Polícia

Familia suplica justiça no caso envolvendo a morte de Ana Clara em Niterói

"O meu desejo é que ele seja condenado e mofe na cadeia, ele destruiu uma família inteira e acabou com os sonhos de uma criança".

Imagem ilustrativa da imagem Familia suplica justiça no caso envolvendo a morte de Ana Clara em Niterói
Familiares da pequena Ana Clara se reuniram no Fórum, no Centro de Niterói, para pressionar a Justiça, no caso envolvendo a morte da criança. Foto: Lucas Benevides

O relato é de Cristiane Gomes, mãe da pequena Ana Clara Gomes Machado, de 5 anos, morta em fevereiro durante uma incursão da Polícia Militar na comunidade Monan Pequeno, na Região de Pendotiba, em Niterói. A mãe participou de um ato na frente do Fórum Desembargador Enéas Marzano, no Centro de Niterói, na tarde desta quinta-feira (27), enquanto acontecia no local a primeira audiência de instrução do policial militar Bruno Dias Delaroli, acusado de ser o responsável pelo disparo que matou a criança.

"Desde o dia da morte da minha filha, a polícia nunca entrou em contato conosco, nem mesmo para desejar forças pela perda da Ana Clara. Não acredito que ele vá colocar a mão na consciência. Queremos que a justiça seja feita. É muito triste ter que conviver com a falta da minha filha, acabaram com vários sonhos de uma criança pura, carinhosa e cheia de amor"

Quem também esteve presente foi a tia da vítima, Ana Cristina, que lamentou a morte de Ana Clara e suplicou por justiça. Ela relatou que estava próxima à vítima quando a criança foi atingida e acusa o policial de tratar a morte com desprezo, fazendo pouco caso do ocorrido na frente de familiares e amigos da vítima.

"Ninguém vai trazer a Ana Clara de volta, mas queremos que a justiça seja feita e esse policial militar seja condenado. Ela era uma pessoa amada por todos"

O caso

Foto de Destaque, manifestação por justiça após a morte da Ana Clara. Foto: Pedro Conforte
Ana Clara foi morta enquanto brincava na porta de casa no Monan Pequeno, Região de Pendotiba, em Niterói. Foto: Arquivo / Pedro Conforte

A pequena Ana Clara Machado, de 5 anos, foi morta, no dia 2 de fevereiro, durante uma suposta troca de tiros entre policiais militares do Batalhão de Niterói e traficantes no Monan Pequeno. A vítima brincava no quintal de casa, quando foi atingida por um disparo e não resistiu aos ferimentos.

Na época, a Polícia Militar informou que policiais faziam patrulhamento na Estrada do Monan Pequeno para verificar denúncias de roubos. Durante a ação, os militares teriam sido surpreendidos por cinco bandidos armados, que, segundo relatos da equipe, dispararam na direção dos policiais, dando inicio ao confronto. Ainda segundo a PM, no tiroteio, a menina foi atingida, sendo socorrida e levada para o Hospital Estadual Azevedo Lima (Heal), mas acabou morrendo.

Pouco tempo após a morte de Ana Clara, policiais da Divisão de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG) iniciaram a investigação do caso e constataram divergências entre o depoimentos dos policiais, das testemunhas da morte e da perícia feita no local, resultando na prisão em flagrante do policial militar, lotado no Batalhão de Niterói.

Justiça

Segundo a juíza de Direito Monique Correa Brandão dos Santos Moreira, tanto o suspeito como os colegas de farda relataram que ao passarem pela região, em Pendotiba, foram surpreendidos por, aproximadamente, cinco homens, sendo que dois estariam armados com pistolas e teriam realizado diversos disparos de arma de fogo.

Os policiais que estavam junto do suspeito relataram ainda aos investigadores que o colega teria realizado quatro disparos com fuzil e, logo depois, ao avançar no terreno, teria se deparado com a mãe da vítima pedindo socorro.

Já as demais testemunhas presenciais, moradores da localidade, afirmaram que os disparos feitos pelos policiais 'foram iniciados sem motivo aparente e se deram em direção ao ponto conhecido como Pocinho'.

Uma testemunha que estava no citado local declarou que 'os policiais chegaram no local disparando, somente cessando os tiros após a mesma gritar e se identificar como moradora'. Além disso, a testemunha ainda acusa a PM ao dizer que 'após levar a vítima ao hospital, policiais militares regressaram para pegar os estojos de munição e modificar a cena do crime'. Diante das divergências, a prisão do policial foi revertida em preventiva.

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