Crime
Criança de 2 anos possuía 59 lesões no corpo, afirma médica
Quênia Gabriela foi torturada; pai e madrasta são suspeitos
A médica Ana Cláudia Regert foi a responsável por descobrir que a bebê Quênia Gabriela Oliveira Matos de Lima, de 2 anos, já vinha sendo torturada anteriormente. O caso aconteceu na última quinta-feira (2), em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, e os principais suspeitos de cometerem o crime são o pai e a madrasta da menor.
"Quando me viram de jaleco começaram a gritar falando que ela não estava respirando. Retirei a criança e fui para parte interna da unidade para avaliar. Ela já estava desfalecida, em estado cadavérico, mostrando que a meu ver, já tinha bastante tempo que tinha acontecido, não minutos, como eles tinham relatado", contou Ana Cláudia Regert, ao G1, sobre os suspeitos.
Ana Cláudia ainda tentou reanimar a vítima, entretanto, sem sucesso. Foi então que a médica percebeu que a criança já vinha sofrendo diversas agressões há mais tempo.
"Quando a gente colocou na maca e despiu para iniciar as manobras, era evidente que eram lesões que não tinham acontecido só ontem. Eram coisas que já vinham acontecendo há bastante tempo. Tinha lesões por queimadura, provavelmente de cigarro, no umbigo, área genital tinha alteração, tinha fissura anal, muitos hematomas no corpo de uma criança de 2 anos e 4 meses", relembrou a médica.
A médica decidiu procurar a 43ªDP (Guaratiba), que fica a 500 metros da clínica da família. O pai da menor, Marcos Vinicius, e a madrasta, Patrícia André Ribeiro, foram presos, o casal é suspeito de torturar a Quênia até a morte.
De acordo com o laudo médico, a pequena tinha 59 lesões no corpo, dentre elas no rosto e no abdômen, além de sinais de abuso sexual. Os machucados na criança mostravam que os maus-tratos e a agressão física eram recorrentes.
"Parecia irreal. Eu queria acreditar que tinha acontecido outra coisa. Mas pelo relato da madrasta ficou nítido que era impossível. Era impossível a criança ter almoçado, ficado tonta, ter uma crise convulsiva e cair no chão", disse sobre a justificativa apresentada por Patrícia Ribeiro para o estado da enteada.
Além disso, a médica relata a reação da suspeita ao descobrir sobre as lesões da pequena: "Quando declaramos o óbito, ela [madrasta] teve uma reação ainda mais surpreendente de não ter atitude nenhuma. Começou a amamentar o filho dela de 3 meses, como se fosse uma coisa completamente indiferente. Chocante, muito chocante", contou Ana Claudia.
Marcos e Patrícia afirmam que tudo alegado pela médica não passa de um equívoco. O casal vai responder por homicídio duplamente qualificado e tortura.
“É duro. A imagem é muito forte na minha cabeça (emocionada). Queria ter minimizado a dor. Meu maior questionamento não é sobre o que ela passou. Não começou ontem. Ela está com essa criança desde os 3 meses de idade. Ela [Quênia] está com 2 anos e 4 meses”, lamenta.
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