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    Witzel pede para sair e sessão da CPI da Covid-19 é encerrada

    Publicado 16/06/2021 às 14:47 | Autor: Lislane Rottas
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    Publicada às 14h50. Atualizada ás 15h46

    EDILSON RODRIGUES/AGENCIA SENADO
    EDILSON RODRIGUES/AGENCIA SENADO |  Foto: Edilson Rodrigues
    Depoimento do ex-governador durou quatro horas. Edilson Rodrigues/ Agência Senado

    O ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, eleito em 2018 e cujo mandato foi cassado em abril deste ano, prestou depoimento por quatro horas na Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) da Covid-19. Porém, por volta das 14h, comunicou o desejo de se retirar e deixou a sessão. Em seguida o senador Omar Aziz (PSD-AM), que é presidente da CPI, encerrou os trabalhos.

    Antes disso, Witzel respondeu a diversos questionamentos. O relator da CPI da Pandemia, Renan Calheiros (MDB-AL), questionou o ex-governador sobre o nível de cooperação do Ministério da Saúde no combate à pandemia. 

    "Foi praticamente zero. Não tive apoio das Forças Armadas para montar os hospitais de campanha. Só não conseguimos evitar mais mortes, porque o Governo Federal dificultou, além da sucessão dos ministros que dificultou ainda mais".

    Wilson Witzel, ex-governador do Rio

    Witzel afirmou à comissão que sofre perseguição política inaceitável e citou que ouviu um recado do ex-ministro Sérgio Moro. 

    "Bolsonaro teria mandado recado para eu parar de dizer que queria ser presidente", contou, dizendo ainda que foi cassado por um "Tribunal de Exceção" e classificou o impeachment como "uma vergonha para o Brasil". 

    Ainda sobre a cassação, Witzel afirmou que só aconteceu por ter investigado a morte de Marielle Franco. 

    "Tudo começou porque mandei investigar sem imparcialidade. Quando chamei os delegados do caso, eu havia me comprometido com a família da Marielle. Com dois meses do meu governo". 

    Wilson Witzel, ex-governador do Rio

    A senadora Eliziane Gama (Cidadania), questionou Witzel se em algum momento ele sentiu alguma pressão por parte do Governo Federal em relação às recomendações das medidas restritivas. 

    "Os fatos demonstram que houve omissão e distanciamento com o Governo Federal. Não havia diálogo, apenas uma narrativa de que o estado estava destruindo os empregos. Com essa série de fatos, a pandemia começou a ficar politizada, o que culmina com mortes por conta desse governo desastroso", salientou.

    Witzel falou pela primeira vez sobre o seu sucessor, o governador Cláudio Castro (PSC). Disse que estranhamente, no dia em que foi alvo de uma busca e apreensão na sua residência, soube que Castro estaria em Brasília.

    "Soube que o acordo de Recuperação Fiscal do Rio só iria ser assinado após o meu impeachment. Ele [Castro] está claramente fazendo campanha. Se eu fosse governador iria proibir motociata e passeata",afirmou.

    O vice- presidente da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), chegou a afirmar que iria solicitar um depoimento reservado de WItzel à CPI.

    Bate Boca

    Minutos antes do fim da sessão, o ex-governador chegou a bater boca com o senador Jorginho Melo (PL-SC) por conta do seu processo de impeachment. Logo depois, decidiu deixar a sessão dizendo que o depoimento iria virar uma sessão de xingamentos".

    Mais cedo, Witzel também protagonizou uma discussão com o senador Flávio Bolsonaro (Patriotas-Rj).Apesar do parlamentar ter participado da campanha de Witzel para o governo do Rio, acabaram rompendo politicamente no decorrer do mandato do ex- governador.

    Apesar de Flávio Bolsonaro não ser membro da CPI, ele compareceu durante o depoimento de Witzel que alegou sofrer perseguição política, e que declarações do presidente Jair Bolsonaro atrapalharam a implantação de medidas sanitárias no estado. Witzel destacou ainda que o "governo federal é omisso no combate à pandemia".

    Ele foi interrompido por Flávio Bolsonaro que afirmou sobre o fato narrado era "muito grave". Após o embate, o advogado do ex-governador chegou a fazer um pedido para a retirada de deputados da CPI, o que foi negado pelo presidente da sessão.

    Quebra sigilo

    Os senadores que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia aprovaram, nesta quarta-feira (16), diversas quebras de sigilo telefônico, telemático, fiscal e bancário. Desta vez, cinco empresários, estão entre os alvos. Senadores da comissão suspeitam que ele integre um "gabinete paralelo" de aconselhamento do governo em assuntos relacionados à pandemia da covid-19.

    Executivos de empresas farmacêuticas que se beneficiaram com o aumento nas vendas de medicamentos como hidroxicloroquina e ivermectina durante a pandemia também estão na lista.

    Com o laboratório farmacêutico Apsen citado em documentos recebidos pela CPI, que mostram mensagens do Ministério das Relações Exteriores junto ao governo indiano, o presidente e a diretora do laboratório, tiveram as quebras de sigilo aprovadas.

    Também deve ter os sigilos telefônico, fiscal, bancário e telemático quebrados o sócio da Precisa Medicamentos. A empresa intermediou a negociação entre a Bharat Biotech e o Brasil para a aquisição da vacina pela Covaxin. Ao justificar o requerimento, o vice-presidente do colegiado, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), argumenta que documentos recebidos pela comissão apontam que a Precisa recebeu R$ 500 milhões do contrato de R$ 1,6 bilhão fechado pelo governo brasileiro com o laboratório indiano. Isso representa um terço do valor total previsto no documento assinado no final de fevereiro.

    A CPI também aprovou a quebra de informações bancárias e fiscais do sócio-administrador da empresa Vitamedic Indústria Farmacêutica. Segundo Randolfe, junto com a Apsen, a Vitamedic foi líder de venda do chamado kit covid, composto por medicamentos sem eficácia comprovada contra covid-19.

    "A venda do vermífugo ivermectina saltou de R$ 44,4 milhões em 2019 para R$ 409 milhões no ano passado, alta de 829%. No caso da cloroquina e hidroxicloroquina, indicados para malária e lúpus, a receita subiu de R$ 55 milhões para R$ 91,6 milhões no mesmo período, segundo levantamento do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos – Sindusfarma - com base nos dados da consultoria IQVIA", afirmou o senador.

    PGR

    Outra decisão dos senadores foi pedir à Procuradoria-Geral da República (PGR) que forneça à CPI a relação de procedimentos e processos instaurados que envolvam o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Esse requerimento, apresentado pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), também solicita as cópias integrais dos autos que existam sobre Pazuello.

    Com Agência Brasil

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