Flordelis deserda Misael: 'Desconheço esse filho'

Envolta em polêmicas desde a morte do marido, o pastor Anderson do Carmo, a deputada federal Flordelis (PSD) divulgou a suposta carta que teria recebido de Lucas, onde o filho da deputada acusa o irmão Misael, vereador de São Gonçalo, de ser o mandante do crime.

'Misael', como é conhecido o pastor Wagner Andrade Pimenta — um dos 55 filhos de Flordelis, entre os adotados — deixou a congregação da família. Em depoimento obtido pelo jornal Extra, Misael teria acusado a própria mãe de premeditar o crime.

Em retaliação, no início de julho, Flordelis exonerou de seu gabinete a secretária parlamentar Luana Pimenta, casada com o vereador Misael. Desde então, a briga entre mãe e filho era silenciosa, mas com um novo elemento no processo, Flordelis partiu para o ataque.

Ao longo das declarações desta sexta, Flordelis afirmou que seu filho Lucas dos Santos de Souza, um dos indiciados pela morte do pastor, relatou em carta que foi convidado por Misael a assumir um cargo comissionado na Prefeitura de São Gonçalo. Segundo a parlamentar, o vereador teria pedido a exoneração de outro funcionário para empregar o irmão.

"Me causou espanto muito grande ver meu filho exonerando pessoas de forma covarde para empregar pessoas que tinham se aliado a ele para depor contra mim", afirmou Flordelis.

"Éramos muito próximos, sempre nos demos muito bem. Não consigo entender essa postura. Desconheço esse filho", afirmou a deputada.

De acordo com a assessoria de imprensa da deputada, a carta recebida por Flordelis e atribuída a Lucas dos Santos de Souza será enviada às autoridades policiais.

Lucas e Flávio dos Santos Rodrigues foram indiciados pela autoria da morte do próprio pai pela Delegacia de Homicídios de Niterói (DHNSG). A delegada Bárbara Lomba, responsável pelas investigações, afirmou na reconstituição que não descarta a participação de uma terceira pessoa no momento do assassinato.

Lucas implica Misael

Na carta atribuída a Lucas, há uma versão diversa sobre a noite do crime, em 16 de junho. Como a carta teria sido redigida à próprio punho no presídio onde Lucas se encontra, nem todas as palavras puderam ser transcritas.

Uma cópia desse material foi protocolada pelos advogados de Lucas e Flávio na 3ª Vara Criminal de Niterói, e outra cópia foi encaminhada à Delegacia de Homicídios de Niterói (DHNSG). A carta é um pedido de desculpas:

Venho por meio dessa carta te pedir desculpas por todo mal que eu fiz à senhora. Estou aqui para te contar a verdade.

trecho transcrito da carta à Flordelis

Na versão da carta, Lucas relata o convite de Misael para trabalhar na Prefeitura. O vereador teria prometido ainda um veículo e uma permissão para que ele voltasse para casa de Flordelis, em Pendotiba, antes proibido pelo pai.

Em troca, relata Lucas, ele precisaria dar 'um susto' no pastor Anderson do Carmo, 'mas deu ruim!'. Para aplicar o susto, Lucas convidou um parceiro, não identificado, providenciou uma pistola e abriu as portas dos fundos do condomínio residencial.

"No dia do acontecido, ele [Misael] me mandou uma mensagem falando que era o dia de fazer o negócio, que ele [Anderson] tinha saído com senhora".

trecho transcrito da carta à Flordelis

O vereador Misael ainda não se posicionou sobre a acusação do irmão. O rompimento com a família foi anunciado em agosto pelas redes sociais. O vereador, eleito como 'Misael da Flordelis' se desvinculou do nome da mãe. Declarou anteriormente, que não comentará o processo:

"Declaro minha total confiança no trabalho da Delegacia de Homicídios. O que tinha que ser dito já foi falado a eles e não irei comentar através das redes sociais qualquer tipo de informação dada em depoimento sobre o brutal e covarde assassinato de meu pai, pastor Anderson do Carmo".