Tristeza
'Dor não acaba', diz mãe de João Pedro quatro anos após o crime
Adolescente foi assasinado durante operação em SG
Para muitas mulheres, o "Dia das Mães", que será celebrado neste domingo (9), é uma data em que as lembranças se encontram com a dor e sofrimento que é perder um filho. Este é o caso de Rafaela Santos, mãe de João Pedro, adolescente de 14 anos assassinado durante uma operação policial na comunidade do Salgueiro, em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio.
Neste mês, que marca quatro anos do crime ainda sem solução, Rafaela compartilha como tem sido conviver com a tristeza de não ter mais o filho ao seu lado.
É difícil encontrar motivos para comemorar.
"Maio é sempre muito difícil para mim porque, além do 'Dia das Mães', também relembramos mais um ano da morte do João Pedro. Embora tenha outra filha e me esforce para aproveitar o momento com quem permaneceu, é difícil encontrar motivos para comemorar. É uma dor que não acaba", desabafa Rafaela.
Leia +:Mães enlutadas: grupo dá apoio psicológico a quem perdeu um filho
'Cheio de vida'
Em suas palavras, João Pedro era um adolescente cheio de vida, alegria e planos para o futuro. Estudioso e divertido, o jovem, que completaria 19 anos em junho deste ano, deixou lembranças preciosas para sua família.
São muitas lembranças dos momentos que compartilhamos.
"Ele era estudioso, alegre e gostava de estar perto das pessoas. Trazia beleza para os lugares. São muitas lembranças dos momentos que compartilhamos, mas fico triste ao pensar em tudo que eu poderia ter vivido ao lado do meu filho", afirma Rafaela.
O caso
A tragédia aconteceu no dia 18 de maio de 2020, durante uma operação policial no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. João Pedro foi baleado e morto aos 14 anos após a polícia invadir sua casa. O relato da família descreve um cenário de terror, com policiais atirando sem consideração pela presença de crianças na residência.
O Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou três policiais por homicídio e fraude processual. As setes audiências que ocorreram nestes anos tiveram depoimentos de testemunhas de acusação, policiais federais e delegados da Polícia Civil responsáveis pela investigação do crime.
'Quatro anos de sofrimento'
A expectativa da família é que até o dia 18 de maio deste ano, em que completa quatro anos do crime, a juíza Juliana Grillo El-jaick, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, leve os três réus a júri popular.
Nossa esperança é que a justiça finalmente seja feita.
"Já teve as homologações finais, agora só falta a decisão final. Nossa esperança é que a justiça finalmente seja feita, para dar fim aos nossos quatro anos de sofrimento. A vida desses policiais não pode seguir normalmente após um crime como esse", enfatiza Rafaela Santos.
Grupo apoia mães enlutadas
O Grupo Gratuito de Acolhimento e Apoio a Mães Enlutadas, chamado "Mães Sem Nome", oferece apoio às mulheres que revivem neste período o sofrimento de perder um filho. Fundado há 12 anos, o grupo oferece encontros gratuitos, mediados por profissionais voluntárias.
Segundo Márcia Noleto, psicóloga e escritora, criadora do grupo, o ''Mães Sem Nome'' preenche uma lacuna deixada pelo poder público no atendimento a mulheres vulnerabilizadas pela perda de seus filhos.
O serviço é realizado uma vez por mês às quartas das 20h às 21h30 e às sextas das 19h às 20h30, incluindo encontros presenciais aos sábados, na sede da C-FEN em Copacabana, Zona Sul do Rio, das 10h às 12h.
Para participar, é necessária inscrição prévia e uma entrevista posterior agendada com uma psicóloga, que tem como objetivo conhecer a história da mãe e a sua situação atual (rede de apoio, relações sociais, autocuidado, entre outros).
Após essas etapas, e conforme a avaliação das psicólogas responsáveis, a mãe é encaminhada ou para os grupos ou para uma terapia individual. As inscrições devem ser feitas pelo link, também disponível na bio do perfil do grupo no Instagram.
Perdeu documentos, objetos ou achou e deseja devolver? Clique aqui e participe do grupo do Enfoco no Facebook. Tá tudo lá!