Polícia
Professora é alvo do golpe do 'doutor' em Niterói
Uma professora de inglês, de 57 anos, moradora do bairro Viçoso Jardim, em Niterói, afirma ter sofrido um golpe, inclusive perdendo um carro para um estelionatário que conheceu há 15 dias em um site de relacionamento. O crime foi registrado na terça-feira (8) na Delegacia do Fonseca (78 DP).
Na distrital, a vítima descobriu que o acusado utilizava sobrenomes falsos e estaria aplicando o mesmo golpe há pelo menos 12 anos. Em depoimento, a vítima disse que o golpista se apresentou como engenheiro mecânico da Petrobras, onde era chamado pelos colegas até mesmo de 'doutor'.
A vítima relata que o acusado é uma pessoa articulada. Ele também seria sócio de empresas em Niterói, São Gonçalo e demais regiões do Rio, além de afirmar ser praticante de ações sociais. Para ela, o acusado afirmava falar sete idiomas.
"Ele tem várias empresas abertas: de descartáveis, conserto de celular... Eu tive a felicidade dele preencher um documento e a gente [na delegacia] conseguiu descobrir isso tudo. Pelo o que o policial falou, ele já vem aplicando esses golpes desde 2008 em Niterói e São Gonçalo", relatou a vítima que deseja pela continuidade da investigação policial.
Segundo a polícia, a mulher foi atraída pelo então engenheiro, conhecido como Pezão, pelo site de relacionamentos no final de novembro. Desde então, o casal também começou a trocar mensagens via Whatsapp. No celular, a vítima chegou a salvar o contato do acusado como "Amor da minha vida".
Cinco dias depois do início do namoro virtual, a vítima se dirigiu até o município de Araruama, na Região dos Lagos, para encontrar o companheiro, em via pública, e o trouxe para a casa dela em Niterói. Lá o acusado ficou hospedado até esta terça (8) - data que ocorreu o crime. Ela diz que o acusado tem tatuagem com desenho de pantera nas costas, do lado esquerdo.
"Não tive desconfiança de nada. A gente chegou até a ver se futuramente iríamos nos mudar de casa", conta ela sobre os planos feitos no período em que ele passou na residência.
Ela também explica que o então namorado chegou a falar nomes de pessoas da área naval que a vítima conhecia, já que ministrou aulas de inglês para profissionais do setor.
"Com a idade que eu tenho acabei sendo iludida. Moro com a minha filha, de 19 anos, e a minha mãe, de 80, e ele se prevaleceu dessa situação. Eu prefiro resolver coisas dentro de casa, do que usar carro, colocar gasolina... Ele falou que, a partir de então, seria o meu marido e iria resolver todas essas questões. Que mulher não quer ouvir isso?"
O crime
Na última quinta-feira (3) o carro da vítima apresentou falha no ar-condicionado. O acusado, então, se disponibilizou a levar o veículo dela a uma oficina autorizada, no bairro de Tribobó, em São Gonçalo, para que o reparo fosse feito.
Ele teria explicado a vítima que seria necessário encomendar uma peça numa loja do Rio, no valor de R$ 850. A referida peça teria chegado na oficina dois dias depois - quando ele teria recebido um telefonema do estabelecimento para realizar a troca do objeto.
"Ele ficou o sábado quase inteiro esperando essa suposta peça, que não chegou, já que a história é falsa", queixa-se a vítima.
Por volta de 11h de terça (8), horas antes de uma prometida viagem para São Paulo, o acusado saiu da casa da vítima dizendo que levaria o carro à oficina para conserto. Já no final da tarde, às 16h, a filha da vítima desconfiou da demora e tentou fazer contato com ele, mas não conseguiu.
Finalmente ao ligar para o estabelecimento onde o acusado disse que estaria o carro, a surpresa: segundo o funcionário que atendeu, não havia nenhum veículo com as características citadas.
"Eu enviei o meu RG para ele [acusado], porque ele pediu para que a nota fiscal fosse emitida lá. Eu confiei o meu veículo ao meu namorado. Depois que eu enviei o documento, ele não respondeu mais as mensagens no whatsapp e SMS. Fez contato, sim, depois de praticamente cinco horas de diferença, dizendo que meu carro tinha ficado na oficina e que ele estava no Hospital Barra D'Or visitando a neta que teria sofrido um acidente", explica.
Ainda em depoimento a mulher explicou que o acusado chegou a dizer que entraria em contato para devolver o carro, o que não aconteceu.
Na própria delegacia, nesta quarta-feira (9), a professora conseguiu fazer contato com o acusado e ouviu dele que ela teria que pagar R$ 2.950 pelo conserto do veículo, mesmo sem apresentar o carro ou dizer o endereço de onde estava.
Por mensagem de texto o acusado se defende e, segundo a professora, ele alega inclusive ter acionado um advogado e não ter roubado o carro.
"Ele pede para eu retirar o B.O", disse a vítima.
De acordo com ela, no tempo que ele ficou na casa dela, o suposto engenheiro dizia ser morador de um sítio em Cachoeiro do Brumado, em Minas Gerais, cidade a 20 km depois de Ouro Preto.
"Eu espero que esse carro apareça [...] Também seria bom se eles devolvessem o dinheiro"
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