Polícia
Caso Vitórya: bandeira lembra luta contra feminicídio em Niterói
Publicada às 17h42. Atualizada às 19h16.
A união da Juventude Socialista de Niterói e o coletivo Elza Monnerat realizaram na manhã deste sábado (5) um ato para protestar contra o feminicídio e pela vida das mulheres. Uma faixa com a frase: "É feminicídio, amor não mata" foiestendida na ponte da Boa Viagem no bairro de mesmo nome na Zona Sul de Niterói.
O grupo, é o mesmo que organizou nesta segunda-feira (7) um manifesto que vai ocorrer na frente do Plaza shopping ás 18h30, local onde a jovem Vitórya Melissa Mota, de 22 anos , morreu nesta quarta-feira (2) após ser esfaqueada por um colega do curso que segundo a polícia, nutria um amor não correspondido pela vítima.
Segundo o coletivo, a cada duas horas uma mulher é assassinada no Brasil. E o país ocupa o 5º lugar no ranking mundial de países com maior número de feminicídios.
"Nós, da UJS, nos organizamos no coletivo feminista Elza Monnerat e lutamos contra a violência de gênero e por uma sociedade em que as mulheres possam viver e ser livres. Nosso objetivo com a intervenção que fizemos foi disputar a consciência do povo niteroiense e chamar atenção para os crimes de feminicídio para dizer que amor não mata, o que nos mata é o machismo e a misoginia", disse a presidenta da UJS Niterói Maria Clara Menezes.
Comportamento sombrio
De acordo com colegas de classe da vítima, a amizade entre o autor e a jovem começou em março de 2020, quando se matricularam em um curso de técnico de enfermagem no Centro de Niterói, mas logo no início da pandemia as aulas passaram a ser online, tendo o contato pessoal interrompido, e mesmo a distância mantiveram um vínculo de amizade.
Segundo amigos de Vitórya, cerca de um mês atrás, as aulas presenciais retornaram e a jovem acabou confidenciando para alguns colegas de classe, que o autor havia se declarado para ela, no período em que as aulas ainda estavam online, mas que ela [vítima] havia negado deixando claro para o amigo que o relacionamento de ambos tratava-se tão somente de uma relação de amizade.
Os colegas da vítima também relataram que em sala de aula, o autor era uma pessoa muito introvertida e que possuía relação próxima somente com a vítima. Os colegas de classe, falaram que não sabiam informar se o autor fazia uso de algum medicamento controlado, mas que apesar do comportamento, não aparentava ter algum tipo de distúrbio. No entanto, ele apresentava sérias dificuldades, se expressando em um tom de voz tão baixo, que era difícil compreendê-lo, mas que em grupos de aplicativo de mensagens se expressava muito bem.
De acordo com amigos próximos de Vitórya, ela [vítima] chegou a pedir para uma amiga de classe conversar com autor, pois temia que ele ficasse triste com a recusa no relacionamento, e amiga assim o teria feito.
No entanto, após esse episódio, amigos contaram que o acusado mostrou estar indignado com vítima, pois acreditava que ela poderia ser mais respeitosa com ele. E aí, para acabar com a situação, a vítima acabou optando por se distanciar e não mais manter uma relação de amizade tão próxima.
Amigos relatam que o distanciamento, acabou provocando a ira do autor que teria afirmado estar sendo desrespeitado pela colega alegando imaturidade dela. Em uma conversa com a amiga da vítima que teria conversado com ele, o autor teria se descontrolado e escrito um palavrão referindo-se ao comportamento da vítima pela recusa no relacionamento.
Dia do crime
Ainda de acordo com os colegas de classe da vítima, na quarta-feira (2), todos assistiram as aulas normalmente, e alguns teriam marcado um grupo de estudos, tanto o autor como a vítima chegaram a dizer que iam, mas Vitórya e duas amigas, acabaram desmarcando. Elas foram até o Shopping Bay Market encontrar outros colegas do curso para um momento de descontração.
Colegas da Vitórya relataram que ao saber que a vítima não iria, o autor optou por também não estudar, e não apresentou qualquer anormalidade comportamental. De acordo com alguns alunos do curso que estavam com ele, o acusado entrou no Terminal Rodoviário João Gourlart no Centro de Niterói como se fosse para casa.
Por fim, os alunos relataram acreditar que o sentimento de rejeição e solidão, seja em aspectos amorosos em sentido estrito, seja em aspectos de amizade, foram as circunstâncias motivadoras para a prática do crime.
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