Polícia
Filha de Flordelis define Flávio dos Santos: 'pessoa ruim'
O depoimento de Roberta dos Santos, filha registrada de Flordelis, começou com a promotoria lendo uma mensagem em que a testemunha teria publicado em um grupo da família, um relato do qual ela dizia que queria "gritar toda essa sujeira". Ela também classificou o irmão e principal acusado de executar o pastor Anderson do Carmo como uma 'pessoa ruim' e que maltratava outros irmãos mais novos na casa. Tanto ela quanto o irmão Misael, pediram para que os acusados deixassem o plenário durante suas falas na noite desta terça-feira (23), no Tribunal do Júri, no Centro de Niterói.
A promotoria iniciou a leitura da mensagem em que a filha dizia "vocês acabaram com a família e com tudo. Espero que paguem pelo o que fizeram". No conteúdo da mensagem, Roberta fala que a família fez do enterro um espetáculo teatral.
"Ele [Anderson] era uma pessoa difícil e que não permitia baderna e acho que esse tenha sido o motivo em que essas pessoas criaram esse ódio no coração para fazer o que fizeram", disse.
Questionada pela promotoria se saberia dizer sobre o pastor Anderson ter cometido algum abuso sexual, a filha disse que desconhecia o fato e que, inclusive, o pastor não permitia que as meninas usassem vestimentas curtas em casa.
Irmão violento
Roberta disse que Flávio dos Santos chegou a aplicar castigos físicos nas crianças pequenas e definiu o irmão como uma "pessoa ruim". "Ele não sabia separar crianças de adultos. Uma vez, quando nós morávamos em uma casa de Piratininga, ele chegou a bater e socar o estômago de um dos nossos irmãos pequenos, o Lucas. Ele era surdo e mudo e ainda andava na cadeira de rodas. Outro irmão, o André, foi apartar e voltou com uma tesoura cravada nas costas", relatou.
Antes dela, a terceira pessoa a depor, foi Luana Rangel, casada com Misael, também filho da Flordelis. A nora da ex-deputada deu detalhes de como ficou a relação da família após a morte do pastor. Luana chegou a dizer que presenciou uma outra filha de Flordelis colocando um pó branco em um copo de suco do pastor.
"Eu até perguntei e elas diziam que era remédio dele para controlar a ansiedade. Logo após a morte do pastor, a gente queria evitar ir na casa, mas ela começou a nos pressionar. E viu na televisão que eu e Misael tínhamos ido depor e ficou desesperada querendo falar com a gente. Nos pressionando muito e pedindo que fôssemos na casa dela. Até que chamamos um casal de amigos e fomos. Ao chegar lá, ela nos chamou para o quarto, na presença de outro filho (Carlos), escreveu um bilhete que até hoje eu não sei o conteúdo, em que ele eleu silenciosamente e saiu. Misael e eu ficamos sozinhos com ela no quarto. Ela começou a cobrar da gente que tínhamos sumido e que Misael tinha uma dívida de gratidão com ela.Foi aí que ela falou que falou que achava que estivesse com escuta em casa e pegou uma folha de caderno e escreveu. Ainda bem que a gente quebrou o jogou fora o celular do pastor", contou.
A nora disse também que antes de morrer, o pastor chegou a falar com ela para tomar cuidado com a Marzy, também ré no processo.
"Ele me mostrou no telefone uma carta que havia sido escrita no aplicativo de notas em que se pedia para forjar um assalto e pedindo para que se matassem só ele. A gente não poderia nunca falar da Flordelis para o pastor, porque ele era o maior defensor dela", contou.
Luana falou ainda que a ex-deputada, logo após o crime, quando estava no hospital, pediu que a nora não dissesse que era Flávio que dirigiu o carro que socorreu a vítima.
Confissão
Já o irmão e ex-vereador por São Gonçalo, Misael, disse em seu depoimento que Flávio dos Santos chegou a confessar que atirou no pastor, sob a alegação de que Anderson estava roubando a mãe.
"Flávio confessou ter atirado no pastor, com o motivo que Anderson estava roubando a mãe, além de ter cometido abuso sexual a duas meninas. Eu disse que ele havia sido usado, e ele (Flávio) falou que estava arrependido. Ela chegou a comentar que estava insatisfeita com a divisão de dinheiro que havia sido acordado com o pastor", contou.
Misael também deu detalhes dos valores que eram arrecadados com as igrejas e shows da ex-deputada.
"Todas as oito igrejas, juntas, arrecadavam cerca de R$ 150 mil por mês, foram os shows onde eram cobrados cerca de 8 mil por evento. Ela passava uma imagem de família grande para angariar patrocínio, além de haver uma diferença no tratamento entre os filhos", disse Misael.
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