Conquista
Gonçalense é a primeira mulher apta a conduzir navio na Antártica
Capitão-tenente Sabrina, de 35, foi qualificada pela Marinha
Natural de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, a Capitão-Tenente (Intendente de Marinha) Sabrina Caldeira Fernandes da Silva, de 35 anos, é a primeira mulher apta a conduzir um navio na Antártica.
A militar foi qualificada pela Marinha do Brasil (MB) para o serviço de Oficial de Quarto no desafiante ambiente antártico, durante a 42ª Operação Antártica - que ocorreu até abril deste ano.
No entanto, ela revela ao ENFOCO que já está de malas prontas para retornar em outubro, onde passará uma temporada de 6 meses na região congelante.
"Confesso que estou mais tranquila para essa segunda viagem. A primeira estava bem apreensiva. A viagem é bem desafiadora. E a distância da família também é bem difícil! Mas vale a pena! Muito recompensadora a experiência! Vou em outubro e volto em abril de 2025", frisou.
Segundo a Marinha, Sabrina está apta a conduzir o Navio de Apoio Oceanográfico “Ary Rongel” em diversas situações operativas, como: na travessia do Estreito de Drake, durante operações aéreas, no lançamento e recolhimento de acampamentos científicos, nas tarefas logísticas afetas à Estação Antártica Comandante Ferraz, entre outras.
Estar a bordo desse navio exige de nós muita determinação e abnegação
Morando na cidade de Niterói há anos, ela explica um pouco do seu papel na embarcação.
"Eu não comando o navio. Na verdade, fui a primeira mulher a ser qualificada a conduzir um navio da Marinha no continente antártico", reforça.
Conquista
A qualificação é mais uma conquista na trajetória de 43 anos das mulheres na Marinha do Brasil, que foi a pioneira entre as Forças Armadas brasileiras no ingresso feminino em suas fileiras.
Em um processo gradual, desde 1981, as mulheres estão cada vez mais presentes em todos os setores, inclusive em atividades operativas.
Para a Capitão-Tenente (IM) Sabrina, que ingressou na Força em 2016, fazer parte desse pioneirismo tem sido motivo de orgulho.
Ser a primeira mulher a cumprir serviço de Oficial de Quarto em águas austrais é definitivamente uma conquista incrível e motivo de grande orgulho. Após um período de qualificação, que exigiu muito esforço e dedicação, estava apta a cumprir a tarefa que me foi confiada. O desafio não foi pequeno, mas, sem dúvida, muito recompensador
Desafios
O Comandante do Navio de Apoio Oceanográfico “Ary Rongel”, Capitão de Mar e Guerra Marco Aurelio Barros de Almeida, explica que o Oficial de Quarto é uma figura revestida de grande importância em um navio da Marinha.
“É difícil encontrar um paralelo em outras profissões com relação à magnitude das atribuições e à responsabilidade atribuída ao Oficial de Quarto na manutenção da segurança do navio e da tripulação. Ele é, em síntese, o representante direto do Comandante na manobra do Navio”.
Além de se familiarizar com as peculiaridades da operação em um ambiente inóspito, o Oficial que se capacita para o serviço de quarto na Antártica deve passar também pelo processo de qualificação para desempenho das atribuições em condições normais, com clima mais ameno, como as observadas em águas tropicais.
Condições extremas
Ainda de acordo com o Comandante Aurelio, há alguns princípios básicos que precisam ser seguidos pelo Oficial de Quarto no continente antártico.
“As condições meteorológicas reinantes são extremas e de rápida variação, especialmente no que se refere às mudanças abruptas de vento e precipitação. O Oficial também deve ter conhecimento específico dos tipos de gelo observados à deriva e da navegação em campos de gelo fragmentados. Tudo isso para que, ao fim, consiga cumprir as suas atribuições durante o serviço, observando os princípios básicos da operação no ambiente antártico: paciência, observação e oportunidade”.
Programa Antártico Brasileiro
A Capitão-Tenente (IM) Sabrina exerce também as atividades relacionadas à Intendência, como abastecimento, municiamento e conforto da tripulação do navio.
Segundo ela, além dos grandes desafios profissionais, a distância dos familiares por um longo período é um fator que potencializa a dificuldade da comissão, mas ressalta que a sensação de fazer o melhor possível, é sempre recompensadora.
“Estar a bordo desse navio exige de nós muita determinação e abnegação. Mas nos dá muito orgulho de pertencer e saber que tudo isso é em prol de uma missão muito nobre, de prestar apoio indispensável à consecução do Programa Antártico Brasileiro. A sensação de estar fazendo o melhor que podemos nos satisfaz como profissional e como pessoa”, destaca.
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