Tratamento conservador

Mulher trans atacada em Niterói ficará com bala alojada

Ela segue com bala alojada entre o pescoço e maxilar

Nicoly que sofreu tentativa de homicídio na Praça São João  em Niterói
Nicoly que sofreu tentativa de homicídio na Praça São João em Niterói |  Foto: Lucas Alvarenga
 

A mulher trans baleada no rosto em Niterói, na última segunda-feira (21), não precisará de cirurgia, segundo informou a direção do Hospital Estadual Azevedo Lima (Heal), onde a paciente foi atendida. A bala que atingiu a vítima permanece alojada entre o pescoço dela e o maxilar. 

Nesta quinta-feira (24), Nycolle Dellveck, de 25 anos, prestou depoimento na 76ª DP (Centro), onde o caso segue em investigação.

Ela foi baleada na segunda-feira (21) após ser agredida verbalmente por conta da identidade de gênero e sua religião, a umbanda. Os acusados pelo crime permanecem soltos.

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Conforme o hospital, Nycolle deu entrada na unidade vítima de perfuração de arma de fogo. E na ocasião, foi atendida por cirurgião buco-maxilo-facial e profissionais de outras especialidades médicas. 

"Na avaliação técnica do profissional, não foi identificada a necessidade de procedimento cirúrgico, mas de tratamento conservador", disse em nota a Secretaria Estadual de Saúde.

Desta forma, Nycolle foi medicada e recebeu alta com consulta agendada para o dia 1º de dezembro, quando seu quadro clínico será reavaliado. 

A Polícia Civil já identificou os homens suspeitos de atirar em Nycolle. Pai e filho são mototaxistas. Eles atuam próximo ao local onde a jovem trabalhava, por isso, todos já se conheciam. 

Segundo as investigações, o homem que atirou em Nycolle seria Marciano da Silva Marques e o filho dele envolvido no caso Israel Rodrigues de Oliveira Marques. As imagens dos acusados já estão nas mãos da polícia.

"Ele [o pai] perguntou se eu gostava de fazer macumba e indagou se eu estava bem protegida. Foi quando eu disse que: 'Graças a Deus e aos meus orixás eu estou protegida'. Ele deu a volta, foi no ponto de mototáxi, colocou o filho dele para pilotar a moto e veio na garupa. Eu estava agachada acendendo o cigarro, ele parou a moto e já mostrou a arma e disse que eu gostava de fazer macumba, e deu o tiro”, contou a jovem ao ENFOCO

A irmã dela, Gabrielly Pinto de Sá, conta que Nycolle ainda sente muitas dores no rosto por causa do ocorrido. 

"Nós vimos ela toda ensanguentada. Essa situação é difícil, a Nycolle sente muita dor no rosto e chora em casa”, disse a estudante de 23 anos. 

Nycolle é a mais velha de quatro irmãos. Ela tem um irmão gêmeo.

“Para a gente, esse preconceito é novo. Na nossa família, aonde moramos, na minha família, meus primos, sempre aceitamos. Ela sabe sair e chegar nos lugares. Não imaginei jamais que isso fosse ocorrer com ela. Com esse cara mesmo, ela tinha amizade”, disse a irmã da vítima. 

A Coordenadoria de Defesa dos Direitos Difusos e Enfrentamento à Intolerância Religiosa (Codir) da Prefeitura de Niterói também está acompanhando o caso

LIVRES

Segundo Nycolle Dellveck, os dois acusados pelo crime continuam trabalhando normalmente e andando de moto pelo Centro de Niterói, inclusive, na rua onde ocorreu o crime. 

A Polícia Militar informou, em nota, que tomou conhecimento do caso na segunda-feira (21) quando policiais do 12º BPM (Niterói), foram acionados para verificar a entrada de uma vítima de disparo de arma de fogo no Hospital Azevedo Lima. 

A ocorrência foi encaminhada à 78ª DP (Fonseca) antes de ser transferida para a delegacia do Centro de Niterói. 

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