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    Assassinatos

    Morte de vereador reacende histórico de crimes políticos em Magé

    Município registrou 16 mortes de políticos nos últimos 27 anos

    Publicado 22/01/2025 às 18:44 | Autor: Gabriel Villa Nova
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    Vereador Silmar Braga foi assassinado na última segunda-feira (20)
    Vereador Silmar Braga foi assassinado na última segunda-feira (20) |  Foto: Marcelo Dias / Câmara de Magé

    A cidade de Magé, na Baixada Fluminense, alcançou a triste marca de 16 homicídios de pessoas envolvidas com a política nos últimos 27 anos, colocando-se no topo do ranking de atentados e assassinatos relacionados ao setor entre os 13 municípios da região, segundo dados divulgados pelo portal "Altas da Violência 2024". O último caso, ocorrido na segunda-feira (20), vitimou o vereador Silmar Braga, de 50 anos, morto a tiros próximo de casa, no bairro Nova Marília. 

    Magé, assim como outras cidades da região, tem vivido uma escalada de violência política, na qual disputas eleitorais e o envolvimento de grupos criminosos intensificam os conflitos locais. O assassinato de Braga evidencia a vulnerabilidade dos políticos que frequentemente se tornam alvos de atentados.

    Domínio familiar

    Segundo o sociólogo e professor da UFRRJ, José Cláudio Souza Alves, os crimes podem estar fortemente ligados à briga política ou controle de territórios, principalmente pelo domínio de uma família na cidade.

    "Essa família se estabeleceu há décadas no poder da cidade. Mesmo às vezes eles não sendo detentores do poder, conseguem controlar toda a estrutura de funcionalismo público. Então, eles estabelecem uma lógica de relacionamento da cidade onde, desde sempre, a violência fez parte, se sobressaindo ao bem-estar da população", explicou o professor.

    Ainda de acordo com José Cláudio, o avanço da milícia é outro fator que contribui para a onda de violência em Magé.

    Aspas da citação
    Em Magé existe a Favela da Lagoa, que foi a que mais sofreu operações policiais ao longo do tempo, se comparando com toda a Região Metropolitana do Rio. Isso acontece porque a milícia entra em confronto com traficantes para dominar a área e ter o controle em toda a cidade, virando uma disputa perigosa.
    José Cláudio Alves sociólogo e professor
    Aspas da citação

    Magé é uma das cidades mais violentas do Rio, sendo a sexta no ranking em homicídios em municípios que tem mais de 100 mil habitantes, segundo dados divulgados pelo "Atlas da Violência de 2024", do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

    Além disso, o professor detalhou que esses confrontos se agravam quando figuras públicas disputam o poder.

    "A relação entre a violência política e a situação de insegurança na Baixada Fluminense não é acidental. A região sofre com um histórico de marginalização e ausência de investimentos, o que cria um ambiente fértil para o fortalecimento de facções e práticas violentas. Em muitos casos, os homicídios têm como motivação disputas por controle de territórios e recursos, o que se agrava quando há envolvimento de figuras públicas que disputam o poder local", explicou o sociólogo. 

    Caminhos para a segurança

    De acordo com José Cláudio, o principal é investir e fortalecer a segurança, sempre de forma eficaz e transparente.

    "É fundamental fortalecer as instituições de segurança pública e promover a presença do Estado em áreas vulneráveis, garantindo um sistema de justiça mais eficiente e transparente. Além disso, é crucial fomentar uma cultura de diálogo e resolução pacífica de conflitos, com programas de mediação política que envolvam a sociedade civil, as forças de segurança e os líderes locais, a fim de reduzir as tensões e a violência política", contou.

    O caso do vereador Silmar Braga liga ainda mais o sinal de alerta e evidencia a violência contra pessoas que disputam o poder na região, principalmente políticos.

    Procurada, a Polícia Civil limitou-se ao dizer que "diligências estão em andamento para apurar a motivação do crime e identificar a autoria".

    Contraste de belezas naturais 

    Magé tem uma população estimada em cerca de 250 mil habitantes, segundo dados do IBGE de 2023. A cidade é conhecida por abrigar o Parque Natural Municipal de Magé, que é uma importante área de preservação ambiental. Sua geografia possui um território predominantemente rural, com diversas comunidades que enfrentam desafios como o acesso a serviços públicos e infraestrutura básica.

    Economicamente, Magé tem sua base em atividades como agricultura, comércio e, mais recentemente, a expansão de alguns polos industriais. Apesar disso, o município ainda lida com altos índices de pobreza e violência, o que tem gerado preocupação tanto entre os moradores quanto nas autoridades públicas.

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