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    Clima de medo

    Cerca de 4 mil alunos ficam sem aulas por causa de tiroteios em SG

    Foram afetadas escolas das redes estadual e municipal

    Publicado 16/08/2024 às 18:58 | Atualizado em 16/08/2024 às 21:44 | Autor: Tiago Souza e Dayse Alvarenga
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    O clima de medo assusta moradores do Complexo do Salgueiro e do Jardim Catarina
    O clima de medo assusta moradores do Complexo do Salgueiro e do Jardim Catarina |  Foto: Karina Cruz

    O intenso tiroteio entre criminosos e policiais militares, desde a última quarta-feira (14), deixou cerca de 4 mil alunos sem aulas nas escolas municipais e estaduais localizadas no Complexo do Salgueiro e no bairro Jardim Catarina, em São Gonçalo, num total de 11 unidades de ensino afetadas nos dois locais. A informação foi confirmada pela Secretaria Estadual de Educação e Prefeitura. Mais de 10 postos de saúde dos bairros também tiveram o funcionamento afetado por causa dos tiroteiros.

    De acordo com a Prefeitura, as escolas municipais Marcílio Dias e João Saldanha, ambas no Complexo do Salgueiro, não funcionaram nos últimos três dias. Outras cinco de um total de nove escolas municipais da região também foram afetadas com interrupção das aulas e baixa frequência de alunos desde a última quarta. 

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    No Jardim Catarina, duas escolas municipais (de um total de oito no bairro) também foram afetadas no período. Já em relação aos postos de saúde, 13 unidades também tiveram atendimento interrompido nos últimos dias, de um total de 19 unidades no Catarina e no Complexo do Salgueiro.

    Comunicação via zap para tentar se proteger

    Em meio à troca de tiros entre as forças de Segurança Pública e criminosos, além da presença de helicópteros sobrevoando a região, os moradores do Complexo do Salgueiro têm encontrado na troca de mensagens via WhatsApp uma ferramenta para se proteger. 

    Na manhã da última quarta-feira (14), por exemplo, uma operação conduzida pelo Batalhão de Polícia de Operações Policiais Especiais (Bope) gerou grande apreensão entre os moradores da região, que reúne sete bairros (Salgueiro, Fazenda dos Mineiros, Itaoca, Itaúna, Luiz Caçador, Palmeiras e Recanto das Acácias).

    A ação na quarta começou por volta das 5h e foi marcada por uma intensa troca de tiros, deixando os moradores em estado de alerta. De acordo com a Polícia Militar, o objetivo principal da operação era combater atividades suspeitas e enfrentar roubos de veículos e cargas na região. Não houve, no entanto, prisões e/ou apreensões. 

    Na quinta-feira (15), os moradores relataram que houve nova operação na região, o que foi confirmado pela Polícia Militar. Um agente de 37 anos chegou a ser baleado e levado ao Hospital Estadual Alberto Torres (Heat) mas com ferimentos leves. Dois homens foram presos, armas e drogas foram apreendidas. 

    Também na quinta, o Disque Denúncia divulgou um cartaz buscando informações sobre Rafael Teixeira Guimarães Peixoto, o “Funil”, e Rodrigo Teixeira Guimarães Peixoto, o “Sheik”. Os irmãos são apontados como principais traficantes do Complexo do Salgueiro e estão ligados a uma série de crimes na região, incluindo arrastões na BR-101 (trecho Niterói-Manilha).

    Como funciona o sistema 

    Os moradores, muitos dos quais preferem não se identificar, contam que, em situações como estas, a comunicação através de grupos de WhatsApp se torna essencial.

    “Quando há uma operação, os moradores são avisados através do grupo do WhatsApp. Assim, fica mais seguro para quem está dentro da comunidade e também para quem está fora, pois pode se atentar na saída e volta para casa. O grupo é muito útil e ajuda verdadeiramente,” afirmou um morador. 

    A solidariedade entre os vizinhos é uma constante na região. "Quando o aviso chega pelo grupo, quem pode já fica dentro de casa, e ninguém sai até a operação terminar. Até as escolas são informadas, e as crianças que estão lá permanecem, enquanto as que não conseguiram sair de casa ficam em suas residências”, explicou outro morador.

    A comunicação não é uma novidade (começou em maio de 2020), antes da morte do adolescente João Pedro, um caso que marcou profundamente a comunidade mas se tornou frequente. "A morte do Joãozinho foi o assunto mais comentado no grupo naquela época. Ninguém imaginava que passaríamos por algo tão doloroso", recorda um morador.

    Escolas e postos afetados

    Salgueiro

    Escolas: Pastor Haroldo Gomes, Carlos Drummond de Andrade, Professora Niuma Goulart Brandão, João Aires Saldanha, Umei Professora Natalina Muniz de Oliveira e Marinheiro Marcílio Dias.

    Jardim Catarina

    Escolas: Umei Professor Augusto de Freitas Lessa e CIEP 051 Municipalizado Anita Garibaldi e Escola Municipal Professora Aida Vieira de Souza

    Postos

    Na última quarta-feira (14), as 10 unidades do Complexo do Salgueiro e três do Jardim Catarina ficaram fechadas. Segue a relação: USFs Albert Sabin, Carlos Chagas, David Capistrano, Palmeiras, Neuza Goulart, Salgueiro, Manoel da Ilhota, Itaúna I, Leôncio Corrêa, Tancredo Neves, Espaço Avançado de Saúde do Idoso, Agenor José da Silva e João Goulart.

    Na quinta-feira (15), apenas as unidades do Complexo do Salgueiro ficaram fechadas: USFs Albert Sabin, Carlos Chagas, David Capistrano, Palmeiras, Neuza Goulart, Salgueiro, Manoel da Ilhota, Itaúna I, Tancredo Neves e Leôncio Corrêa.

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