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Velório com samba em Magé viraliza na internet; veja vídeo
Corpo de presidente de escola de samba foi enterrado com festa
Um velório bem diferente ganhou as redes sociais nos últimos dias. A família de Agnaldo dos Santos, o Bino, presidente da escola de samba Flor de Magé, se despediu dele ao som da bateria e até intérpretes. O desfile tomou conta das ruas do município da Baixada Fluminense e impressionou quem estava passando pelo local no momento, no último dia 11, viralizando na internet. Bino morreu aos 60 anos, deixando esposa e dois filhos.
Arnaldo José dos Santos, o avô de Bino, foi um dos primeiros presidentes da agremiação, fundada em 14 de dezembro de 1900. Desde essa época, as cores azul, vermelho e branco se tornaram parte do coração de todos os herdeiros, que seguem a tradição da família.
“Nossa família tem essa tradição. Como a gente foi nascido e criado dentro do samba, todo o pessoal gosta de alegria. O do meu pai, o da minha mãe, o do meu tio, da minha irmã: todos os velórios são assim”, contou ao jornal "O Globo" o irmão de Bino, Elcio José dos Santos, o Preguinho, de 58 anos, vice-presidente da Flor de Magé.
“O meu (velório) também será assim, se Deus quiser”, continuou Preguinho.
O cortejo partiu da quadra da escola, que fica na Avenida Simão da Motta, no 1º distrito da cidade, seguindo para o Cemitério Magé I, numa distância de cerca de 800 metros. De acordo com o irmão de Bino, o destino final, no entanto, seria o Cemitério Magé II, onde fica o jazigo da família, no entanto ele está ocupado pelo corpo da irmã Nubia, que faleceu no ano passado.
Infelizmente, não foi possível enterrá-lo no cemitério II. Quando é lá, alguém vai cedo e fala para reforçar o estoque no bar do Joãozinho. Quando a gente dobra na esquina e ele escuta os fogos, ele já sabe que somos nós
Ainda de acordo com os familiares, a ideia de sepultar com alegria é deixar para trás o baixo astral, deixando a tristeza chegar apenas quando for para a casa. Para isso, eles seguem até um roteiro, que começa no velório na quadra da escola com homenagens a quem morreu com samba e bebida e cortejo festivo até a volta para nova rodada de bebidas após o sepultamento em um bar.
Uma mulher, que também gravou uma parte do velório, narrou um pouco como foi. “Quando eu morrer, quero assim: pagode, o pessoal sambando. Melhor que o velório da Rita Lee, só na minha cidade você vê essas coisas”, dizia ela durante a filmagem que mostrava o carro da funerária, seguido por um cortejo, embalado pela bateria da Flor de Magé. “Até serpentina tem, meu Deus!”, completou ela.
A viúva de Bino, Juh Reis, através de suas redes sociais, comentou que a despedida do marido foi do jeito que queria. Ainda nas redes sociais, muitas pessoas comentaram que o velório do homem foi uma inspiração para outras cerimônias.
"Quero assim também, tem que ter pagode, pois é a coisa que mais amo", disse uma internauta. Outro disse que, quando morrer, não aceita "menos que isso".
Aqueles que estavam em suas casas e conseguiram presenciar a cena também relataram a surpresa:
“Foi o maior barato. Escutei uns foguetes, e perguntei à minha filha: "O que é isso?". Quando vi que era o velório do presidente da Flor de Magé, eu adorei. Nos meus 73 anos de vida, nunca tinha visto uma coisa dessas”, contou a aposentada Eni Salgueiro, moradora de Magé.
Bino foi o presidente da Flor de Magé, que dedicou a maior parte de seus 60 anos em prol da escola, também tinha um lugar especial em seu coração para a escola de samba Salgueiro, pela qual torcia fervorosamente. Os desfiles na Sapucaí serviam de fonte de inspiração para os enredos desenvolvidos pela agremiação da Baixada.
A Prefeitura de Magé divulgou uma nota nas redes sociais, expressando pesar pela notícia do falecimento do "grande Agnaldo dos Santos Filho (Bino)". A conta oficial do município também enviou os "mais sinceros sentimentos à família e amigos nesse momento difícil".
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