Ataque
Homem que atirou em mulher trans em Niterói é preso
Filho do suspeito já havia sido apreendido pelo crime
O homem acusado de atirar em Nycolle Dellveck foi preso na tarde desta quarta-feira (30) em Guaxindiba, São Gonçalo. Marciano da Silva Marques, de 45 anos, foi encontrado por policiais 76ª DP (Centro de Niterói) um dia após o filho, um adolescente de 17 anos, ter sido apreendido pelo mesmo crime.
Nycolle, que é mulher trans, foi baleada no rosto na segunda-feira (21), na Rua São João, no Centro de Niterói, e ficou internada no Hospital Estadual Azevedo Lima (Heal) por dois dias, devido a gravidade dos ferimentos.
Segundo a polícia, Marciano vai responder por tentativa homicídio. Não há qualificação por envolver uma pessoa trans ou por ela ser umbandista. No momento da prisão, não houve reação, mas o acusado negou-se a prestar depoimento na delegacia.
A vítima, que estava muito abalada e insegura desde o ocorrido, conta ao ENFOCO que esse sentimento está mais tranquila após a prisão dos dois acusados.
"Estou muito aliviada agora que a justiça foi feita", diz Nycolle
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Nycolle contou que no sábado (19) ela discutiu com um dos acusados após ele dizer que não iria levar uma amiga dela em sua moto.
"Eles falaram que não levavam “veado” na moto. A gente estava saindo do trabalho para ir embora”, disse ela. A partir daí, conforme a vítima, começou o primeiro desentendimento. Nycolle e a amiga foram embora com outras pessoas.
Segundo o relato da jovem, já no domingo (20), um dos acusados mandou mensagem para ela, que não se sentiu confortável com a indagação dele.
“Ele perguntou se eu e minha amiga iríamos para a rua. Eu catei a maldade dele e disse que não iria para a rua, que estava em Copacabana. Na segunda (21), eu desci para a rua para trabalhar. Aí ele me encontrou e falou que tínhamos que desenrolar essa discussão de domingo e eu disse: 'Peraí, que eu tenho que acender um cigarro na encruzilhada para começar o dia de trabalho'".
Na sequência, de acordo com Nycolle, o acusado teria iniciado os insultos contra a religião dela, a umbanda, e em seguida feito disparos de arma de fogo.
"Ele perguntou se eu gostava de fazer macumba e indagou se eu estava bem protegida. Foi quando eu disse que: 'Graças a Deus e aos meus orixás eu estou protegida'. Ele deu a volta, foi no ponto de mototáxi, colocou o filho dele para pilotar a moto e veio na garupa. Eu estava agachada acendendo o cigarro, ele parou a moto e já mostrou a arma e disse que eu gostava de fazer macumba, e deu o tiro”, contou a jovem.
Nycolle disse que o acusado atirou várias vezes contra ela, mas por conseguir desviar, foi acertada por um disparo.
“Quando ele deu o tiro, eu corri, consegui levantar e correr. Nessa, ele tentou dar outro tiro. Foi quando o filho dele virou e falou que a outra estava ali e ele queria dar o tiro na minha amiga. Foi quando eu comecei a gritar e a praça toda gritou e eles deram fuga”, afirmou.
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