Cidades
Volta à Vida: Rio já prepara retorno com evento teste em setembro
Com o avanço da vacinação contra a Covid-19 no Rio, o prefeitura carioca resolveu adiantar o calendário e vacinar toda a população, maior de 18 anos, pelo menos com a primeira dose, até o final de agosto. A informação foi dada durante a divulgação dos dados epidemiológicos nesta sexta-feira (18).
A proposta animou o prefeito Eduardo Paes (PSD), que já deu o start para a cidade voltar à rotina normal: um evento-teste será realizado na Ilha de Paquetá, em setembro, com o intuito de servir de modelo para uma retomada segura.
Segundo Paes, ele mesmo ficará à frente do projeto no que chamou de "volta à vida". O prefeito também recebeu nesta quinta-feira (17) a primeira dose o imunizante na quadra da Portela, em Madureira, sua escola de coração.
Especialistas em infectologia ainda divergem sobre a retomada. Médico infectologista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ufrj), Doutor Edimilson Migowski, afirma ser a favor da iniciativa, mas que o comitê da prefeitura deve monitorar. Para ele, as iniciativas de retomada vão além da vacina.
"Da forma como eu penso, a retomada dos eventos é possível. Eu apoio, por pensar que a estratégia de contingenciamento da Covid-19 não é apenas só vacina. Agora, o comitê que assessora a prefeitura o respaldará?"
O médico lista ainda pilares, que segundo ele, devem ser adotados além das imunizações.
"O primeiro é estabelecer e orientar os pilares da Medicina do Estilo de Vida; segundo: reforçar o uso da máscara, distanciamento físico, higiene das mãos, álcool a 70%, vacinas contra a Covid-19 e evitar aglomerações; terceiro: orientar a população quanto aos sinais e sintomas imediatos da Covid-19, e por último, medicar, imediatamente, o quanto antes, na minha opinião, com Nitazoxanida. O quarto é orientar os médicos quanto ao tratamento de pacientes com quadro moderado a grave, internados em enfermaria ou em terapia intensiva de hospitais públicos"
A partir das prerrogativas, Migowski acredita que dessa forma haverá redução da replicação do SARS-CoV-2, menor gravidade e menor transmissibilidade. O especialista lembra ainda outros fármacos que podem ser utilizados de acordo com a experiência dos médicos e publicações.
No entanto, o discurso não é ratificado pelo também infectologista José Pozza Júnior. Segundo ele, ainda não há unanimidade da eficácia dos imunizantes para um evento-teste.
"Não temos vacina ainda em larga escala e nem o quanto elas são eficazes para proteger todos os casos de contaminação. Algumas são para proteger internação e casos mais graves, mas não de contaminação. Não sei qual o prefeito está pensando em usar neste caso de Paquetá, mas a questão vai ser qual vai usar e o que seria de proteção pra quem tomar e principalmente como ele vai conseguir evitar que moradores de outros locais embarquem para Paquetá, levando variantes que talvez a vacina que ele aplicou não consiga cobrir. Todas essas variáveis precisam ser levadas em conta na hora de um evento-teste"
O evento-teste em Paquetá está sendo planejado e deverá ocorrer em setembro, 14 dias após todos os moradores adultos da ilha serem imunizados com a segunda dose da vacina contra a Covid-19 (oito semanas após a D1) e quando já não houver registro de casos da doença entre a população local. Será em espaço controlado no Parque Darke de Mattos, fechado para um número restrito de participantes, obrigatoriamente todos eles vacinados e acompanhados pelas equipes de saúde e da pesquisa “PaqueTá Vacinada”. Todos eles estarão sendo monitorados, antes e depois do evento, conforme cronograma e metodologia do projeto.
Vacinação
Segundo a Prefeitura do Rio, mais de 60% da população da cidade maior de 18 anos já foi imunizada na cidade. A ideia do prefeito, é vacinar todos da faixa etária até o final de agosto. Procurada, a prefeitura ainda não se pronunciou sobre os detalhes da organização do evento.
Paquetá
No próximo domingo (20) a administração carioca promove uma vacinação em massa para os moradores do bairro. Segundo o IBGE, dados do último Censo, realizado em 2010, mostram que 3.361 habitantes residem na Ilha.
A Associação de Moradores de Paquetá se declarou contra o anúncio de um 'carnaval fora de época'. De acordo com a associação a reação dos moradores foi unânime contra a ideia.
'Pela tradição carnavalesca do bairro, todos que moram aqui sabem que não é possível fazer um evento de carnaval controlado, na medida em que não se pode impedir a afluência de blocos vindos do continente. Blocos que, em época de folia, chegam a triplicar a população da ilha'.
Pelas redes sociais, moradores de Paquetá se dividem sobre o 'carnaval fora de época'.
'Eles [a prefeitura] querem vacinar 100% com a primeira e a segunda dose, depois aglomerar, depois testar. Acho errado sim, mas..."
'Precisamos sim. Disso e muito mais. Nossa Ilha está parada há anos, sem investimentos'
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