Esquema
Mulheres no tráfico: cinco são presas em operação no Alemão
Segundo a polícia, elas atuam na parte 'financeira' da quadrilha
Uma operação conjunta do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e das polícias Civil e revelou uma complexa rede de lavagem de dinheiro operada pela facção que comanda o tráfico nos Complexos do Alemão e da Penha, expondo o papel central das mulheres na sustentação financeira da quadrilha. O esquema milionário, conhecido como “Caixinha”, movimentou mais de R$ 21 milhões em cerca de 5 mil operações financeiras, beneficiando tanto as atividades criminosas quanto as famílias de integrantes presos ou ativos no tráfico.
Até o momento, três suspeitos foram mortos e 12 acabaram presos, sendo oito alvos da operação e quatro em flagrante. Entre elas, estão cinco mulheres com diferentes graus de ligação com os líderes da facção, como esposas, mães, irmãs e sogras, que desempenhavam papéis cruciais na engrenagem do esquema financeiro. Um PM do Batalhão de Operações Especiais foi baleado e está internado.
Segundo o delegado Gustavo Rodrigues, do Departamento de Polícia de Área da Capital, essas mulheres não eram apenas beneficiárias passivas, mas estavam ativamente envolvidas no processo de lavagem de dinheiro. Elas disponibilizavam suas contas bancárias como “contas de passagem” para ocultar a origem ilícita do dinheiro e garantir o fluxo financeiro da facção. Algumas, ainda de acordo com a polícia, eram responsáveis por operacionalizar transferências diretamente aos líderes do grupo, enquanto outras recebiam os valores como sustentação financeira.
“A participação feminina nesse esquema revela não só a complexidade das operações da facção, mas também como as estruturas familiares são cooptadas para garantir a continuidade e a lealdade dos integrantes da facção. Essas mulheres foram peças fundamentais na sustentação econômica do crime organizado”, afirmou a promotora Laura Minc.
Rede financeira exposta
A operação teve início em 2019, com a prisão de Elton da Conceição, o “PQD da CDD”, contador da facção. Documentos apreendidos com ele permitiram às autoridades desmantelar a estrutura de lavagem de dinheiro da facção. A análise de comprovantes bancários e a quebra de sigilo fiscal identificaram uma rede de contas utilizadas para movimentar os recursos, revelando que os pagamentos também eram uma estratégia para fidelizar os criminosos.
“A facção utilizava as famílias não apenas como um recurso logístico, mas também como parte de sua política de controle e adesão. O sustento dessas famílias era um mecanismo de garantir que os integrantes permanecessem leais e comprometidos com a organização”, explicou um MP.
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