Justiça
'Quero resposta', diz mãe de pedreiro atropelado e morto em Niterói
Acusado indiciado por homicídio culposo (sem intenção de matar)
O motorista Jhonatan Santos Fonseca, acusado de atropelar e matar o pedreiro Carlos Eduardo Oliveira da Silva, de 32 anos, em Niterói, Região Metropolitana do Rio, vai responder por homicídio culposo (sem intenção de matar). O caso investigado pela Polícia Civil já foi enviado ao Ministério Público nesta terça-feira (29), como informou o delegado da 79ª DP (Jurujuba) responsável pelo caso, Eliezer Lourenço. A família luta por justiça para o caso.
Carlos foi atropelado na madrugada do último dia 13, na Estrada Francisco da Cruz Nunes, na Região Oceânica de Niterói, enquanto atravessava a rua em frente à sua residência, no bairro Cantagalo. O motorista, que saiu do local após o acidente, alegou ter temido por sua segurança. Ele se apresentou três dias após o ocorrido, na 79ª DP, onde foi liberado após prestar depoimento.
O atropelamento, que aconteceu por volta das 3h45, foi registrado por câmeras de segurança. As imagens mostram Carlos conversando com uma mulher antes de atravessar a via para alcançar seu carro. Segundo os familiares, a mulher era uma amiga de Carlos. Ele havia acabado de sair de um pagode com a família e estava a caminho de casa, no outro lado da rua.
O pedreiro foi atingido pelo veículo e morreu no local, deixando três filhas, de 11, sete e 1 ano. Na 79ª DP (Jurujuba), na manhã desta terça, Kátia Oliveira falou emocionada sobre a perda do filho e como tem sido os dias sem ele.
Nunca desejei essa dor a ninguém, nem mesmo à mãe do Jhonatan. A dor de perder meu filho é insuportável. Tudo na minha casa me lembra ele. Quem ele gostava, o que ele comia, o que eu fazia. Minha filha está com crises de ansiedade. Tem que passar por ali todos os dias, e isso só aumenta o transtorno para nossa família.
Acompanhada das primas de Carlos Eduardo, Millena Souza, de 21 anos, e Taiane Souza, de 26, a família compareceu à distrital a fim de buscar mais informações a respeito do desfecho do caso. Conforme a família, o motorista dirigia sem habilitação, e o carro não estava registrado em seu nome. As informações foram confirmadas pelo delegado responsável pelo delegado Eliezer Lourenço.
Ainda segundo os familiares de Carlos Eduardo, há suspeitas de que o motorista estaria participando de um “racha” no momento do acidente, o que teria contribuído para o impacto fatal. Embora essa hipótese tenha sido levantada pela família, a Polícia Civil afirmou que não foi constatada disputa de velocidade durante a investigação.
Os familiares também afirmaram que o motorista teria trocado as peças do veículo em uma oficina no dia seguinte ao ocorrido, no entanto a informação também não foi constatada pela investigação.
"Nós só queremos uma resposta porque ele (acusado) se entregou depois de três dias, foi liberado e descobrimos que ele não tinha habilitação. O carro não era dele como mostram algumas filmagens, e ele fugiu da cena depois do atropelamento e ficou solto", disse Kátia.
Sonho interrompido
Carlos Eduardo era o primogênito de cinco filhos. Ele havia acabado de assinar a carteira de trabalho, motivo pelo qual teria comemorado com a família. Ainda segundo a mãe, ele havia a pedido que fizesse salpicão para que pudessem almoçar no dia seguinte.
‘’Ele não pode comer o salpicão, e agora eu não consigo nem mais cozinhar direito lembrando dele. Fico em casa, e às vezes escuto ele assoviando no portão’’, lamentou abalada.
O que diz a defesa?
A defesa de Jhonatan, representada pelo advogado Douglas Assis, afirma que ele se apresentou voluntariamente às autoridades, informando a placa do veículo e demonstrando arrependimento pelo ocorrido.
“O Jhonatan antes mesmo de sequer ter sido qualificado pela delegacia, se apresentou de forma espontânea, informando a placa do veículo que teria sido envolvido nesta tragédia, demonstrou estar consternado com o acontecimento, prestou todo o esclarecimento possível e se comprometeu a comparecer sempre que for preciso para solucionar qualquer dúvida”, afirmou o advogado.
Questionado sobre a omissão de socorro cometida pelo cliente, o advogado confirmou que Jhonatan declarou sentir medo de ser linchado, já que havia ouvido gritos de ''Pega ele''. A família, no entanto, questiona a versão afirmando que no local não havia ninguém além da vítima e da amiga.
Inquérito concluído
O delegado Eliezer Lourenço, que conduz a investigação, informou que Jhonatan também foi indiciado por falta de habilitação e omissão de socorro. “O inquérito já foi finalizado e encaminhado ao Ministério Público”, afirmou Lourenço.
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