Investigação
MC Poze do Rodo pode estar envolvido em outros crimes, diz delegado
Secretário de Polícia Civil chamou cantor de 'falso artista'

Para a polícia, MC Poze do Rodo pode estar envolvido em outros crimes, como lavagem de dinheiro, além de outras tipificações já apuradas, entre as quais: tráfico de drogas, apologia ao crime e associação para o tráfico. A afirmação foi feita pelo delegado Moysés Santana, titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), nesta quinta-feira (29), horas após a prisão do funkeiro.
Além da prisão temporária, que pode durar até 30 dias, a DRE cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao artista, onde foram recolhidos joias, celulares e um carro de luxo com cor adulterada, originalmente preto. O veículo da marca BMW estava pintado de vinho sem o devido registro legal. Tudo foi levado para a Cidade da Polícia, Zona Norte do Rio.
"MC Poze realiza diversas outras atividades que podem configurar outros tipos de crimes, incluindo lavagem de dinheiro", declarou Santana.
'Falso artista', dispara secretário

Segundo o secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi, as músicas de Poze não apenas fazem apologia ao crime, como funcionam como propaganda direta da maior facção criminosa do estado. Ele ainda classificou o cantor como 'falso artista'.
Esse suposto MC transformou a música em um instrumento de dominação do Comando Vermelho. As letras são instrumentos de propaganda desta facção. Esse falso artista é um instrumento de propaganda do Comando Vermelho. A música dele é mais lesiva do que um tiro de fuzil disparado por um traficante. A Polícia Civil não vai mais deixar que essa propaganda do crime organizado aconteça. Isso é um péssimo exemplo para crianças e adolescentes das comunidades
De acordo com a investigação, os eventos em que Poze se apresentava também exaltavam publicamente o Comando Vermelho (CV), facção responsável por aproximadamente 70% dos roubos de carga e veículos no Estado do Rio de Janeiro, segundo a polícia.
Poze 'cooptava pessoas da comunidade para o crime', diz subsecretário operacional da Polícia Civil, Carlos Oliveira
O subsecretário operacional da Polícia Civil, Carlos Oliveira, também fez duras críticas ao papel desempenhado pelo artista nas comunidades.
“Essa é uma investigação contra pessoas que usam a arte e a cultura como armadilha para recrutar jovens, fazendo com que a mão de obra dessas facções não falte. Ele cooptava pessoas da comunidade para o crime”, afirmou.

Produtoras na mira da polícia
Além do cantor, a polícia também investiga produtoras musicais que, segundo os agentes, seriam financiadas por líderes do tráfico e usariam a estrutura da indústria do entretenimento para lavar dinheiro e promover criminosos.
“Existem produtoras por trás disso, se beneficiando, recebendo dinheiro do tráfico de drogas”, afirmou André Neves, chefe do Departamento-Geral de Polícia Especializada.

Poze já havia sido alvo da Operação Rifa Limpa, em novembro de 2024, quando teve carros de luxo e joias apreendidos. Na ocasião, a Justiça mandou devolver os bens por falta de provas da ligação com os crimes. Agora, com novos indícios e declarações contundentes das autoridades, a situação do artista se agrava.
A Polícia Civil promete seguir firme no combate ao que chama de “instrumentalização da cultura pelo crime”, com atenção especial a figuras públicas que usam da fama para mascarar envolvimento com atividades ilícitas.


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