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    Preconceito?

    Rock in Rio: estudante da UFF de Niterói denuncia caso de racismo

    Caso aconteceu no último domingo na entrada do festival

    Publicado 20/09/2024 às 16:56 | Autor: André Silva, Tayná Ferreira
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    Estudante contou que segurança o obrigou a consumir o produto que levou para ver se não tinha drogas
    Estudante contou que segurança o obrigou a consumir o produto que levou para ver se não tinha drogas |  Foto: Reprodução / Instagram

    Um possível ato de racismo que teria ocorrido no último domingo (15), durante a revista na entrada do festival Rock in Rio, é denunciado por Samuel Patrocíni, um estudante de Letras da Universidade Federal Fluminense (UFF), de Niterói.

    O jovem afirma que, ao passar pelo setor de segurança, foi forçado a comer o lanche que carregava para provar que não continha drogas. Além disso, ele diz ter sido questionado também sobre porte de armas e possíveis passagens pela polícia.

    Samuel compartilhou o incidente em suas redes sociais, explicando que o segurança responsável pela revista pediu que ele abrisse uma lata de batatas lacrada, que fazia parte dos alimentos permitidos no evento, e removesse o lacre para inspecionar o conteúdo. O estudante contou que o segurança inseriu os dedos no recipiente e, em seguida, o obrigou a consumir o produto.

    Ele narra que a situação ocorrida no local "foi extremamente constrangedora e imoral" e ainda questiona: "Quantos casos podem ocorrer hoje? E amanhã?".

    De acordo com o relato, enquanto Samuel mastigava as batatas, o segurança o questionava repetidamente sobre drogas, armas e antecedentes criminais. Após a inspeção dos alimentos e do corpo de Samuel, continua a denúncia, o agente teria afirmado que aquelas latas estariam "causando muitos problemas".

    "Enquanto eu guardava, ele comentou que estaria na segurança interna do evento e que, se eu causasse qualquer problema, ele estaria lá", relatou Samuel.

    "Temos que fazer isso explodir logo [a denúncia], antes que mais gente sofra pela mesma coisa que eu sofri ou outros tipos de discriminações e crimes que podem acontecer lá dentro", disse o jovem.

    Ele também destacou a importância de ter um espaço próprio para denúncias durante o evento, permitindo que as pessoas relatem suas experiências.

    "Falta essa segurança. Se o crime vem da segurança do evento, para onde iremos correr?Você não tem para onde ir, não há a quem denunciar. Ficamos à mercê deles ali", diz.

    O que diz a Polícia 

    Segundo o estudante, ele registrou uma ocorrência na última quarta-feira (18) na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), além de ter procurado a Defensoria Pública e prestado depoimento. Procurada, a Polícia Civil ainda não se manifestou sobre as investigações.

    Samuel informou que, após expor seu caso, tem recebido diversas denúncias.

    "Tenho recebido relatos de pessoas que sofreram discriminação ou assédio durante o evento. É nosso direito nos sentirmos seguros em um evento pelo qual pagamos," desabafou o jovem.

    Confira o relato

    Amigos de Samuel se solidarizaram com ele nos comentários da publicação. Carlos Alexandre, um deles, relatou ter passado por uma situação semelhante ao sair do evento e cogita acionar judicialmente o festival e a empresa de segurança responsável.

    Imagem ilustrativa da imagem Rock in Rio: estudante da UFF de Niterói denuncia caso de racismo
    |  Foto: Reprodução / Instagram

    O que diz o festival

    Em nota enviada ao ENFOCO, a organização do Rock in Rio não confirmou o ocorrido, mas declarou que "repudia qualquer tipo de manifestação de racismo, homofobia, discriminação e preconceito". O festival afirmou que conta com uma equipe de profissionais treinados, incluindo psicólogos, para agir adequadamente em situações como a relatada, além de garantir que todas as denúncias recebidas são rigorosamente apuradas.

    A nota reforça ainda que a Cidade do Rock conta com uma equipe de segurança treinada e capacitada para atuar em grandes eventos, seguindo a legislação vigente.

    "Todas as pessoas que entram nesses sete dias de festival passam por uma revista rigorosa, independentemente da área que irão acessar – seja público em geral ou prestadores de serviço, com o objetivo de garantir a segurança de todos dentro do espaço", afirmou a organização.

    O comunicado finaliza orientando que qualquer pessoa que se sinta vulnerável ou vítima de crime deve procurar um dos cerca de dois mil agentes de segurança no local, que estão preparados para prestar assistência e encaminhar o caso às autoridades competentes.

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