Mobilização

São Januário terá telão do lado de fora para reaquecer comércio

Ideia é diminuir prejuízos com interdição do estádio

Foto São Januário, Av. Roberto Dinamite - Lucas Alvarenga
Foto São Januário, Av. Roberto Dinamite - Lucas Alvarenga |  Foto: Lucas Alvarenga
  

A Associação de Torcidas Organizadas do Vasco (Astovas) vai colocar um telão do lado de fora do estádio de São Januário para torcedores do clube acompanharem o jogo contra o Bahia, no domingo (3), às 18h30.

A convocação é para diminuir os prejuízos de comerciantes e moradores que estão impactados com a interdição do estádio pela Justiça, que já dura mais de dois meses. A última negativa de reabetura aconteceu na última quinta (30). 

Moradores e comerciantes da Barreira do Vasco, comunidade que fica próxima ao estádio, na Zona Norte do Rio, vivem da venda de produtos em dias de jogos e estão com dificuldades. Isso porque muitos deles são comerciantes e o rendimento caiu depois da decisão da Justiça que interditou o estádio em junho deste ano. 

Impacto, segundo secretaria do Trabalho, é de 60% no recuo dos comerciantes da região
  

Torcedores estão proibidos de ir ao estádio desde a derrota do Cruzmaltino contra o Goiás, quando houve confronto com a polícia e muitos atiraram rojões no gramado. 

Desde então, o impacto da falta de torcida no local vem sendo sentido por aqueles que dependem desses eventos para conseguir pagar as contas. 

É o caso de Cléo Barbosa, que tem um bar que fica de frente pro estágio há cinco meses. Ela comprou do antigo dono, inclusive, porque ele comentou que o investimento era bom, já que o bar vivia sempre cheio em dias de jogo e o faturamento era alto. Ela é casada e tem filhos, mas as contas no final do mês não estão mais fechando. 

“Para mim, foi um grande prejuízo porque eu peguei o bar assim que houve a prejuízo. Sou vascaína e me sinto triste por isso também. O prejuízo foi muito. Eu pago aluguel no bar e em casa e está difícil. Tenho até vontade de desistir disso aqui (do bar), às vezes. É minha única fonte de renda”, afirmou ela que mora no bairro há 10 anos. 

A comerciante de 42 anos deseja que a interdição passe. “O antigo dono disse pra mim que quando tinha jogo do Vasco, era ótimo. Eu tive até que mandar funcionários irem embora por causa dessa interdição e desse prejuízo. Até os moradores vendedores ambulantes estão prejudicados também”, disse Cléo. 

Impacto

Bloqueio foi sentido por comerciantes que vivem da renda do estádio
Bloqueio foi sentido por comerciantes que vivem da renda do estádio |  Foto: Lucas Alvarenga
  

A Prefeitura do Rio, através do estudo feito pelo Observatório do Trabalho Carioca, da Secretaria Municipal de Trabalho e Renda, informou que: “A decisão judicial que impede a realização de jogos com público em São Januário é precedida de uma justificativa que associa a Comunidade Barreira do Vasco e região à um local de alta periculosidade e de domínio do tráfico de drogas. A estigmatização, além de seus efeitos imediatos na reputação da comunidade, também possui implicações socioeconômicas e psicossociais profundas. Essa marginalização vem gerando um sentimento de exclusão nos residentes locais, percebido na narrativa dos moradores e comerciantes entrevistados.”

Ainda segundo o estudo, a “Associação de Moradores da Barreira do Vasco informou que aproximadamente 18 mil pessoas foram, direta ou indiretamente, afetadas com a proibição dos jogos, tanto pela publicizaçao negativa da região, quanto pela proibição dos jogos em si”. Mais de 90% das pessoas que buscam emprego na região, inclusive, recebem menos que 2 salários mínimos. 

“A interrupção dos jogos com público teve um impacto profundo e abrangente no comércio local, afetando diretamente os comerciantes com pontos fixos que pagam aluguel e despesas recorrentes. Esses comerciantes, que dependem do rendimento gerado pelos jogos, compartilharam relatos de uma redução acentuada de quase 60% na receita mensal,” confirmou o mesmo estudo. 

A informação foi confirmada por outro comerciante Rafael Diogo, de 35 anos, atua no depósito que tem como donos seu irmão e sua tia. Ele conta que a receita do depósito caiu em 50% desde a interdição do estádio. 

“A gente perde 50% do quanto ganhávamos antes. A gente vende muito em dia de jogo. Tem muito ambulante, comerciante, que compra aqui no depósito. Não só a gente, mas a galera toda que tem comércios aqui ao redor. É uma certa discriminação por ser favela né? Mas favela tem em todo lugar. Aqui, é um ponto turístico também, a praça fica lotada em dias de jogos e todo mundo ganha”, afirmou ele. 

A interrupção também afetou o trabalho de trabalhadores credenciados e informais, que atuam no estádio e ao redor dele em dias de jogo. 

Em dias de jogos, estima-se que até 300 novos trabalhadores autônomos são contratados. Nesta quarta-feira (30), o Tribunal de Justiça do Rio manteve a proibição de público no estádio. O Vasco ainda irá recorrer da decisão.

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