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    Interrogatório

    Chinês acusado de matar jovem detalha crime em depoimento

    Zhaohu Qiu confessou que matou Marcelle Júlia

    Publicado 20/06/2025 às 8:47 | Autor: Enfoco
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    Qiu foi preso em São Paulo na última segunda-feira (16)
    Qiu foi preso em São Paulo na última segunda-feira (16) |  Foto: Reprodução

    Durante depoimento na Delegacia de Homicídios da Capital, o comerciante Zhaohu Qiu, conhecido como "Xau" e investigado pelo feminicídio de Marcelle Júlia Araújo da Silva, de 18 anos, detalhou como matou a jovem e o que fez para tentar ocultar o corpo e seus pertences. No interrogatório, ele admitiu ter cometido o crime ao enforcar a vítima e revelou que chegou a cogitar esquartejar o corpo.

    Ele também confirmou que, após o ato, transportou o corpo utilizando um carrinho e o cobriu com uma lona azul, conforme mostram imagens captadas no dia do ocorrido. Qiu foi detido em São Paulo na última segunda-feira (16).

    No decorrer do interrogatório, após a chegada de seu advogado, o suspeito optou por permanecer em silêncio. Além disso, afirmou ter sofrido agressões por parte da polícia durante o trajeto entre São Paulo e o Rio de Janeiro, mas, segundo a polícia, não havia sinais visíveis de violência no momento da prisão.

    Nesta quinta-feira (19), Xau foi transferido da Delegacia de Homicídios da Capital para o sistema prisional do Rio de Janeiro, onde passará pela audiência de custódia. Ele permanecerá à disposição da Justiça no Presídio José Frederico Marques, em Benfica, enquanto aguarda essa audiência.

    Detalhes do crime

    Em depoimento obtido portal "G1", o comerciante deu detalhes sobre a morte de Marcelle. Segundo ele, no dia 12 de junho, recebeu uma mensagem da jovem informando que iria até sua casa para fumar maconha. Ela teria chegado por volta das 2h da madrugada.

    Qiu afirmou que os dois consumiram bebidas alcoólicas e fumaram, mas garantiu que não mantiveram relações sexuais, nem naquela ocasião, nem em encontros anteriores. Ainda segundo seu relato, os dois dormiram e, ao acordar, ele encontrou Marcelle de boca aberta e com uma marca roxa no pescoço. Ao ser questionado se havia enforcado a jovem, ele respondeu que sim.

    O comerciante disse ter "deduzido" que Marcelle estava morta e relatou que ficou com medo da reação de criminosos e da polícia. Ele contou ainda que colocou o corpo da vítima em um carrinho de transporte e o cobriu com uma lona azul, tentando impedir que fosse visto. Durante o trajeto, afirmou ter percebido que o corpo estava rígido.

    Segundo Qiu, o corpo foi deixado em um segundo imóvel de sua propriedade, que estava em obras. Ele declarou ainda que retornou à própria casa para buscar a bicicleta da vítima e a jogou em um rio. No dia seguinte, 13 de junho, descartou também as roupas e o celular de Marcelle no mesmo local.

    Além disso, ele admitiu aos policiais que chegou a cogitar esquartejar o corpo da jovem para jogá-lo no rio da Zona Norte.

    Durante o depoimento, o comerciante não disse se sua casa em obras tinha cachorros ou animais que teriam dilacerado o rosto e outras partes do corpo da jovem, como alegam familiares e amigos de Marcelle.

    Suspeita de fuga motivou prisão

    A Polícia Civil investiga se Zhaohu Qiu, conhecido como "Xau", planejava continuar se escondendo na Região Metropolitana de São Paulo ou fugir para outros destinos. A possibilidade de evasão foi um dos principais argumentos utilizados no pedido de prisão temporária encaminhado à Justiça pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e pela própria polícia fluminense.

    Segundo a denúncia, o fato de o suspeito ser estrangeiro e ter deixado o local do crime indicava um alto risco de tentativa de fuga internacional. "Xau é estrangeiro e fugiu do local do crime, sendo provável e previsível que tente deixar o país para escapar da responsabilização penal", apontava um trecho do documento.

    A decisão judicial que autorizou a prisão também mencionou que o acusado havia abandonado sua residência no Rio de Janeiro, reforçando o risco de nova fuga. Para os investigadores e promotores, a prisão temporária era essencial para o andamento das investigações, contribuindo para a preservação de provas, a proteção de testemunhas e o esclarecimento dos fatos.

    As autoridades ainda apuram se, após chegar a São Paulo, o suspeito chegou a tomar medidas concretas para tentar sair do Brasil.

    O ENFOCO não conseguiu localizar a defesa do acusado para comentar o caso.

    Relembre o caso 

    O corpo de Marcelle Júlia Araújo da Silva foi localizado no sábado (14) dentro de um imóvel em obras pertencente ao principal suspeito do crime, na Rua São Fidélis, no bairro da Pavuna, Zona Norte do Rio. A jovem havia sido vista pela última vez na madrugada de quinta-feira (12), após ter ido à casa de Zhaohu Qiu, conhecido como "Xau".

    De acordo com o laudo pericial, o corpo estava enrolado em uma lona azul e apresentava marcas de mordidas, atribuídas a dois cães da raça pit bull que estavam no local.

    Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que o suspeito deixou sua residência, horas depois do desaparecimento de Marcelle. Ele aparece empurrando um carrinho coberto por uma lona azul, semelhante à que envolvia o corpo da vítima.

    Após o crime, Xau, que é de origem chinesa, desapareceu e deixou de atender ligações.

    Em depoimento, uma amiga de Marcelle revelou que o suspeito estaria vendendo seus bens pessoais, incluindo o trailer onde vendia yakisoba. Para ela, o comportamento indica que o crime pode ter sido premeditado.

    Uma das testemunhas relatou às autoridades ter visto uma mensagem de texto em que Xau confessava ter matado Marcelle. "Já matei, agora vou me matar", teria dito o suspeito.

    O caso veio à tona em 14 de junho, quando a mãe de Marcelle procurou essa testemunha informando que a filha estava desaparecida há três dias.

    A testemunha, então, iniciou as buscas, verificando câmeras de segurança na região. Foi em uma dessas filmagens que ela viu Marcelle chegando à casa de Xau às 2h18 do dia 12 de junho.

    Poucas horas depois, às 7h10 do mesmo dia, as câmeras registraram Xau saindo de sua residência na Rua Robert Chuma, Jardim América, empurrando um carrinho coberto por uma lona azul, em direção à sua outra casa, que estava em obras.

    Segundo o depoimento à polícia, essa testemunha procurou por outra pessoa que teve um antigo relacionamento com Xau e explicou a situação do desaparecimento de Marcelle. Foi nesse encontro que essa pessoa revelou a conversa com o suspeito.

    A confissão estava em uma mensagem de texto. Embora a testemunha não tivesse um a captura de tela da conversa, ela disse aos policiais que poderia conseguir.

    A mãe de Marcelle também afirmou ter visto registros dessa conversa no celular da testemunha, onde Xau confessava ter matado Marcelle.

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