Tragédia

'Já saíram dando tiro', diz primo de frentista morto no Rio

Guilherme voltava de um baile com amigos quando foi atingido

Guilherme cuidava sozinho do filho de quatro anos, de acordo com parentes do rapaz
Guilherme cuidava sozinho do filho de quatro anos, de acordo com parentes do rapaz |  Foto: Arquivo da família
  

O primo do jovem Guilherme Lucas Martins Matias, de 26 anos, morto por policiais enquanto voltava de carro com amigos de um baile funk na Zona Sul do Rio neste domingo (6), diz que os agentes saíram atirando no veículo em que os rapazes estavam. O caso aconteceu durante uma abordagem no Morro do Santo Amaro, na Zona Sul do Rio. 

A família de Guilherme esteve no Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro do Rio, nesta segunda-feira (7) para a liberação do corpo. Ele foi morto enquanto voltava do evento, onde comemorava seu aniversário. 

“Meu primo era frentista, mas estava cobrindo minhas férias como zelador na Tijuca. Ele saiu do emprego de frentista e estava recebendo o seguro-desemprego. Eu entrei de férias e pedi pra ele tirar minhas férias como zelador. Era apenas o 5º dia dele trabalhando lá. Ele voltou do trabalho, eu passei por ele no dia e ele estava feliz, indo para casa. Os amigos dele resolveram ir pro baile curtir, como todo jovem, e infelizmente ele foi curtir o baile e na hora de sair ocorreu essa fatalidade. Falaram que eles estavam armados, mas todos ali são trabalhadores, puxaram a ficha deles e não acharam nada. O carro do moleque que dirigia, inclusive, estava todo certinho”, contou Samuel Martins, primo da vítima.  

Caso do frentista  morto a tiros ao sair de baile funk - Péricles Cutrim
Caso do frentista morto a tiros ao sair de baile funk - Péricles Cutrim |  Foto: Péricles Cutrim
     
Infelizmente ele foi curtir o baile e na hora de sair ocorreu essa fatalidade. Falaram que eles estavam armados, mas todos ali são trabalhadores, puxaram a ficha deles e não acharam nada. A história da arma é mentira. Eles nem abordaram os meninos, como falaram que eles deram fuga? Samuel Martins, primo de Guilherme
  

Guilherme foi o único que morreu no episódio. Além dele, Paulo Rhodney do Nascimento de Jesus e Matheus Coutinho Martins da Silva foram atingidos. Paulo já recebeu alta da unidade e Mateus segue internado em estado estável. O carro em que os jovens estavam foi atingido por sete disparos. 

Policial alegou que um jovem mostrou uma arma prateada, que não foi encontrada
  

Em depoimento, o policial envolvido no caso disse que viu ainda um jovem mostrar uma arma prateada de dentro do veículo e, por isso, atirou. A arma mencionada, até o momento, não foi localizada. 

“A história da arma é mentira. Eles nem abordaram os meninos, como falaram que eles deram fuga? Se não abordaram, como falaram que eles estavam com arma? Errado, totalmente errado. Não pararam o carro deles e já saíram dando tiro. Foi depois que eles conseguiram sair, ir pro hospital. Como falar que eles estavam armados se nem parados eles foram?”, indagou Samuel.

O irmão da vítima, Hugo Marcelo Martins, ainda não acredita no que aconteceu. 

“Ele trabalhava, tomava conta do filho dele. É difícil falar. Meu irmão era jovem, alegre. Foi difícil, eu não acreditei quando soube e ainda não caiu a ficha. A gente comprou um bolinho no dia do ocorrido, cortamos o bolo, e de noite ele queria curtir com os colegas dele no baile. Minha mãe está bem abalada também”, contou o irmão da vítima. 

A família é de Santa Teresa e o rapaz deve ser sepultado no Cemitério do Catumbi. Ainda não há informações sobre o horário do sepultamento. 

O caso 

Guilherme foi morto após sair de um baile funk com os amigos na madrugada deste domingo (6), em Botafogo, na Zona Sul do Rio. O frentista de 26 anos foi baleado por um policial militar enquanto voltava do Morro do Santo Amaro, na Zona Sul do Rio, onde estava em uma comemoração com os amigos. Outros dois jovens que estavam no mesmo carro que o rapaz também foram atingidos pelos disparos. 

Segundo informações de testemunhas, os rapazes estavam em um Renault Clio quando foram atingidos pelos disparos. Um policial militar informou, em depoimento, que o veículo onde os jovens estavam percorria a rua na contra-mão e em alta velocidade. Os militares teriam dado ordem de parada para o veículo, mas ele continuou em alta velocidade. O policial disse que viu ainda um jovem mostrar uma arma prateada de dentro do veículo e, por isso, atirou. A arma mencionada, até o momento, não foi localizada. 

A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informou, em nota, que "o comando da Corporação já determinou a instauração de um procedimento apuratório interno para averiguar as circunstâncias de uma ação em que três pessoas foram feridas em Botafogo, na manhã deste domingo (6).

As câmeras corporais utilizadas pelos policiais já foram recolhidas e os envolvidos na ocorrência prestaram depoimento na 5ªDP.  A 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (1ª DPJM) acompanha o caso."

A Polícia Civil informou que "o caso foi registrado na 5ª DP (Mem de Sá). A arma do policial militar envolvido na ação foi apreendida e as câmeras solicitadas à corporação. A investigação está em andamento."

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