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    Que situação!

    Torneiras secas em SG: famílias reaproveitam água do ar-condicionado

    Moradores estão há mais de um mês sem abastecimento

    Publicado 18/02/2025 às 19:46 | Autor: Sofia Miranda
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    Moradores pedem por soluções definitivas
    Moradores pedem por soluções definitivas |  Foto: Péricles Cutrim

    Moradores da Rua Odila Gomes Barros, no bairro Rocha, em São Gonçalo, denunciam estar sem fornecimento de água há mais de um mês. O ENFOCO esteve no local, nesta terça-feira (18), e constatou que as famílias estão recorrendo à água de aparelhos de ar-condicionado para realizar tarefas diárias.

    Segundo os relatos, a Águas do Rio, concessionária responsável pelo abastecimento, tem adotado apenas soluções paliativas, como o envio de caminhões-pipa, sem resolver a causa do problema, que já se estende desde setembro do ano passado. A moradora Priscilla Pires Nunes, de 46 anos, já abriu mais de 25 protocolos na concessionária e procurou diversas instâncias, como ouvidorias e a Defensoria Pública.

    Residentes estão reaproveitando água que pinga de aparelhos de ar-condicionado
    Residentes estão reaproveitando água que pinga de aparelhos de ar-condicionado |  Foto: Péricles Cutrim

    "A gente não tem que viver de pipa d'água, tem que viver com água encanada. A pipa d'água é o último recurso. Até porque a gente paga", argumenta.

    Segundo Priscilla, técnicos da concessionária já identificaram baixa pressão na rede como a causa do problema, mas nenhuma solução definitiva foi implementada.

    Na semana em que o estado do Rio vive uma onda de calor, os moradores se veem num dilema: tomar banho ou cozinhar?

    Moradora Samantha Rodrigues, de 36 anos
    Moradora Samantha Rodrigues, de 36 anos |  Foto: Pericles Cutrim
    Aspas da citação
    Temos que decidir todos os dias se vamos tomar banho, cozinhar ou lavar roupa. É humilhante. A gente paga as contas, mas se atrasar um pagamento, vem multa.
    Samantha Rodrigues moradora
    Aspas da citação

    Na região, há casas com idosos acamados e recém-operados. A situação tem impactado diretamente a rotina e a saúde dos moradores. O autônomo Lauro Rodrigues da Silva, de 23 anos, relata a dificuldade de cuidar da mãe, que está em recuperação de uma cirurgia.

    Lauro Rodrigues, de 23 anos
    Lauro Rodrigues, de 23 anos |  Foto: Pericles Cutrim

    "Os reservatórios já estão no fim. Minha mãe está se recuperando de uma cirurgia e precisa limpar os ferimentos, fazer curativos, é muito arriscado reaproveitar água e infeccionar’’, preocupa-se.

    A situação semelhante afeta a enfermeira sanitarista Fátima Moreira, de 63 anos. Ela relata dificuldades para manter a higiene da mãe de 88 anos, que recentemente teve uma internação por gastroenterite.

    "Recebi apenas duas pipas d'água em seis meses. A água que pinga na minha cisterna pode vir limpa, mas depois de tantos dias com o cano seco, acumula vírus e bactérias. Minha preocupação é com a qualidade dessa água".

    A sanitarista Fátima Moreira expressa preocupações com a qualidade da água, que, vez ou outra pinga
    A sanitarista Fátima Moreira expressa preocupações com a qualidade da água, que, vez ou outra pinga |  Foto: Pericles Cutrim

    Ainda segundo a moradora, o jeito tem sido comprar garrafas de água mineral e usar toalhinhas higiênicas para reduzir o número de banhos.

    ‘’Em um verão desse, em que precisamos de água, precisamos nos hidratar, tomar mais banhos, como é que a gente fica? Com esses reservatórios de água que estão fazendo, vai aumentar mais a questão da dengue, porque muita gente não tem a mesma consciência que muitos de nós aqui da rua têm, de armazenar água tampada. Com esse armazenamento fajuto, você vai ver a proliferação do mosquito da dengue, as diarreias...’’, alertou.

    Enquanto aguardam uma solução definitiva, os moradores continuam recorrendo a alternativas emergenciais, como o compartilhamento de água entre vizinhos e a compra de caminhões-pipa particulares, o que tem gerado custos adicionais e transtornos aos residentes.

    Vizinhos estão compartilhando água que recebem das soluções paliativas
    Vizinhos estão compartilhando água que recebem das soluções paliativas |  Foto: Pericles Cutrim

    Os moradores também relatam que outras ruas próximas têm abastecimento normal, o que levanta suspeitas de que a falta de água na Rua Odila Gomes Barros esteja relacionada a uma intervenção na distribuição. "A água não falta em toda a região, apenas aqui. Quando querem, abrem a manobra, e a água vem", diz Priscilla.

    Além dos relatos de falta d'água, os moradores também criticam cobranças de valores exorbitantes nas contas, mesmo sem estarem consumindo. ‘’A gente não se nega a pagar. Mas a gente quer pagar aquilo que a gente consome, o que é justo’’, concluiu a moradora, Priscilla Pires.

    Questionada pelo ENFOCO, a concessionária Águas do Rio informou que dará início, nesta quarta-feira (19) a uma obra de extensão de rede que vai melhorar o fornecimento de água para a região afetada.

    "A concessionária esclarece que hoje (18) realizou o abastecimento alternativo dos clientes por meio de caminhão-pipa, que vai ser mantido até que o abastecimento seja normalizado. A empresa segue à disposição pelo 0800 195 0 195 para ligações gratuitas ou mensagens via Whatsapp", complementa a nota.

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