Polícia
Morte de adolescente gera revolta em São Francisco
A Estrada da Cachoeira, no bairro de São Francisco, na Zona Sul de Niterói, foi totalmente interditada na tarde desta segunda-feira (12) por moradores da comunidade da Grota que acusam policiais do Batalhão de Comando de Operações Especiais de atirar e matar um adolescente de 16 anos.
Segundo moradores, Dyogo Xavier Coutinho, conhecido na localidade como 'Dondom', morreu com um tiro no peito, nos braços do avô.
Ainda de acordo com relatos, ele atuava como jogador de futebol e estava saindo para o treino quando foi atingido.
Quem vive ao redor da localidade, afirma que o garoto não tem qualquer tipo de relação com o tráfico de drogas.
A vítima ainda teria sido levada pelos próprios moradores para a Policlínica do Largo da Batalha, mas não resistiu. Segundo a Fundação Municipal de Saúde de Niterói, o corpo do adolescente será transferido para o Instituto Médico Legal (IML) do Barreto.
Um ônibus da linha 37 (Badu - Centro) foi incendiado na pista e todos os acessos ficaram bloqueados, como forma de protesto pela morte do menino. Passageiros do coletivo foram retirados e ninguém ficou ferido. O Corpo de Bombeiros foi acionado e controlou as chamas.
Por volta das 17h30, o veículo que ficou completamente destruído, começava a ser removido por um carro de reboque, do consórcio Transoceânico. No mesmo horário, a Companhia de Limpeza de Niterói (CLIN) retirava os entulhos que ficaram espalhados pela via.
Trânsito
Segundo a Niterói Transportes e Trânsito (NitTrans), por conta dos protestos, motoristas enfrentaram lentidão em toda Avenida Presidente Roosevelt, em São Francisco, no decorrer da tarde.
A Avenida Rui Barbosa também ficou interditada nos dois sentidos, na altura da Cachoeira, em razão da manifestação. Por conta disso, a NitTrans orientou os motoristas a seguir pelo túnel Charitas-Cafubá.
O Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários de Passageiros de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac) recomenda aos motoristas e passageiros que evitem áreas de conflito.
Por meio de nota, o presidente da entidade classista, Rubens dos Santos Oliveira, repudiou o ocorrido desta segunda.
"A diretoria do Sindicato lamenta que a população venha a sofrer com a falta de transporte público em determinadas regiões. No entanto, os rodoviários são apenas trabalhadores comuns, portanto não podem arriscar suas vidas e sua saúde para enfrentar criminosos com poder de fogo e organizados em nível militar", disse.
De acordo com o Sindicato, a presença de marginais fortemente armados em comunidades onde circulam ônibus "têm sido um desafio que, aparentemente, está além da capacidade do poder público solucionar".
Conforme o Sintronac, entre 2018 e 2019, pelo menos cem ofícios foram enviados à autoridades municipais e estaduais, além do Ministério Público e da Justiça, cobrando providências para que seja garantida a segurança de rodoviários e passageiros.
Desde a manhã desta segunda (12) o Batalhão atuava na comunidade em combate ao tráfico de drogas.
Colaboraram - Ezequiel Manhães, Tiago Souza
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