Preconceito
Funcionária acusa supermercado de injúria racial em Niterói
Jovem diz que foi chamada de macaca por conta do cabelo
Uma jovem, de 23 anos, que trabalha como repositora em um supermercado de Santa Rosa, na Zona Sul de Niterói, denuncia ter sido vítima de injúria racial após ser chamada de macaca por uma de suas colegas de trabalho.
Apesar do caso ter acontecido no mês de junho do ano passado, ela só teve coragem de registrar o boletim de ocorrência no último mês de outubro. Isso porque, segundo ela, já não aguentava mais as perseguições e ameaças sofre até hoje.
Segundo a vítima, que faz tratamento psicológico, no momento que estava no banheiro da unidade ela conta que foi abordada por uma de suas companheiras de trabalho dizendo “Menina, sabia que você tá igual a uma macaca com esse cabelo?”. O questionamento se deu por conta da jovem estar com o tom do cabelo mais claro, depois de fazer luzes em um salão. Uma terceira funcionária que estava no local ouviu e chegou a pedir para a moça comunicar ao supervisor.
“Menina, sabia que você tá igual a uma macaca com esse cabelo?”.
“O supervisor conversou com a menina que era minha testemunha, em seguida, ele disse que iria resolver o caso. No dia seguinte, eu fui trabalhar e fui chamada por ele porque viu que eu estava triste com o que havia acontecido no dia anterior. Depois do ocorrido, notei que todos pararam de falar comigo, comecei a escutar piadas e ameaças de outras funcionárias”, contou.
Segundo ela, houve pedido de socorro aos advogados para poder dar fim às perseguições dentro da empresa.
“Estivemos no mercado porque nossa cliente tem relatado que nenhum dos supervisores está tomando nenhuma providência das perseguições que ela vem sofrendo diariamente. O mercado pode ser indiciado pela prática de injúria racial, pela prática direcionada ao direito do trabalho e também civil. Estamos aguardando o depoimento da parte da acusada para darmos andamento e para que o Ministério Público ofereça a denúncia”, disse a advogada, Luciana Farias.
Atualmente, a jovem está há alguns dias sem trabalhar e, depois do ocorrido, faz tratamento com psicólogo e vem fazendo o uso de medicamentos controlados.
Comecei a escutar piadas e ameaças de outras funcionárias
Alguns funcionários, de outros setores, não aguentaram ver a situação que a jovem vinha passando dentro da empresa. Eles também chamaram a atenção para o caso do repositor Durval Teófilo, morto a tiros enquanto chegava em casa na semana passada, que trabalhava na mesma unidade.
“Eu acho isso muito triste, espero que essa situação seja resolvida o mais rápido possível, para que ela não seja vítima de racismo como foi do nosso amigo de trabalho Durval Teófilo, que trabalhava aqui com a gente. Isso é uma coisa que não era para estar acontecendo ainda em pleno século XXI “, contou um funcionário que preferiu não se identificar.
Procurado, o supermercado Mundial não se pronunciou sobre o caso até o momento.
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