desrespeitando a lei 11.738/08, que diz que nenhum professor pode receber abaixo do piso nacional e estamos desde 2023 sem a atualização do piso. Com os descontos, ganho R$ 2,4 mil, sendo que o piso de 2024 é de mais de R$ 4 mil".
Dentre as reclamações, a categoria ainda aponta sobre a falta de profissionais especializados nas escolas municipais para atender crianças especiais.
"O secretário não recebe a nossa categoria, estamos sem ar condicionado na sala, alunos específicos sem laudos, sem apoio. A Educação do Rio não está como Eduardo Paes diz. Os seus filhos, população, comem ovo três vezes na semana nas escolas, temos professores adoecendo. Ele quer instalar a OS, a privatização, na Educação, como fez na Saúde”, continuou a professora Rogéria Galdino.
Carla Martins, professora da rede municipal há mais de 30 anos, também compartilhou as suas preocupações em relação à falta de apoio e reconhecimento.
"É desanimador perceber que, mais uma vez, nossas demandas não estão sendo atendidas. O reajuste salarial é crucial para mantermos nossa qualidade de vida e dedicação ao ensino. Queremos ser ouvidos e ver ações concretas por parte de quem deveria estar nos ajudando", ressaltou.
Outras reivindicações
Além da Educação, agentes da Saúde e da Guarda Municipal estiveram no ato e reclamam que estão sem o Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS).
Segundo Rogério Chagas, presidente e fundador do Sindicato da Guarda Municipal do Rio, desde que assumiu o cargo, em 2021, são solicitadas reivindicações, algumas pautas em lei e outras naturais.
"As primeiras são: a reposição da inflação dos últimos 3/4 anos, a reposição no aumento do ticket alimentação que não aumenta há 12 anos, queremos fazer valer a lei que define que a guarda na posição de polícia armada, além do Plano de Cargos e Salários. Temos também o sucateamento das unidades da Guarda. Todas elas estão em péssimo estado, sem investimento e o guarda se sujeita a trocar de roupa em locais insalubres e a mudança da escala, que era 24h x 72h e passou a ser 12h x 36h, com isso, muitos guardas se afastam por questões de saúde", disse.
Miriam Lopes, presidente do Sindicato de Auxiliar de Técnicos de Enfermagem do Rio, também lamentou a situação.
“Estamos sem o Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS). Fizemos uma emenda com um vereador para colocar o plano na saúde, mas o Eduardo Paes vetou por maldade, para usar esse PCCS no período eleitoral”, contou.
O que diz a Prefeitura?
Procurada, a Prefeitura do Rio disse que o PCCS dos profissionais da Secretaria Municipal de Saúde "está em negociação, já em fase bastante adiantada, mas ainda necessitando fechar consenso com os sindicatos referente a temas como ponto eletrônico e avaliação da chefia para progressão na carreira".
Sobre as demais reclamações, a administração municipal ainda não enviou respostas, até a publicação da reportagem.