Desespero

'Coração em pedaços', relata mãe de jovem sumido na Baixada

Grupo foi abordado por homens armados em um carro por aplicativo

Divisão de Homicídios investiga o desaparecimento dos jovens
Divisão de Homicídios investiga o desaparecimento dos jovens |  Foto: Lucas Alvarenga
 

“A gente tá sofrendo muito, meu coração está em pedaços parece que tem um buraco no meu peito ao invés do coração sem o meu filho. Não tivemos Dia dos Pais, foi um dia apenas de buscas. Estamos desesperados”. O relato é da balconista Ana Maria da Costa, de 40 anos, mãe do pintor de 21 anos Matheus Costa da Silva, que desapareceu na última sexta-feira (12) com outros três amigos após pegarem um carro de um motorista de aplicativo no bairro Valverde, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A família segue realizando buscas pelos rapazes, assim como agentes da Polícia Civil. 

Não tivemos Dia dos Pais, foi um dia apenas de buscas. Estamos desesperados Ana Maria da Costa, balconista
 

Além de Matheus, também estão desaparecidos Douglas de Paula Pampolha dos Santos, 22, Adriel Andrade Bastos, 24, e Jhonatan Alef Gomes Francisco, de 28 anos. Eles pegaram o carro de aplicativo para irem ao shopping quando, durante o trajeto, dois veículos surgiram e interceptaram o carro. De dentro dos veículos, surgiram criminosos encapuzados e armados que renderam as vítimas, amarraram e sequestram todos os ocupantes. 

A mãe de Matheus desabafou sobre os três dias de pesadelo que têm vivido sem o filho. Segundo ela, Matheus cresceu com esses amigos em Nova Iguaçu, mas, há dois anos, quando ela se separou do pai dele, ela e o filho se mudaram para Belford Roxo, também na Baixada. Mesmo assim, Matheus não esqueceu as amizades e sempre frequentava a casa dos colegas de infância. 

“Eles sempre saíam juntos, iam para o shopping lanchar, como nesse dia, e sempre ocorreu tudo bem. Eu não sei se eles tinham algum desentendimento com alguém e queria saber para ajudar mais ainda. Ele sempre ia para a casa desses amigos e quando demorava, eu já ligava perguntando se tava tudo bem. Todo dia lá em casa ele acordava e me pedia benção, é muito carinhoso. Na verdade, todos os meninos são, não tenho nada para falar deles, todos me chamavam de mãe pelo carinho que tinham comigo”, contou ela. 

A família segue realizando buscas, assim como a Polícia Civil. Nesta segunda-feira (15), equipes estavam na rua procurando pelos jovens desaparecidos. Parentes estão recebendo informações. A última recebida pela mãe do jovem através de redes sociais foi de que os corpos deles estariam no Bairro Lagoinha, em Nova Iguaçu. 

“A gente quer ir lá, mas queremos falar com a Polícia primeiro para não fazermos nada sozinhos”, contou.

A polícia investiga se os desaparecimentos dos rapazes possam ter a ver com milícia da região.  

“Nesse momento, estamos colhendo as informações para começarmos a entender o motivo. Se há o envolvimento de alguém, se alguém chamou ele, se foi emboscada, se o próprio motorista de aplicativo, que não teria sido executado, temos que achar ele”, contou Márcio Melo, delegado da especializada. 

O pai de Matheus, Everson Turíbio, resumiu a dor de não estar com o filho no Dia dos Pais. 

“Eu só quero o corpo do meu filho, mais nada. (…) Eles saíram para se reunir com os amigos no shopping. Eu tentei ir até o condomínio aonde os meninos que sumiram moravam e não tive notícias, falaram que não conheciam os meninos. Registrei a ocorrência na 52ª DP (Nova Iguaçu) e depois me mandaram para a 56ª DP (Comendador Soares) e depois mandaram a gente para aqui para a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Para mim, é um desespero grande, não só a minha família, mas a dos meninos que são meninos bons. São nascidos e criados ali e eu só quero o meu filho, o corpo dele para fazer o enterro e acabar esse sofrimento. O ciclo da vida é o filho enterrar os pais e não os pais o filho. Queira e imaginava ele aqui comigo nesse Dia dos Pais. Sem ele, acabou o meu Dia dos Pais”, disse o pai de Matheus. 

Testemunha

Uma jovem de 17 anos, que seria namorada de um dos rapazes, estaria com eles no momento em que foram abordados pelos criminosos. Ela teria sido liberada pelos suspeitos e já foi ouvida na delegacia, junto com outras testemunhas. 

A delegada Ana Carolina Lemos, titular da especializada, segue investigando o caso. Segundo ela, ainda não há registros de ocorrência sobre o motorista de aplicativo que estava com os meninos. Informações dizem que ele está desaparecido, mas não há ocorrências em delegacias da região indicando o fato.

O aplicativo para o qual o motorista trabalhava também afirmou que nenhum de seus motoristas está desaparecido, portanto, foram enviadas novos ofícios para outros aplicativos de viagem. Oficialmente, apenas os quatro rapazes estão desaparecidos. 

As buscas da Polícia Civil e da Militar seguem na região. A investigação está a cargo do setor de Descoberta de Paradeiros da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF).

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