Polícia

Guerra de facções em Niterói: Morro do Estado lidera quantidade de tiroteios

Morro do Estado, no Centro de Niterói, concentrou maior número de casos de tiroteios no mês de junho. Foto: Lucas Benevides
"Só peço a Deus que esses tiros não atinjam o trabalhador, o morador de bem"

O relato do morador do Morro do Estado, no Centro de Niterói, durante uma das trocas de tiros entre criminosos, retrata o período de tensão entre moradores da comunidade no mês de junho. Segundo a plataforma Fogo Cruzado, laboratório de dados sobre violência armada, a guerra entre facções criminosas resultou em pelo menos 30 registros de tiroteios no mês, um aumento de 500% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados apenas cinco confrontos armados, quando as restrições de isolamento social eram mais severas.

A polícia confirma o aumento de confrontos armados resultado de disputas entre bandidos pelo controle do tráfico de drogas em comunidades de Niterói.

Nos últimos meses, traficantes do Comando Vermelho (CV) e Terceiro Comando Puro (TCP) vêm disputando de forma ferrenha o poder em favelas de Niterói, e quem sofre as consequências são os moradores, que vivem em meio aos confrontos.

Dos 30 tiroteios registrados em junho, mais de 60% aconteceram em periferias da cidade. O principal local afetado foi o Morro do Estado com cinco registros, fruto da recente guerra armada entre traficantes rivais. 

Questionado a respeito do aumento no número de tiroteios, o comandante do Batalhão de Niterói (12° BPM), coronel Sylvio Guerra, afirmou que a Polícia Militar continua realizando o trabalho baseado na mancha criminal do município.

“A única certeza que eu tenho é que a guerra que estava acontecendo acabou e isso favorece o cidadão de bem. O 12° Batalhão vem realizando um trabalho de combate ao crime organizado e isso tem dado resultado”

A garantia do comandante acontece após a ação realizada pelo Comando de Operações Especiais (COE), através dos batalhões de Operações Especiais (Bope) e de Ações do Cães (BAC) que resultou em mais de dez prisões, além de fuzis e até granadas apreendidas no Morro do Estado. A operação teria provocado um golpe certeiro em bandidos do TCP.

Números na Região Metropolitana

Em comparação a maio, com 479 registros, junho registrou queda de 20% no número de tiroteios/disparos de arma de fogo em toda a Região Metropolitana. O número de mortos caiu 27% e o de feridos 3%. No mês anterior, foram 99 mortos e 66 feridos.

Entre os dias mais afetados pela violência armada, o 1º de junho foi o maior com 21 casos de tiroteios/disparos de arma de fogo. O dia 9 teve mais mortos (6) e o dia 29, mais feridos (11).

Em toda a Região Metropolitana a plataforma Fogo Cruzado mapeou 381 tiroteios/disparos de arma de fogo em junho. Do total, 26% deles (98), contaram com a presença de policiais. No mesmo mês do ano passado, foram 323 tiroteios com agentes envolvidos em 46 deles, o que representa que um de cada quatro disparos partiu da arma de um policial, enquanto no ano anterior foi 1 em cada 7.

Além disso, um estudo realizado pela plataforma revela que, em junho, 136 pessoas foram baleadas no Grande Rio, 72 morreram e 64 ficaram feridas. O número de mortos e de feridos foi 41% e 45% maior que o mesmo período de 2020, quando 51 pessoas morreram e 44 ficaram feridas

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