Polícia
"Choro dia e noite. Nenhuma mãe deveria passar por isso"
"Não vou me calar. Quero que saibam tudo que esses monstros fizeram. Saibam que meu filho era amado, eles destruíram a minha família"
Fabiana Xavier, mãe de Victor Hugo Xavier
A dor que não passa é da auxiliar administrativa Fabiana Xavier, mãe do soldado do Exército Victor Hugo Xavier, de 18 anos, morto em julho do ano passado, em São Gonçalo. O relato aconteceu, na manhã desta quinta-feira (21), após o Portal dos Procurados divulgar cartaz com a identificação dos quatro principais suspeitos de matar o jovem e o também militar Daniel Ferreira de Azevedo, de 19 anos.
"Acordei hoje com a foto de quatro homens responsáveis pela morte do meu filho e do amigo. Senti revolta e muita dor. Não posso trazer meu filho de volta, nada que eu fizer vai mudar a minha situação, mas quero vê-los presos"
A mãe de Victor Hugo fala ainda sobre o temor de represálias por não se calar, mas que não irá desistir do desejo de justiça.
"Não tenho mais alegria de viver. Só choro dia e noite a perda do meu filho. Nenhuma mãe deveria passar por isso. Não faz sentido uma mãe sobreviver sem um filho. Oro para que o juiz se compadeça da minha dor e faça valer o cargo que ocupa"
No meio da guerra
Ao longo dos últimos meses, o território onde os dois militares foram mortos passa por um longo período de conflitos entre as duas principais facções criminosas do Estado do Rio: o Comando Vermelho (CV) e o Terceiro Comando Puro (TCP). O delegado titular da Divisão de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG), Bruno Cleuder, acredita que o conflito armado acaba prejudicando a localização dos envolvidos na morte dos militares.
"Contamos com o apoio da população de bem para denunciar o paradeiro desses criminosos, que são responsáveis por toda essa trama mortal. O nosso trabalho é chegar até eles e acredito que vamos conseguir"
Ainda segundo o delegado, o inquérito já estava concluído desde o mês de agosto e a Polícia Civil só aguardava a expedição dos mandados de prisão, o que ocorreu no último dia 3 de novembro.
Higor Gustavo Conceição da Silva, de 29 anos, André Luís dos Santos Affonso, o Pai da Alma, de 38, Douglas Vieira da Silva, o Flamengo ou Pochete, de 31, e Flávio Igor Correia, de 23, são apontados como os principais suspeitos de envolvimento na morte dos militares e já são considerados foragidos da Justiça.
Contra os criminosos, foram expedidos mandados de prisão pelos crimes de homicídio qualificado, sequestro e cárcere privado, destruição, subtração ou ocultação de cadáver, concurso de pessoas e concurso material.
A volta para casa...
De acordo com a investigação da Divisão de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG), responsável pelo caso, no dia 12 de julho, os militares assistiram uma partida de futebol em uma casa de festas no Mutondo, em São Gonçalo.
Depois do jogo, foram para a um bar no Raul Veiga, onde conheceram duas meninas. Após o encontro, eles se ofereceram para levar as jovens em casa e, no caminho de volta, acabaram se envolvendo em uma discussão causada por um acidente de trânsito, com o veículo onde estava o traficante André Luiz, o Pai, principal liderança da venda de drogas do Terceiro Comando Puro (TCP) em São Gonçalo. Após serem identificados como militares, os jovens foram executados a tiros.
Na manhã do dia 13 de julho, os dois corpos foram encontrados carbonizados dentro de um carro incendiado na Rua Francisco José da Silva, no Pacheco, também em São Gonçalo. O carro teria sido deixado no local de madrugada, por volta de 3h. Um corpo se encontrava no porta-malas, já o outro no banco traseiro.
Perdeu documentos, objetos ou achou e deseja devolver? Clique aqui e participe do grupo do Enfoco no Facebook. Tá tudo lá!