Guerra

Entregador morto na Zona Oeste levou tiro na perna, dizem parentes

Familiares estiveram no IML e questionaram versão da polícia

Guilherme tinha 22 anos e não tinha passagem pela polícia, segundo a família
Guilherme tinha 22 anos e não tinha passagem pela polícia, segundo a família |  Foto: Arquivo da família
  

Familiares do entregador Guilherme de Moraes, de 22 anos, baleado e morto durante uma guerra nesta quarta (22) entre policiais e criminosos na Comunidade de Três Pontes, em Paciência, na Zona Oeste do Rio, alegam que o rapaz foi ferido por um tiro na perna, mas que ao chegar no hospital havia um disparo também no peito. 

O confronto na região aconteceu por conta de um cerco da polícia ao miliciano Zinho. Na ação, quatro homens foram presos, além da apreensão de armas, celulares e roupas camufladas. Zinho conseguiu fugir. A Polícia Militar informou que não participou da ocorrência.

Guilherme chegou a ser socorrido e encaminhado para o Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz, mas não resistiu. 

Ação da polícia foi para capturar o miliciano Zinho, que comanda a região da Zona Oeste
  

Segundo um familiar de Guilherme, que não quis se identificar, o rapaz era batalhador e cheio de sonhos. Ele completou 22 anos no dia 19 de maio e trabalhava em dois empregos: de dia, em um lava-jato, e de noite, era entregador de uma pizzaria na região e para um aplicativo de entrega. Ele estava com o colete de entregador e uniforme quando morreu. 

“Ele era estudioso, cheio de sonhos, estava reformando a moto, o carro dele, muito obediente. Ninguém tem nada para falar dele. Foi uma covardia o que fizeram com ele! Balearam ele na perna na praça, sendo que ele chegou no hospital com um tiro no peito. Ele não levou um tiro no peito na hora, mas chegou aqui com um. Ele nem tinha cara de bandido. Trouxeram ele na viatura e não deixaram ninguém vir. Tudo ocorreu entre 21h e 22h. Começaram a atirar nele do nada, ele estava vindo em direção à pizzaria onde ele trabalhava e parou na praça Danielle Pérez para se proteger, ele encostou a moto, a polícia viu e atirou na perna dele. Todo mundo na praça viu que o tiro foi na perna e aqui estava no hospital com um [tiro] no peito”, disse um parente da vítima. 

Guilherme chegou a ser socorrido, mas não resistiu
Guilherme chegou a ser socorrido, mas não resistiu |  Foto: Lucas Alvarenga
 

O entregador chegou com vida na unidade. “Falaram que ele estava vivo e bem aqui no hospital, 10 minutos depois ele morreu. Ele era muito educado, obediente, prestativo, todo mundo que ele entregava está falando dele na comunidade. Queremos saber como ele chegou com um tiro no peito se ele foi baleado na perna. Quem trouxe ele? Que viatura?”, indagou. 

Uma segunda pessoa também deu entrada na unidade atingida de raspão, mas já teve alta.

A Polícia Civil confirmou a morte do rapaz. Em nota, a corporação informou que, segundo a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), equipes da unidade atuaram na comunidade para checar informações de inteligência sobre uma grande reunião das principais lideranças da milícia que atua na localidade e está em disputa de territórios com outras organizações criminosas. 

Logo depois, os agentes foram atacados a tiros de fuzil quando se aproximaram da região. Dois feridos foram socorridos com o auxílio dos policiais e encaminhados para unidade hospitalar. Um deles não resistiu aos ferimentos. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) foi acionada.

Durante a ação, bandidos teriam colocado fogo em barricadas e em um ônibus para impedir a ação dos policiais. 

O corpo de Guilherme seguiu para o Instituto Médico-Legal (IML) de Campo Grande, onde será periciado e, em seguida, liberado para o enterro.

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