Polícia
Preso falso promotor de Justiça após aplicar golpe em SG
Um falso promotor de Justiça foi preso nesta sexta-feira (11) em uma loja de carnes importadas no bairro Alcântara, em São Gonçalo. Segundo a Polícia Civil, ele enganava as vítimas com falsas promessas de resolução de pendências judiciais.
O criminoso foi surpreendido após ir a um estabelecimento comercial na Rua Lindolfo Color, onde trabalhava um dos clientes e exigir mais dinheiro para pagar os “custos do processo” ao empresário. O vídeo da prisão viralizou nas redes sociais e acumulava mais de 20 mil views, até a tarde deste sábado (11), na rede social da vítima.
De acordo com os policiais, o homem se aproximava das vítimas com a promessa de solucionar processos judiciais que tramitam na Justiça. Ele induzia as pessoas a confiarem nele e afirmava que ganhariam as ações judiciais que ajuizassem.
Para resolver tais pendências, ele solicitava, além dos honorários pelo seu trabalho, o pagamento dos custos do processo. O empresário conhecido como Douglas 'Macaco' teve um prejuízo de R$ 3 mil, na última sexta (3), ao realizar um PIX para o criminoso. E corria risco de ter outras perdas.
Ainda segundo os policiais, ao ser abordado nesta sexta (10), o acusado falou que era promotor de Justiça, mas, em seguida, desmentiu e disse que era advogado, dono de um escritório e que estava prestando serviço a uma vítima. No entanto, o homem não apresentou documento que comprovasse sua versão, informa a Polícia Civil.
Após revista pessoal, os agentes encontraram um distintivo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), uma carteira funcional falsa do Ministério Público e um simulacro de arma de fogo. O carro e um telefone celular usado por ele também foram apreendidos.
O acusado foi autuado pelo crime de estelionato. Procurado, o MP ainda não se pronunciou.
A Delegacia do Alcântara (74ª DP) solicita que possíveis vítimas procurem a delegacia para registrar o caso. As investigações continuam.
De acordo com Douglas, que é gerente de um boutique de carnes importadas no Alcântara, o acusado se apresentou a ele no estabelecimento ainda no início de agosto. No primeiro contato físico, o criminoso pediu o número de celular da vítima, que forneceu, sem desconfiança. A partir de então, eles mantiveram contato.
"Falei que ele estava no lugar certo, porque aqui [no restaurante] é a casa do povo gonçalense, de policiais e de todas as forças da lei. Ele elogiou o espaço, mas disse que não gostava de vir porque já prendeu muita gente pela região. Eu disse que aqui é um lugar ordeiro, expliquei o conceito da loja. Ele disse que ficou sabendo que eu era um ex-policial e que iria me ajudar a voltar exercer meu sonho de policial, já que fui afastado por um crime que não cometi", conta.
No dia seguinte ao primeiro contato feito de maneira presencial, conta Douglas, o criminoso mandou mensagem a ele e retornou à loja no Alcântara, três dias depois, para consumir carne e cerveja.
"Fiquei mais de cinco anos preso, paguei por um crime que não cometi. Hoje criei esse conceito de loja de carnes em São Gonçalo, minha mãe apostou em mim e estamos fazendo um trabalho maravilhoso. Sou professor de Educação Física há mais de 12 anos, tenho formação acadêmica. O criminoso pediu meu whatsapp e mandou mensagem falando que iria me ajudar. Tenho desejo e sonho a voltar exercer meu sonho de policial, ando dentro da lei porque não compactuo com nada de errado. Estou sem porte, não ando armado. Pago meus impostos. Ele voltou três dias depois, tomou cerveja, comeu uma carne. Eu acreditei que seria ajudado", disse o empresário.
Conforme a vítima, o criminoso mostrou a falsa carteira funcional do Ministério Público e todas as vezes ele ia armado até o estabelecimento. Durante as tratativas, o acusado chegou a dizer que iria até Brasília falar com um ministro, que não teve o nome revelado, para facilitar o processo da vítima.
"Eu não sabia que a arma era de mentira. Ele disse que resolveria minha vida enquanto promotor de Justiça, que eu voltaria para à Polícia, e eu dizia: 'isso não é uma coisa fácil'. Mesmo assim, ele dizia que meu processo tem várias falhas, que era uma questão política, que não tem prova para absolver e nem pra condenar, e que entraria com uma liminar com prazo de validade de um a dois anos para que eu pudesse retornar à Polícia. Falou que pediria revisão de sentença e que pagaria só os custos do processo no valor de R$ 3 mil. Eu acreditei que ele iria fazer os trâmites corretos, porque ele afirmou que entraria no Plantão Judiciário e fiz o PIX. Falou até que iria em Brasília falar com um ministro para me dar a liminar", revela Douglas.
Nesta sexta (10), o criminoso chegou até ao restaurante com um blazer na mão e um coldre na cintura, mostrando estar armado, segundo revela o gerente do espaço. Câmeras de segurança do local teriam filmado o momento em que ele coloca a vestimenta ao chegar até a vítima.
"Quando ele bota o pé na loja que coloca o blazer. Nas outras vezes, ele não foi de blazer, mas sempre com a arma. Ele começa a falar que está precisando de mais dinheiro e que as coisas poderiam piorar pra mim. Eu não sabia que já tinham feito denúncia anônima desse cara, tanto que apareceram várias vítimas depois que divulguei o vídeo. As pessoas falando que ele se identificava como promotor e advogado", continua.
Durante a chegada dos policiais civis da 74ª DP (Alcântara), Douglas conta ter desconfiado da situação.
"Eu não sabia que já tinham denunciado esse cara. Eu sei que não faço nada de errado, ando correto dentro da lei. Sou ex-policial militar? Sou! Sou criminoso? Não sou! Então fiquei tranquilo. Eu com receio de ele estar armado, seguro a mão dele e falo que a casa caiu, tiro a arma dele no instito de policial, que ainda tenho, e percebo que a arma é de mentira. Várias vítimas comentaram no meu vídeo e nos stories do Instagram que conhecem o golpista, estou falando para irem até à delegacia", finaliza o empresário.
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