Dor
Mulher morta no Alemão era conhecida por vender quentinhas
Família diz estar sem chão
Familiares da cozinheira Letícia Marinho Sales, de 50 anos, morta durante confronto entre a polícia e criminosos no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio, liberaram o corpo da vítima no Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto, no Centro, na manhã desta sexta-feira (22).
A mulher foi atingida por tiro nesta quinta-feira (21). Ela não morava no conjunto de favelas. Letícia ajudava a pastora da igreja que frequentava na região. Foi quando retornava para casa que, segundo o relato da filha Jennifer Sales, um policial teria disparado contra o carro em que a mãe estava.
Mãe de três filhos e avó de três netas, a cozinheira era conhecida por ser sempre solícita aos mais próximos. Além de fazer costuras de roupas e vender quentinhas, Letícia trabalhava desde muito nova e a família diz agora estar sem chão.
"É isso que o governador tem para a gente? Entrar e matar? Toda vez ele vai mandar matar? A Polícia do Rio de Janeiro está aprendendo o quê? A matar um trabalhador?", disparou a filha Jéssica Sales.
Segundo a outra filha, Jennifer Sales, os parentes estão tendo que lidar com duas perdas recentes. É que a avó dela, e mãe de Letícia, morreu há 12 dias.
"Esse momento, para mim, é só de dor, revolta e injustiça com o que fizeram com a minha mãe, uma mulher de 50 anos que prezava tanto pela justiça e foi covardemente alvejada, sem transmitir nenhum tipo de perigo para aqueles policiais naquele momento. Ela não fez nada, simplesmente estava dentro de um carro, seguindo para casa, onde ela morava, e aconteceu essa fatalidade, essa covardia", disse.
O sobrinho de Letícia, Neilson Sales, relembra que o pai da tia morta também era militar. Ele criticou a corporação. "Tem que aparecer o culpado, os responsáveis, foi um despreparo, uma fatalidade. Filha de PM morreu na mão de PM", lamentou o homem.
Letícia foi baleada dentro do veículo modelo Fiat Siena, de cor prata, conduzido pelo seu namorado, na Estrada do Itararé, principal via da região. A Polícia Militar foi questionada sobre as acusações mas ainda não retornou.
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