Cidades
Vídeo: Em meio à guerra no Jacarezinho policial distrai crianças
O policial civil Francisco Marques Pacheco, 44 anos, foi flagrado por colegas dentro de uma casa, no Complexo do Jacarezinho, zona norte do Rio, contando histórias folclóricas às crianças da comunidade. A cena foi registrada na manhã de quinta-feira (6), enquanto ocorria uma verdadeira guerra armada na região. O ponto da residência onde ele estava fica no Pontilhão, uma das áreas mais perigosas da favela, já nos acessos à Linha do Trem.
No registro, o policial acalmava os pequenos ao que parece ser na sala da residência de uma mulher, que estava com um bebê no colo. Nervosa, a moradora também tentava cuidar das cinco crianças simultaneamente. O vídeo mostra o policial incentivando os menores para um futuro acadêmico, através dos estudos, mas fazendo alusão à lenda do Bumba meu boi e o grande milagre.
Pacheco é aluno do curso de Educação Física (licenciatura) e diz que gosta de atuar com crianças. Em entrevista ao Plantão Enfoco, o agente da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (CORE) disse que presenciou uma realidade difícil de crianças em situação de vulnerabilidade social.
"Dava tristeza de ver. As crianças cada vez mais desesperadas. Elas ali não têm uma segurança alimentar tranquila, não têm nada, é triste. A realidade do país é triste. Não adianta eu apavorar elas, tenho que dar auxílio. E eu dei um acalento", contou.
O vídeo foi gravado numa 'brincadeira' de colegas policiais e foi feito enquanto ocorria o confronto entre agentes de segurança e criminosos, do lado de fora. Na gravação, é possível notar alguns disparos de arma de fogo ao fundo, que acabam sendo um pouco abafados pelas histórias contadas por Pacheco.
"A mãe estava preocupada e puxava um garoto da porta. Ali, a qualquer momento, pode acontecer de vir uma bala perdida por um cidadão que está à margem da lei. Quando os meus colegas gravaram, eles fizeram meio que escondido. Eu dou aula num curso de formação de operacionais e me chamam de Tio Pacheco. Em certos momentos tenho que ser duro, já que a formação é de curso operacional. Eles me viram contando histórias para criancinhas e ficaram escondendo a câmera. Eu tenho um filho de 18 anos, mas é como se tivesse cinco anos: coloco de castigo, falo para estudar", brincou.
O policial também falou sobre a seriedade do trabalho que executa com a tropa da CORE. "Somos profissionais extremamente treinados. Estamos ali para fazer o bem. Estávamos em apoio a uma Delegacia de Combate ao Crime de Criança e Adolescente. É coisa muito séria. A gente é força e honra sempre".
Durante a operação, ao menos 24 acusados morreram. O agente civil André Leonardo de Mello Frias, de 45 anos, lotado na Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), foi morto com um tiro na cabeça quando desembarcava de um veículo blindado.
Foi a operação policial mais letal na história do estado. O objetivo era desarticular uma quadrilha de traficantes que aliciava menores de idade - alguns com apenas 12 anos - para o mundo do crime. Além disso, eles estavam envolvidos em outros crimes, incluindo sequestros de trens que passam pela comunidade.
Segundo delegados que participaram diretamente da operação, os suspeitos morreram em decorrência do confronto com os policiais.
Com os suspeitos mortos, a polícia apreendeu 16 pistolas, seis fuzis, uma submetralhadora, 12 granadas, uma escopeta, uma grande quantidade de munições, drogas, cadernos de anotações do tráfico e até uma peça de artilharia de canhão.
Dos 21 mandados de prisão da operação Exceptis, três foram cumpridos e outros três investigados acabaram mortos.
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