Angústia
Mistério toma conta de sumiço de atleta de 27 anos em São Gonçalo
Relógio esportivo não estava pareado com celular deixado em casa

Um dia após o sumiço do atleta Lucas Celestino, de 27 anos, a aflição e o mistério ainda tomam conta de familiares e amigos. O jovem não é visto desde a manhã desta terça-feira (8) após sair de casa, no bairro Mutuapira, em São Gonçalo, para correr na BR-101, sentido Niterói.
Segundo a mulher dele, Maria Eduarda Celestino, de 26, o corredor utilizava um relógio que registra o percurso da corrida. No entanto, o aplicativo do aparelho não estava pareado ao celular, que permaneceu em casa.
Pessoas próximas ao rapaz estiveram na Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo, nesta quarta-feira (9), para cobrar respostas das autoridades e acelerar as buscas pelo jovem.
A esposa Maria Eduarda explica que o relógio esportivo de Lucas registra o trajeto percorrido tanto no próprio aparelho, quanto no aplicativo instalado no celular. Porém, como o relógio não estava sincronizado com o celular no momento da corrida, a família não tem acesso ao percurso feito naquele dia. O trajeto, nesse caso, estaria registrado apenas no próprio relógio, que segue com o atleta.

“Eu sempre vejo o trajeto quando ele chega em casa. Ele emparelha o relógio com o celular e o percurso aparece”, contou Maria Eduarda.
O irmão de Lucas, Márcio Celestino, tentou diversas vezes acessar o aplicativo, mas só conseguiu visualizar trajetos anteriores, como um realizado no bairro Jardim Catarina, em São Gonçalo. Segundo a esposa, quando há operações policiais na região, Lucas evita treinar na área por segurança.
Lucas costuma correr dia sim, dia não, pela BR-101. Segundo a esposa, ele tinha o hábito de sair entre 5h e 5h30, retornando por volta de 6h30 para se arrumar e seguir para o trabalho em Niterói. Na manhã do desaparecimento, ele saiu sozinho, já que o percurso seria curto e rápido.

De acordo com Auderir Moreira, treinador do projeto de corrida AMD+, do qual Lucas faz parte, o atleta procurou o grupo com o objetivo de melhorar o condicionamento físico e se preparar para uma maratona. Ele treina na equipe há um ano e meio e costuma correr no bairro Jardim Catarina com um grupo de, no mínimo, 20 atletas.
“Falei com ele no domingo e passei o treino de sábado. Ele é muito dedicado, só não ia correr quando precisava trabalhar. Ontem, ele fez um treino rápido, da casa dele em direção a Niterói, cerca de 400 metros com várias repetições curtas”, relatou o treinador.
Lucas tem o hábito de correr apenas com uma garrafinha de água, sem levar documentos, celular, cartão de passagem ou outros itens. De acordo com sua esposa, ele também não costuma comer antes dos treinos, apenas ingere suplementos. Ela não descarta a possibilidade de o marido ter passado mal durante a corrida.

A mãe do atleta, Juliana Celestino, afirmou que o filho sempre demonstrou paixão pela corrida. “Saía cedo pra correr e fazia com gosto. Tenho esperança de que vamos encontrá-lo. Às vezes, vemos na televisão pessoas que desaparecem e são encontradas”, disse, emocionada.
Familiares e amigos estão se dividindo por grupos e percorrendo diversos bairros de Niterói e São Gonçalo em busca de pistas sobre o paradeiro de Lucas, que nunca havia ficado tanto tempo fora de casa, e sem dar notícias.
“Já procuramos em vários locais: UPA, hospitais, na própria BR-101, em bairros, em todo lugar”, relatou a atleta Vera Lessa, que participa do mesmo grupo de corrida.

Desaparecimento
Maria Eduarda conta que percebeu o desaparecimento do marido por volta das 7h30 de terça-feira (8), ao acordar e notar que Lucas Celestino ainda não havia retornado da corrida matinal. Segundo ela, Lucas deveria estar no trabalho às 8h40, no estacionamento do shopping Multicenter, em Itaipu, na Região Oceânica de Niterói, onde atua há oito meses como operador.
Estranhando a ausência, ela entrou em contato com dois supervisores do marido, que confirmaram que ele não havia comparecido ao trabalho. “Mandei mensagem para um supervisor e para um outro chefe, e eles informaram que o Lucas não tinha ido. Ele saiu de casa sem nada”, contou.
Desesperada, Maria Eduarda revelou que tem um trauma relacionado a esse tipo de situação, pois perdeu uma amiga em circunstâncias semelhantes. Por isso, sempre pedia ao marido que avisasse onde estava.
Ela acredita que, como havia dormido tarde na noite anterior, Lucas tenha evitado acordá-la antes de sair. “Acho que teve pena de me acordar e saiu sem fazer barulho. Quando levantei, ele não estava. As coisas dele estão todas aqui. Ele saiu só para correr mesmo”, disse.
A jovem então mobilizou familiares e amigos, inclusive a mãe de Lucas, Juliana Celestino, para iniciar as buscas.
Vizinhos relataram ter visto Lucas se aquecendo na rua antes da corrida. “Como ele começa a correr daqui mesmo, se aquece na rua e vai direto até a BR. É o que ele sempre faz”, explicou Maria Eduarda.
Paradeiro
Familiares relataram que estão recebendo diversas informações sobre possíveis avistamentos. Um dos relatos indicaria que Lucas teria sido visto por câmeras de segurança na altura do bairro Porto do Rosa, em direção a Niterói. No entanto, a informação ainda não foi confirmada, pois a família não teve acesso às imagens.
“Queremos ver as câmeras para saber se ele realmente passou por ali”, disse um familiar. Algumas dessas informações desencontradas têm dificultado as buscas.
Segundo a Polícia Civil, a família registrou o boletim de ocorrência na noite de terça-feira, por volta das 19h. O caso foi formalizado como desaparecimento e será investigado por uma equipe especializada.
Quem tiver qualquer informação sobre o paradeiro de Lucas, pode entrar em contato com Maria Eduarda ou com o pai dela, Eduardo Felipe, pelos telefones (21) 99356-0248 e (21) 99122-6564.


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