Jovem de SG morto tinha descoberto que seria tio e sugeria nomes

O auxiliar de imigração Leonardo Quintanilha, de 28 anos, estava feliz porque seria tio. É que a irmã mais nova dele, Isabella Quintanilha, está grávida de quatro meses.

Segundo ela, o jovem sugeria nomes que via no aeroporto que trabalhava, como sugestão para o bebê, que ainda não teve o sexo revelado.

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A família esteve no Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, nesta quarta-feira (6), para fazer a liberação do corpo, que será sepultado às 16h, no Cemitério Parque da Paz, no Pacheco, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio.

Isabella tem 23 anos e só tem boas lembranças do irmão Léo, como era conhecido.

Ele era forte, carinhoso, cuidava da gente, mandava mensagens para minha mãe todo dia, porque ela batalhou muito pra cuidar da gente. Ele era extremamente inteligente, ele trabalhava no Galeão e aprendeu inglês, antes disso, sozinho, em casa, ouvindo música

De acordo com Isabela, Leonardo faria uma prova importante no dia 12.

"Faria uma prova bilíngue. Ele era tudo, aquela pessoa que tínhamos em casa e tudo pedíamos ajuda a ele. Ele é lindo, carinhoso, meu melhor amigo, não sei nem como vai ser sem ele. A gente se entendia pelo olhar. Nem imagino a vida”, lamentou.

Isabella conta ainda que o irmão era atencioso e estava animado para receber o novo integrante da família.

“Ele estava sempre presente, mesmo quando se mudou pro Rio. Eu lembro que ele ficou feliz quando soube que eu estava grávida. Ele estava animado. Fazia até listas de nomes e me mandava. Tudo o que fazia era só coisa boa", acrescentou.

A investigação do caso foi encaminhada à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Segundo a Polícia Civil, diligências estão em andamento para apurar a autoria do crime.

"Perder meu irmão por negligência, da forma cruel que foi, ele não merecia o que ocorreu. Ver ele sofrendo numa cama, olhar no olho dele e ver a dor, é difícil. Quero justiça pelo Léo! É uma negligência do Estado, que tem que responder por isso. Infelizmente, o Léo pagou por isso, mas ele não vai ser esquecido por isso”, disse Isabella Quintanilha. 

O jovem de 28 anos tinha sonho de viajar pelo mundo. Isabella disse que a família vai lutar pela memória dele.

“A gente trabalhava muito, somos humildes, mas ele tinha esse sonho. Infelizmente, não deu tempo, mas era o sonho dele”, contou Isabella.

O crime

Segundo familiares, Leonardo teria encontrado com um rapaz, um pouco antes do crime. Foi esse homem que teria relatado aos familiares que eles foram abordados por cinco criminosos, que roubaram a pochete da vítima.

“Leonardo avisou para o amigo e falou para ele correr, que era assalto. O garoto conseguiu correr e Leonardo não. Foram para cima do Leonardo e bateram nele. Meu irmão está muito machucado. Pegaram a pochete dele. Meu irmão não reagiria a um assalto, não era o jeito dele. Não sabemos se quando bateram nele, afetaram a cabeça dele, se ele tentou fugir, se ele viu uma chance de pegar a pochete de novo", contou Isabella.

A irmã mais nova de Leonardo continua dizendo que, de acordo com informações que recebeu, os bandidos teriam entrado em um ônibus.

"Não sei se os bandidos empurraram ele do ônibus, mas o amigo disse que viu ele pendurado na porta, enquanto o ônibus andava por um quarteirão. Leonardo caiu e depois muita gente estava em volta dele, tinham autoridades, mas ninguém socorreu ele”, disse Isabella.

Léo ainda foi para casa, após o ocorrido, quando um vizinho passava na rua e reconheceu ele. O crime ocorreu na Avenida Beira-Mar, no Centro. Ele morava na Cinelândia. A mãe do rapaz foi comunicada e seguiu até a casa dele. Lá, ela e Isabella acionaram a ambulância e a vítima foi levada para o Hospital Souza Aguiar.

Inicialmente, Leonardo ficou na sala vermelha, até ter uma parada cardíaca. Ele foi reanimado depois de oito minutos pelos médicos e, em seguida, foi transferido para a UTI, onde ficou até o início dos processos de morte cerebral, no domingo (3). O hospital declarou a morte do jovem nesta terça-feira (5).

O caso segue em investigação na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Segundo os familiares, a polícia já analisa imagens do ônibus em questão e está ouvindo testemunhas para prender os suspeitos do crime.