Patinho feio
Telefone fixo: o querido dos mais velhos e a piada da nova geração
Aparelho em declínio na atualidade ainda existe em algumas casas
Essa pode parecer uma conversa antiga que poucos da atualidade conseguirão entender, mas por volta do século 19, um aparelho inovador prometia revolucionar o método de comunicação global: o telefone fixo.
Na atualidade parece maluquice citar uma tecnologia que vem entrando, cada vez mais, em desuso. Com a consolidação dos smartphones e a criação de aplicativos de mensagens, o século 21 transformou a inovação do italiano Antonio Meucci em piada.
Recentemente, uma postagem no Twitter viralizou e reacendeu uma certeza entre a nova geração: ter como único contato um telefone fixo não representa mais uma modernidade tão acirrada como no passado.
Na publicação um internauta escreve: "E hoje, ao pedir o contato do cliente, ele me passou um número fixo. FIXO. 41 anos, casado, funcionário público e sem smartphone".
Cerca de três milhões de pessoas ainda possuem acesso a telefonia fixa no Rio de Janeiro
De acordo com a Anatel, Agência Nacional de Telecomunicações, cerca de 3 milhões de pessoas ainda possuem acesso à telefonia fixa no Rio de Janeiro. Esse número representa uma queda, se comparado com o mesmo período em 2007, quando havia 5 milhões de usuários.
Uma das pessoas que mantém o aparelho em casa é a Maria Rosa Carvalho, de 67 anos, moradora de Niterói. O município, na Região Metropolitana, aparece em sexto lugar no ranking de cidades com registros de telefonia fixa. A aposentada conta que o apego ao aparelho e a simplicidade, fez com que ela não quisesse se desfazer dele.
É tudo muito mais fácil, não é como os de hoje que você aperta um botão que faz um monte de funções que não entendo. A coisa é simples, você disca o número e aperta o verdinho para ligar
E não é só a Maria que pensa assim. Na lista de contatos cerca de 20 familiares, que moram distantes, ainda mantêm diálogo ativo com a aposentada pelo aparelho. Ela se recusa a adquirir um smartphone.
"Se quiser falar comigo é pelo fixo! E tem mais gente na minha família que pensa como eu. Meu irmão [77 anos] não consegue usar esses telefones, não enxerga direito e não tem a agilidade que os jovens têm nos dedos, por exemplo", explica.
Já faz 30 anos que o aposentado Isaias Oliveira, de 67 anos, mantém um telefone fixo em casa. Mesmo com a modernidade batendo na porta e adquirindo um celular, ele não se desfez da velha aquisição, que é muito usada para rotinas em médicos.
"É necessário, os médicos do SUS quando remarcam consulta, eles gostam de ligar para o fixo, não gostam de ligar para celular. Ou outras pessoas que ligam para o fixo, porque preferem ele ainda. Eu mesmo faço várias ligações por ele", diz.
Mas o Isaias não descarta que o smartphone é uma tecnologia superior ao fixo. "É uma coisa mais moderna, a gente fala com mais facilidade, o fixo não, tem lugares que nem pega, não dá para ligar. Mas vou manter o fixo até quando Deus quiser", brinca.
Telefone popular
No passado, bancar uma linha fixa não era barato. Mas, com a criação do programa 'Telefone Popular', do Governo Federal, o preço ficou mais barato, como explica Isaias.
Eu sou aposentado e meu salário é pequeno! Então, eu botei o Telefone Popular, eu pago 15 reais, mas muita gente não sabe disse. Tem telefone fixo que a pessoa paga quase 300 reais de ligação, isso é absurdo
O Telefone Popular foi criado para permitir que famílias inscritas no Cadastro Único dos Programas Sociais do Governo Federal tenham acesso à telefonia fixa em condições especiais, conforme a Anatel.
Para solicitar o serviço é necessário que o responsável familiar entre em contato com a concessionária de sua região
O serviço oferecido possui uma franquia mensal de 90 minutos para realizar chamadas locais para outros telefones fixos. No entanto, não é cumulativa e, caso o usuário ultrapasse esse limite, será necessário inserir créditos para continuar realizando chamadas.
Para solicitar o serviço é necessário que o responsável familiar entre em contato com a concessionária de sua região e tenha em mãos o Número de Identificação Social (NIS) e o CPF.
Caso o CPF não tenha sido informado no Cadastro Único, o interessado também deverá informar o Título de Eleitor ou o Registro Administrativo de Nascimento Indígena (RANI). A concessionária, por sua vez, irá consultar a base de dados do Cadastro Único para verificar se o solicitante está apto a contratar o Telefone Popular.
Se constatado que o interessado atende aos requisitos do programa, o atendimento será realizado pela empresa em até sete dias.
Os telefones de atendimento das concessionárias são:
10312 – CTBC Telecom
10314 – Oi Região 2 (antiga área de atendimento da Brasil Telecom)
10315 – Telefônica/Vivo
10331 – Oi Região 1
10343 – Sercomtel
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