Alvos de uma megaoperação realizada pela Polícia Civil, na manhã desta quinta-feira (4), traficantes ligados a facção Comando Vermelho (CV) estariam agindo como narcomilicianos na comunidade do Jóquei, em São Gonçalo. O principal alvo dos criminosos, segundo a polícia, seriam moradores do conjunto habitacional conhecido como “Predinhos do Jóquei”.
De acordo com a Polícia Civil, além das taxas mensais cobradas aos moradores da localidade, os traficantes estariam cometendo homicídios em rivais da principal facção criminosa do Estado do Rio, para demonstrar poder e aniquilar quaisquer chances de invasão de grupos criminosos rivais ao Comando Vermelho.
Um estudo divulgado pela Delegacia de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG), em outubro do ano passado, revelava que 80% dos homicídios ocorridos na cidade eram cometidos por traficantes, principalmente nas áreas de circunscrição das Delegacias do Alcântara (74ªDP) e Rio do Ouro (75ªDP), que compreendiam regiões de disputas entre facções criminosas. O valor mensal conquistado pelos criminosos com a prática de narcomilícia não foi revelado pela polícia, mas especula-se que o lucro por mês supere a marca de R$ 20 mil.
Com apoio de helicópteros e veículos blindados, os civis conseguiram localizar pelo menos três possíveis envolvidos com o crime organizado local. Segundo a polícia, um deles possuía mandado de prisão em aberto por tráfico de drogas. Eles foram levados para a sede da DHNISG, no Centro de Niterói. Além disso, um balde com drogas foi localizado pelos agentes em um dos pontos de averiguação.
Chamado no meio criminal de “terra prometida do tráfico”, o Jóquei esteve perto de ser palco de uma disputa entre traficantes das duas principais facções criminosas do estado do Rio, no ano passado. Por se tratar de uma área próxima a comunidade da Alma, que compreende os bairros Amendoeira, Coelho e Vila Candoza, traficantes estariam se escondendo no bairro e, na parte noturna, trocavam tiros com bandidos rivais.
Após a invasão do Comando Vermelho (CV) no Complexo da Alma, ocorrida no início deste ano, o clima de tensão sobre conflitos entre traficantes diminuiu. Entretanto, as marcas de tiros espalhadas pelas paredes dos “Predinhos do Jóquei” revelam que a paz está longe de perdurar nessa região. Moradores que passavam pelo local relataram uma sensação de medo e temor em razão dos possíveis retaliações de criminosos.
“O morador de comunidade não tem um minuto de paz. Quando não é a briga entre traficantes é a polícia entrando na favela. É triste ter que conviver com esse tipo de situação”, disse um morador, que saía para o trabalho enquanto policiais civis vasculhavam os apartamentos dos “Predinhos”.
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