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'Ele será mais um na estatística?', diz família de vigilante

Leonardo Lopes morreu enquanto trabalhava na Reduc

Leonardo Lopes deixa uma filha de 7 anos e esposa
Leonardo Lopes deixa uma filha de 7 anos e esposa |  Foto: Reprodução
  

Familiares do vigilante Leonardo Lopes da Silva, de 39 anos, que morreu enquanto trabalhava na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc) no último domingo (12), disseram que ele atuava na empresa Veper, que funciona para a Petrobras, há pouco mais de um ano. Leonardo deixa dois irmãos, uma filha de 7 anos e uma esposa. A família, que vive no Irajá, Zona Norte do Rio, teme que ele vire apenas mais um na estatística da violência urbana. 

Leonardo estava trabalhando quando um criminoso, que havia acabado de assaltar um ônibus num local próximo, invadiu a Reduc e roubou uma arma de um dos vigilantes do local. Leonardo e mais um rapaz, no intuito de defender o amigo que estava sendo rendido pelo bandido, entraram em confronto armado com o criminoso. No tiroteio, Leonardo foi atingido. O caso ocorreu por volta das 14h30 de domingo (12).

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Cícero Aragão esteve no IML de Caxias para liberar o corpo do irmão
Cícero Aragão esteve no IML de Caxias para liberar o corpo do irmão |  Foto: Marcelo Tavares
 

“Eu estava em casa com minha esposa, e minha mãe me ligou chorando falando que tinham matado o meu irmão. Eu saí de casa e fui correndo para a casa da minha mãe. A esposa dele e minha mãe foram avisadas pela empresa e nos reunimos na casa da minha mãe assim que soubemos”, disse Francícero Aragão, mais conhecido como Cícero, de 46 anos, irmão mais velho de Leonardo. 

Leonardo chegou a atirar quatro vezes contra o criminoso no momento do ocorrido. A vítima estava de colete à prova de balas, no entanto, a bala atingiu partes do corpo de Leonardo que o colete não protegia. Além dos quatro tiros dados pelo vigilante, um quinto teria falhado. 

Cícero esteve no Instituto Médico-Legal (IML) de Caxias para fazer os procedimentos para a liberação do corpo de Leonardo. “No dia anterior, ele estava na praia brincando com a filha dele. Ele era uma pessoa muito alegre, feliz, raramente ficava chateado com algo, de bem com a vida. Ele entrou na faculdade tem seis meses para fazer Gestão de Segurança Privada e  Segurança Pública, tinha comprado um carro novo e zero há pouco tempo que ele foi lá em casa mostrar para mim como conquista”, contou. 

Leonardo estava há um ano trabalhando como vigilante e gostava do que fazia. Ele começou a fazer o curso mencionado da faculdade por causa do trabalho. “Ele me ligou quando surgiu a oportunidade desse emprego e eu falei para ele ir e viver essa oportunidade, mas infelizmente não sabíamos o que iria ocorrer”, contou o gestor de frota. 

Até o momento, a família não sabe como vai explicar para a filha de Leonardo sobre a morte do pai dela. “Não sabemos como vamos falar para ela que não vai mais ver o pai”, disse o irmão da vítima. 

A família teme que Leonardo seja só mais um nas estatísticas. “Meu irmão foi ajudar outro colega, o qual o criminoso tinha roubado a arma. Esse criminoso tirou ele da nossa família. E a pergunta que faço é: ele vai ser mais um nas estatísticas? Vítima dessa violência? Que tem sua família destruída? O que tiver que ser feito não trará meu irmão de volta, mas eu acredito na Justiça e que esse criminoso pague pelo que fez”, disse Cícero. 

A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) investiga o caso. O criminoso que trocou tiros com a vítima fugiu e ainda não foi detido.

DESCASO 

A família afirma que chegou ao IML de Caxias às 6h45 e não conseguiram atendimento até as 10h30. “Toda vez que eu bato ali na porta tem que esperar alguém chegar, o médico chegar e até agora não fomos atendidos. Até o momento, também não temos auxílio da empresa que ele trabalhava. Liguei para um número que disse que ele não tinha direito à assistência funeral”, contou Leonardo. 

A família só teve atendimento por volta das 11h após indagações da imprensa. “Só ligaram por causa de vocês. Agora, perguntaram até se queremos que ele seja enterrado na gaveta ou no chão. Antes, íamos custear tudo com a ajuda de amigos, agora que eles estão nos ligando e dando assistência”, disse ele. 

De acordo com o Instituto Médico-Legal (IML) de Duque de Caxias, a família está sendo atendida, e o exame de necropsia está sendo realizado no corpo.

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