Polícia

Luto do CV após mortes no Jacarezinho proibe bailes e divide bandidos em SG

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Baile da Belgica no Anaia foi cancelado a partir de ordens do Comando Vermelho. Foto: Reprodução de vídeo

De luto após a operação que terminou com 24 acusados de tráfico de drogas mortos no Morro do Jacarezinho, Zona Norte do Rio, traficantes cancelaram o 'Baile da Bélgica', previsto para acontecer na noite desta sexta-feira (7) no Anaia, em São Gonçalo. A medida de cancelamento dos bailes determinada por lideranças da facção criminosa Comando Vermelho (CV) vem dividindo criminosos do município. Inclusive, em alguns locais a programação de eventos irregulares está mantido.

Um comunicado com o cancelamento do evento irregular foi divulgado pelas redes sociais:

“Não haverá baile, pois a família da Bélgica se encontra de luto pelo triste falecimento dos nossos amigos e irmãos do Jacaré”

Em contrapartida com as determinações da criminalidade, traficantes do Jardim Catarina e do Complexo da Alma, no bairro Amendoeira, mantiveram, até o fim da manhã desta sexta-feira (7), a programação de bailes e festas nessas comunidades. Dois cartazes com a programação do “Pistão de Las Vegas” e do “Baile da Terra Prometida” estão sendo divulgados na internet.

O conhecido “Pistão de Las Vegas” preparou uma programação especial para o Dia das Mães. Agendado para o próximo domingo (9), a partir das 14h, o evento irregular contará com a presença de um conhecido MC e de um dos principais grupos de pagode da região.

ONU

Operação resultou em 25 mortos, incluindo um policial civil. Foto: Reprodução de vídeo

A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu na manhã desta sexta-feira (7) que o Ministério Público do Rio (MPRJ) investigue de forma independente a operação ocorrida na comunidade do Jacarezinho, que resultou em 25 mortes, incluindo um policial civil, nesta quinta. 

Segundo a Organização não Governamental Rio de Paz, moradores relataram ter casas invadidas. Marcas de sangue ficaram pelo chão de diferentes imóveis. 

O coordenador do Rio de Paz, Lucas Louback, que fazia entrega de alimentos para moradores da comunidade no momento da operação policial, percorreu as ruas e casas das vítimas e conta os horrores que viu.  

"Quando cheguei, me deparei com o cenário de tristeza e derramamento de sangue. Isso sempre nos choca ainda mais em um dia onde nós entregamos comida. Andamos pela favela e vimos todo o estrago, ouvimos os relatos dos moradores, a tristeza, o lamento das perdas. É uma tragédia que tem se perpetuado mandato atrás de mandato e não há mudança no sistema e na política de segurança pública do Rio de Janeiro”

A Defensoria Pública do Rio informou que está acompanhando com muita atenção o caso e que esteve na comunidade ouvindo os moradores e apurando as circunstâncias da operação. 

“A segunda casa que nós visitamos era de uma família onde vive um casal e uma menina de 8 anos. Nessa casa um rapaz foi executado no quarto da criança. Toda a família presenciou a execução, inclusive a criança. A menina está completamente traumatizada. Tanto nessa casa, quanto na primeira que visitamos provavelmente os casos foram de execução, de acordo com relatos, as pessoas foram tiradas já mortas de dentro dos imóveis, o que pra gente configura desfazimento de cena de crime”

Maria Júlia Miranda, defensora pública do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos

O grande número de vítimas coloca a ação policial entre as mais letais da história do Estado do Rio de Janeiro. 

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), do Estado do Rio, que também está acompanhando o caso, emitiu uma nota sobre a operação. 

“Independente das circunstâncias, as forças de segurança devem cumprir suas funções respeitando o universo de direitos e garantias fundamentais previsto na Constituição Federal. Nunca será aceitável que um braço do Estado opere acima das leis”, dizia a nota” 

A OAB reforçou que a operação aconteceu durante a vigência de medida cautelar, e com acompanhamento do Ministério Público. 

Com Tiago Souza

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