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    Justiça

    'Quero resposta', diz mãe de pedreiro atropelado e morto em Niterói

    Acusado indiciado por homicídio culposo (sem intenção de matar)

    Publicado 29/10/2024 às 15:33 | Atualizado em 29/10/2024 às 16:23 | Autor: Sofia Miranda
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    Kátia Oliveira falou, emocionada, sobre a perda do filho
    Kátia Oliveira falou, emocionada, sobre a perda do filho |  Foto: Lucas Alvarenga

    O motorista Jhonatan Santos Fonseca, acusado de atropelar e matar o pedreiro Carlos Eduardo Oliveira da Silva, de 32 anos, em Niterói, Região Metropolitana do Rio, vai responder por homicídio culposo (sem intenção de matar). O caso investigado pela Polícia Civil já foi enviado ao Ministério Público nesta terça-feira (29), como informou o delegado da 79ª DP (Jurujuba) responsável pelo caso, Eliezer Lourenço. A família luta por justiça para o caso.

    Carlos foi atropelado na madrugada do último dia 13, na Estrada Francisco da Cruz Nunes, na Região Oceânica de Niterói, enquanto atravessava a rua em frente à sua residência, no bairro Cantagalo. O motorista, que saiu do local após o acidente, alegou ter temido por sua segurança. Ele se apresentou três dias após o ocorrido, na 79ª DP, onde foi liberado após prestar depoimento.

    O atropelamento, que aconteceu por volta das 3h45, foi registrado por câmeras de segurança. As imagens mostram Carlos conversando com uma mulher antes de atravessar a via para alcançar seu carro. Segundo os familiares, a mulher era uma amiga de Carlos. Ele havia acabado de sair de um pagode com a família e estava a caminho de casa, no outro lado da rua.

    O pedreiro foi atingido pelo veículo e morreu no local, deixando três filhas, de 11, sete e 1 ano. Na 79ª DP (Jurujuba), na manhã desta terça, Kátia Oliveira falou emocionada sobre a perda do filho e como tem sido os dias sem ele.

    Aspas da citação
    Nunca desejei essa dor a ninguém, nem mesmo à mãe do Jhonatan. A dor de perder meu filho é insuportável. Tudo na minha casa me lembra ele. Quem ele gostava, o que ele comia, o que eu fazia. Minha filha está com crises de ansiedade. Tem que passar por ali todos os dias, e isso só aumenta o transtorno para nossa família.
    Kátia Oliveira mãe de Carlos
    Aspas da citação

    Acompanhada das primas de Carlos Eduardo, Millena Souza, de 21 anos, e Taiane Souza, de 26, a família compareceu à distrital a fim de buscar mais informações a respeito do desfecho do caso. Conforme a família, o motorista dirigia sem habilitação, e o carro não estava registrado em seu nome. As informações foram confirmadas pelo delegado responsável pelo delegado Eliezer Lourenço.

    Mãe e prima da vítima foram à 79ª DP nesta terça
    Mãe e prima da vítima foram à 79ª DP nesta terça |  Foto: Lucas Alvarenga

    Ainda segundo os familiares de Carlos Eduardo, há suspeitas de que o motorista estaria participando de um “racha” no momento do acidente, o que teria contribuído para o impacto fatal. Embora essa hipótese tenha sido levantada pela família, a Polícia Civil afirmou que não foi constatada disputa de velocidade durante a investigação.

    Os familiares também afirmaram que o motorista teria trocado as peças do veículo em uma oficina no dia seguinte ao ocorrido, no entanto a informação também não foi constatada pela investigação. 

    "Nós só queremos uma resposta porque ele (acusado) se entregou depois de três dias, foi liberado e descobrimos que ele não tinha habilitação. O carro não era dele como mostram algumas filmagens, e ele fugiu da cena depois do atropelamento e ficou solto", disse Kátia. 

    Sonho interrompido 

    Carlos Eduardo era o primogênito de cinco filhos. Ele havia acabado de assinar a carteira de trabalho, motivo pelo qual teria comemorado com a família. Ainda segundo a mãe, ele havia a pedido que fizesse salpicão para que pudessem almoçar no dia seguinte.

    ‘’Ele não pode comer o salpicão, e agora eu não consigo nem mais cozinhar direito lembrando dele. Fico em casa, e às vezes escuto ele assoviando no portão’’, lamentou abalada.

    Carlos Eduardo Oliveira, de 32 anos, deixou três filhas menores de idade
    Carlos Eduardo Oliveira, de 32 anos, deixou três filhas menores de idade |  Foto: Arquivo Enfoco

    O que diz a defesa?

    A defesa de Jhonatan, representada pelo advogado Douglas Assis, afirma que ele se apresentou voluntariamente às autoridades, informando a placa do veículo e demonstrando arrependimento pelo ocorrido.

    “O Jhonatan antes mesmo de sequer ter sido qualificado pela delegacia, se apresentou de forma espontânea, informando a placa do veículo que teria sido envolvido nesta tragédia, demonstrou estar consternado com o acontecimento, prestou todo o esclarecimento possível e se comprometeu a comparecer sempre que for preciso para solucionar qualquer dúvida”, afirmou o advogado.

    Questionado sobre a omissão de socorro cometida pelo cliente, o advogado confirmou que Jhonatan declarou sentir medo de ser linchado, já que havia ouvido gritos de ''Pega ele''. A família, no entanto, questiona a versão afirmando que no local não havia ninguém além da vítima e da amiga. 

    Inquérito concluído 

    O delegado Eliezer Lourenço, que conduz a investigação, informou que Jhonatan também foi indiciado por falta de habilitação e omissão de socorro. “O inquérito já foi finalizado e encaminhado ao Ministério Público”, afirmou Lourenço.

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