Zona Norte

Vizinhos alertaram sobre desabamento que vitimou mulher no Rio

Maria das Graças tinha 64 anos e não resistiu ao incidente

Imóvel desabou por volta das 4h
Imóvel desabou por volta das 4h |  Foto: Marcelo Tavares
  

Após o desabamento de uma casa que deixou uma mulher, de 64 anos, morta no Rio Comprido, Zona Norte do Rio, a Defesa Civil interditou imóveis vizinhos durante inspeção no local na manhã desta sexta (4). 

Agentes da autarquia estiveram na Rua Paula Ramos após o desabamento que vitimou a doméstica Maria das Graças Soares, de 64 anos. A residência do vigilante Alessandro Vieira da Silva foi interditada. Ele mora com a esposa e duas filhas, uma adolescente de 14 anos e outra de 4 anos. Ele ainda não sabe para onde ele e sua família irão. 

Ao ENFOCO, Alessandro contou que essa foi a segunda noite seguida que a casa de Maria deu indícios de que iria cair. A residência despencou por volta das 4h e Maria estava no quarto tentando se proteger. 

“Acordamos com o barulho. Na madrugada do dia 1º para o dia 2, caiu a primeira parede da Maria. Ouvimos o barulho e eu lembro que chamei ela e ela logo respondeu. Eu lembro que falei que ajudaria ela a limpar tudo no dia seguinte e foi o que eu fiz. Ajudei ela com entulho. Mesmo assim, minha esposa estava insegura e eu também porque estávamos ouvindo barulho e estalos da casa dela, mas jamais achávamos que era isso”, afirmou ele. 

Residência despencou por volta das 4h
  

Dois dias depois, a casa da doméstica desabou. “Estávamos dormindo e acordamos com o barulho, lembro que chamei e ela não me respondeu, mesmo assim achei que fosse o teto dela caindo, mas nada demais, jamais imaginaria um óbito. A Maria era uma pessoa nascida e criada na comunidade, era conhecida por todos. Ela morava sozinha depois que a filha dela casou e se mudou e a mãe dela morreu. A gente falou pra ela depois da última madrugada que era para ela sair, mas ela não nos ouviu, procurou abrigo no quarto e morreu. O quarto foi onde cedeu tudo, provavelmente se ela estivesse em outro cômodo poderia ter sobrevivo. Foi tudo muito rápido, em 48 horas tudo isso aconteceu e ela morreu”, disse ele. 

A casa de Alessandro será interditada preventivamente pela Defesa Civil do município. Ele ainda não tem um lugar para ir com sua família, mas já está analisando a situação para resolver. A informação foi confirmada pelo Subsecretário de Defesa Civil do município do Rio, Rodrigo Gonçalves. 

“Na madrugada de hoje, recebemos a solicitação pelo 199 e deslocamos uma equipe para cá. Quando chegamos, o Corpo de Bombeiros estava trabalhando e tinha uma vítima sobre os escombros, a dona Maria das Graças. Foi um desabamento e ela não resistiu. De forma preventiva, resolvemos interditar a casa do lado da dela. Isso porque vamos fazer a demolição dos remanescentes da casa da Maria, que desabou, e após a demolição vamos voltar para avaliar a casa do vizinho”, disse. 

Casa do vigilante Alessandro também foi interditada pela Defesa Civil
Casa do vigilante Alessandro também foi interditada pela Defesa Civil |  Foto: Marcelo Tavares
    
Acordamos com o barulho e eu lembro que chamei ela e ela logo respondeu. A gente falou pra ela depois da última madrugada que era para ela sair, mas ela não nos ouviu, procurou abrigo no quarto e morreu. Foi tudo muito rápido, em 48 horas tudo isso aconteceu Alessandro Vieira, vizinho
  

A perícia da Polícia Civil esteve no local para tentar descobrir a causa do desabamento. “Ainda não podemos afirmar nada, mas construção da residência não tinha colunas, tinha uma laje sem proteção que acabou causando um infiltração generalizada na casa. A chuva contribuiu para isso, mas é determinante a perícia da Polícia Civil para entender a real causa”, afirmou Rodrigo. 

Segundo amigos, Maria era querida na comunidade e conseguia subir os mais de 200 degraus para chegar onde ficava sua casa. Ela não possuía renda e era ajudada por pessoas do local com cestas básicas.

“A Maria é conhecida, é moradora antiga da comunidade. Do jeito que estava a casa, não era mais para ela estar morando ali, sabíamos que ia desabar, mas não imaginávamos que ela estaria lá dentro. Esse é a segunda tragédia que ocorre aqui, em 2010 teve um deslizamento de terra com árvore e acúmulo de água de chuva, mas graças a Deus ninguém morreu. A gente fica com medo de outras áreas daqui, tem uma pedra em um outro ponto da comunidade que se desabafar vai ser uma tragédia maior ainda”, afirmou Alex de Oliveira, presidente da Associação de Moradores da Paula Ramos (Ampra). 

Mulher teria buscado abrigo no quarto onde ocorreu desabamento
Mulher teria buscado abrigo no quarto onde ocorreu desabamento |  Foto: Marcelo Tavares
  

O subprefeito do Centro, Leonardo Pavão, também esteve no local e falou sobre o desabamento. “A subprefeitura do Centro foi acionada para o caso pela associação de moradores, acionamentos os bombeiros e a Defesa Civil. A casa, na verdade, não teve deslocamento de terra, ela colapsou e ruiu”, disse. 

Os bombeiros confirmaram que foram acionados para o caso por volta das 5h10. Três quartéis, sendo eles o de Santa Tereza, o Central e o da Barra da Tijuca, estiveram na ocorrência. Eles chegaram no local e já encontraram Maria das Graças Soares morta.

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