Revolta

'Nem todo mundo é bandido', diz amiga de jovem morto no Tanque

Segundo testemunhas, Ruan foi baleado por policiais à paisana

Familiares e amigos pedem justiça para o caso
Familiares e amigos pedem justiça para o caso |  Foto: Marcelo Eugênio
 

Amigos e familiares pediram justiça e paz durante o sepultamento de Ruan Gonçalves Freitas, de 18 anos, no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte do Rio, na tarde desta terça-feira (7). O jovem foi baleado e morto na comunidade do Caicó, no Complexo da Covanca, bairro do Tanque, Zona Oeste carioca, no último domingo (5). 

“O menino estava descendo pra comprar um feijão pra madrasta dele que faz quentinha e levou 17 tiros. Agora foi ele, amanhã pode ser eu indo levar minha filha pra escola. Os policiais que deveriam fazer a nossa segurança, entram na nossa comunidade pra acabar com as nossas vidas, nem todo mundo que mora em comunidade é bandido. Eu me sinto com medo de colocar a cara aqui e amanhã amanhecer com a boca cheia de formiga, mas se a gente se calar amanhã pode ser mais gente”, afirmou Débora Cristina, amiga da vítima. 

Os amigos de Ruan trouxeram cartazes escritos à mão com o pedido de paz e justiça para dentro da comunidade. De acordo com os amigos da vítima, os policiais da equipe Alfa subiram a comunidade do Caicó à paisana e atiraram contra Juan e mais dois homens, que deram entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Taquara e no Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca.

Débora Cristina afirmou que após os policiais à paisana entrarem, o carro do Batalhão de Operações Especiais (Bope) subiu e os agentes teriam dito para os moradores que estavam na rua: “Se ficar olhando e depois tomar um tiro, não adianta ficar olhando com essa cara não". 

O pai de Ruan, Hildo Gomes de Freitas, de 43 anos, que atualmente trabalha como eletricista autônomo, afirmou que seu filho não tinha envolvimento com tráfico de drogas. O eletricista confirmou ao ENFOCO que, aos 17 anos, Ruan foi detido como usuário de maconha.

“Meu filho sempre foi trabalhador, apesar de ser cabeça dura, rebelde, mas sempre foi bonzinho, uma criança grande. Ele estava indo trabalhar, só não me disse com o que, mas meu filho não era envolvido. Ele foi pego aos 17 anos com maconha, mas depois disso eu não soube de mais nada. Se fazia, fazia muito bem escondido”, disse. 

Hildo Gomes ainda explicou que mais dois homens foram baleados durante a ação policial. 

“Eu não estava no momento e não sei como aconteceu. Há um conflito de informações. Mas o que eu posso afirmar é que meu filho estava próximo à barricada quando a polícia invadiu, tanto que lá está cheio de sangue. Foram três baleados e pelo que eu sei um era um cracudo, outro motorista de aplicativo, mas só o meu filho morreu”, contou Hildo.

A Secretaria Estadual de Polícia Militar informou que, "no domingo (5), equipe do Bope estava atuando na comunidade da Covanca, quando se deparou com suspeitos. Segundo o Bope, os indivíduos resistiram à abordagem e houve confronto, tendo eles fugido em seguida. Uma pistola, munições e uma granada foram apreendidas após varredura. Posteriormente, dois feridos deram entrada em unidades de saúde da região (UPA da Taquara e Hospital Municipal Lourenço Jorge). As ocorrências foram encaminhadas para a 32ªDP, 41ªDP e Delegacia de Homicídios da Capital. O comando da SEPM colabora integralmente com as investigações da Polícia Civil e, paralelamente, instaurou um procedimento para apurar as circunstâncias do fato".

  • Parentes e amigos levaram cartazes para o sepultamento
    Parentes e amigos levaram cartazes para o sepultamento
  • Pai da vítima diz o jovem era trabalhador
    Pai da vítima diz o jovem era trabalhador
  • Parentes e amigos levaram cartazes para o sepultamento
    Parentes e amigos levaram cartazes para o sepultamento
  • Presentes ao enterro também compareceram vestidos com camiseta com foto da vítima
    Presentes ao enterro também compareceram vestidos com camiseta com foto da vítima
 
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