Racismo
Entregadores vítimas de racismo em Niterói rebatem edição em vídeo
Imagens mostram xingamento de defensora: 'Macaco'
A audiência de instrução e julgamento da defensora pública aposentada Cláudia Alvarim Barrozo acontece nesta quinta-feira (17) na 1ª Vara Criminal de Niterói. Ela é acusada de cometer injúria racial contra os entregadores Jonathan Souza Mendonça e Eduardo Peçanha Marques.
O caso aconteceu em maio quando os rapazes estavam trabalhando em um condomínio de luxo em Itaipu, na Região Oceânica de Niterói, e a acusada foi filmada reclamando do veículo de ambos, uma van, ter sido estacionada em frente à sua casa, impedindo que a mesma saísse com seu carro.
Nas imagens, ela aparece desferindo xingamentos e ofensas a um deles, logo em seguida o chamando de 'macaco'. O advogado criminalista Marcelo Lessa disse ao ENFOCO que vai abrir um requerimento para questionar o vídeo citado.
"Não teve a fonte preservada, aquele vídeo tinha que ser submetido a perícia para ver se houve alguma edição, porque aquele cenário onde ela produz a palavra 'macaco', existiu um conflito e, segundo a própria defensora [Cláudia], ele [Jonathan] que teria construído aquela palavra com relação a ele próprio", disse Lessa.
A aposta da defesa é de que, caso seja comprovada qualquer edição no vídeo, a prova será comprometida. A defensora pública chegou a alegar que havia sido xingada pelo motorista antes da gravação, e que sua fala foi tirada de contexto.
Já o advogado dos rapazes, Joab Gama, contesta essa alegação, afirmando que mesmo com perícia, a verdade é incontestável: houve ato agressivo por parte da acusada, diz.
"A filha da denunciada falou que foi desconexo [o vídeo], mas pode fazer qualquer tipo de perícia nesse vídeo, ou até no vídeo do condomínio também, que já está nos autos. Tem as imagens lá, não tem áudio, mas são claras, ela jogando objeto nos garotos e eles estáticos, recebendo diversas ofensas. Mesmo solicitando qualquer tipo de perícia, vai ser comprovado que não houve nenhum tipo de manipulação", afirmou.
Para Jonathan e Eduardo, estes têm sido dias longos de espera pela justiça, da qual querem conquistar em breve.
"A gente espera a decisão do juiz, não fizemos nada demais, estamos totalmente tranquilos, já o contrário dela, que esperou quatro meses para entrar com uma ação contra a gente", afirmou o entregador. "Ela teria que ser a nossa defensora perante a sociedade, e não foi dessa forma que aconteceu. A gente está esperando que tudo se resolva hoje, isso acaba desgastando um pouco a gente, porque a gente trabalha, tem família para sustentar, a gente espera que tudo seja resolvido hoje", completou Eduardo.
Na audiência, devem ser ouvidos a acusada, sua filha, os dois entregadores e outras testemunhas da ocorrência.
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