Denúncia

PM atacado em SG denunciou fraude em investigação da Polícia Civil

Militar está em estado grave no Pronto-Socorro de São Gonçalo

Júlio César Marreto de Oliveira, de 41 anos, fez a perícia dos documentos no Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE/Polícia Civil)
Júlio César Marreto de Oliveira, de 41 anos, fez a perícia dos documentos no Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE/Polícia Civil) |  Foto: Marcelo Tavares
 

O policial militar atacado a tiros na noite de sábado (8) na porta de casa, no bairro Porto da Pedra, em São Gonçalo, havia denunciado, em fevereiro deste ano, erros nos elementos que levaram à sua prisão durante um processo em que é acusado de homicídio e porte ilegal de arma. 

Júlio César Marreto de Oliveira, de 41 anos, lotado no 7º BPM (São Gonçalo), está afastado das atividades por cumprir pena em casa pelos crimes.  Ele segue internado no Pronto-Socorro Central Doutor Armando Gomes de Sá Couto, em São Gonçalo, onde passou por cirurgia. O estado de saúde do militar é considerado grave. 

Em março de 2018, o policial informou ter sido abordado por uma equipe da Divisão de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG). Segundo ele, os agentes encontraram uma touca e uma arma, que seria de outro policial, dentro de seu veículo. Ele foi levado para prestar esclarecimentos na sede da especializada. 

Questionado pelos policiais, o PM havia informado que tinha acabado de sair do batalhão e que a arma encontrada era de um amigo que passaria para buscá-la. 

“A arma é registrada. O meu amigo foi na delegacia e falou que a arma era dele e que eu estava indo até a casa da mãe dele para entregar. Meu carro e meu celular ficaram apreendidos na delegacia, inclusive, eu cheguei a desativar o protetor de tela do celular para ficar à disposição dos investigadores”, contou na época ao ENFOCO.

Ainda segundo o PM, oito dias depois da abordagem, ele foi surpreendido com um mandado de prisão pelo crime de porte ilegal de arma.  Ele chegou a questionar a prisão, já que se tratava de um policial que tinha porte de arma em todo o território brasileiro.

Fotos e homícidio

O militar também foi acusado de, em outra ocasião, fotografar uma equipe de policiais da Divisão de Homicídios enquanto os agentes faziam diligências. Na época, o PM informou ao ENFOCO que a acusação foi negada. Em sua defesa ele explicou que o celular chegou a passar por perícia e o parecer técnico do perito do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE/Polícia Civil) teria comprovado que a fotografia não foi feita a partir do aparelho celular de Júlio, mas sim enviada via whatsapp no dia 24 de abril de 2018, período em que ele estava preso e o aparelho estava apreendido.   

Marreto chegou a ficar preso por dois anos e um mês na Unidade Prisional da Polícia Militar de Niterói. Durante esse período, ele foi surpreendido com uma nova acusação, a de homicídio ocorrido no Porto da Pedra, também no ano de 2018.  

“Houve um apagão no bairro, um carro parou em frente à casa da vítima, os criminosos efetuaram disparos contra ela, que estava na calçada”, contou o militar na época.

Após o crime, testemunhas foram levadas para prestar depoimento na sede da especializada e em depoimento a mãe da vítima teria confirmado a versão do policial, sobre não ser possível identificar  o autor do crime.  

Segundo a defesa do PM, um termo emitido pela delegacia confirma em um novo depoimento da viúva que Júlio seria o autor da morte. Versão contestada pela defesa, já que a viúva informou não ter prestado novos esclarecimentos.  

O termo emitido pela Polícia Civil também teria passado por perícia no ICCE/Polícia Civil, sendo comprovado que a assinatura da viúva foi reaproveitada. 

Ataque

Câmeras de segurança da região registraram o momento em que homens chegam até a rua onde a vítima está. Eles descem do carro e miram as armas na direção em que estaria o policial. Após dispararem contra a vítima, é possível ver que eles fogem. Pelo menos quatro pessoas participaram da ação. Eles estavam encapuzados.

Uma equipe de policiais do 7° BPM (São Gonçalo) foi acionada por testemunhas que ouviram os tiros. No local, eles viram o colega de farda baleado e o socorreram. Ele foi levado para o pronto-socorro, onde passou por uma cirurgia e segue entubado no CTI em estado grave. O caso está sendo tratado como tentativa de homicídio.

O caso foi registrado na 72ª DP (Mutuá), mas, segundo a Polícia Civil, será investigado na 73ª DP (Neves). Ainda não se sabe a motivação para o crime e nem a identidade dos responsáveis pelo ato.

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