Depoimentos
'Sem exames antes', diz amiga da mulher que morreu após plástica
Filho da vendedora também foi ouvido na DP nesta quarta-feira
Familiares e amigos da vendedora Ingrid Ramos Ferreira, que morreu aos 41 anos após fazer uma reparação de uma abdominoplastia em uma clínica na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, se dirigiram até a 16ª DP (Barra) para novos depoimentos nesta quarta-feira (21). Dessa vez, quem depôs foi o filho de Ingrid, de 14 anos, que acompanhou a mãe no dia do ocorrido. Além dele, quem também foi ouvida foi Luciana dos Santos Lima, de 45, fisioterapeuta dermatofuncional e amiga de Ingrid desde 2013, que esclareceu que a médica não pediu exames de risco cirúrgico para o novo procedimento em Ingrid.
Amigos se queixam de médica não ter pedido exames pré-operatórios
“Ela me disse, na segunda antes do caso, que iria fazer um procedimento no umbigo, que estava fechado, reparar a cicatriz da abdominoplastia e uma lipo nos braços e nas laterais da barriga. Eu ainda perguntei se não era muita coisa para um dia e na clínica, mas a Ingrid disse que já estava tudo pago de antes e ia fazer. Eu já fiz nela drenagem, eliminamos gordura localizada, massagem modeladora e, depois dessa cirurgia, ela já tinha agendado comigo. Eu sempre estava com ela após as cirurgias. Depois da primeira, deu uma complicação porque ela teve alergia ao esparadrapo, contou Luciana.
Ela era muito vaidosa, era o sonho dela essa correção, porque ela não colocava mais biquíni, queria consertar a cicatriz que estava feia, só usava maiô. Então, ela estava animada para isso. Sei que a médica, dessa vez, não pediu exames pré-operatórios para ela, só pediu antes da primeira cirurgia, um ano antes, que também foi com essa médica
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Nos novos depoimentos, o filho de Ingrid também contou que Eliana Jimenez, médica e dona da clínica que realizou o procedimento na vendedora, pediu que ele descesse para esperar o Samu na porta do prédio onde fica o consultório, na Avenida Olegário Maciel.
“Acreditamos que, nesse momento, ela tentou esconder os medicamentos vencidos que tinha em seu consultório, o que foi constatado pela polícia após a perícia. Meu sobrinho me ligou falando que a Ingrid tinha entrado para a cirurgia, antes de tudo, e me ligou depois falando que a mãe estava morta. É muito triste, queremos justiça”, disse a técnica de enfermagem e irmã de Ingrid, Thamires Ramos Ferreira, de 36 anos.
No dia do ocorrido, viemos eu e a médica depor, e ela foi liberada logo depois. A gente dizia para a Ingrid que ela não deveria mais fazer essas cirurgias, que ela parasse, que já estava linda, mas deu no que deu
Além dos familiares da vítima, a síndica, a subsíndica e um porteiro do prédio comercial onde fica o consultório de Eliana foram ouvidos na delegacia.
A Polícia Civil não adiantou detalhes da investigação. "O material apreendido na clínica foi encaminhado à perícia para ser analisado. Familiares da vítima, testemunhas e os responsáveis pelo estabelecimento serão ouvidos e outras diligências estão em andamento para esclarecer os fatos', disse o órgão em nota.
Informações da Civil também dão conta que Adjane Marinho da Silva Santos, de 42 anos, fez uma cirurgia com a mesma médica em agosto de 2020. A mulher foi para casa, passou mal após o procedimento e morreu em um hospital na Penha.
A reportagem do ENFOCO foi até a clínica de Eliana Jimenez, mas não a encontrou no consultório, que está interditado pela Vigilância Sanitária e Polícia Civil. Também foi tentado, sem sucesso, o contato por telefone com a médica.
O CASO
Uma mulher de 41 anos morreu, na noite da última quinta-feira (15), durante uma cirurgia plástica em uma clínica na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Familiares da vendedora Ingrid Ramos Ferreira denunciam que a médica que fez o procedimento trabalhava com medicamentos vencidos.
Ingrid fez uma abdominoplastia há cerca de um ano, mas o procedimento precisou de reparos. A médica que fez o procedimento, Eliana Jimenez, foi a mesma responsável pela primeira cirurgia e pelas reparações. Foram mais dois procedimentos desde a primeira cirurgia.
“Ela foi fazer esse procedimento na clínica da doutora Eliana Jimenez, que fica na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Ela foi fazer a reparação da cicatriz com lipo. Ela não teve acompanhamento de ninguém, que estava com ela era um menor, o filho dela. A única coisa que ele falou foi que a mãe começou a convulsionar no momento da anestesia e não resistiu. Esse procedimento foi feito após o horário de funcionamento do prédio, segundo pessoas do prédio contaram”, afirmou Juliana Guedes, cunhada da Ingrid Ramos.
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