Injustiça

Semelhança com irmão coloca vigilante atrás das grades no Rio

Parentes dizem que Everton não estava na cena do crime

Família fez um ato na porta do Tribunal de Justiça, no centro do Rio, nesta quarta
Família fez um ato na porta do Tribunal de Justiça, no centro do Rio, nesta quarta |  Foto: Péricles Cutrim

Familiares de Everton Candido Alves, preso em 2019 pelo crime de assalto a banco que ocorreu dois anos antes no bairro Jardim América, na Zona Norte do Rio, pedem pela soltura do rapaz.

Parentes alegam que o irmão dele, Eriton Cândido Alves, que trabalhava com limpeza na agência bancária, cometeu o crime junto com outros sete homens em 2017.

Everton foi preso e condenado no ano passado. Segundo a família, por semelhanças com o irmão. 

Pedro Ricardo da Silva Souza de 35 anos é amigo de Everton e esteve em uma manifestação na frente do Fórum da Capital, no Centro do Rio, nesta quarta-feira (9), pedindo justiça. 

“No dia do crime, em agosto de 2017, ele estava trabalhando como vigilante na UERJ em São Cristóvão. Saiu do trabalho, pegou o trem e foi para casa. Tem a folha de ponto dele nesse dia. Ele saiu do trabalho 7h”, afirmou Pedro. 

O rapaz saiu do trabalho e foi para Honório Gurgel, na Zona Norte, onde mora. Lá, ele ficou até a hora que iria sair para trabalhar como motorista de aplicativo. Segundo a família, era essa a rotina dele. O celular mostrou que ele estava no bairro quando o crime aconteceu na agência bancária no bairro do Jardim América. 

“Ele foi preso injustamente por um crime que não cometeu, foi o irmão que cometeu. O laudo técnico da Polícia Civil, inclusive, mostra que o Everton não estava nem fora nem dentro da agência, segundo as câmeras. A localização do telefone dele na hora do crime dava o bairro onde ele morava, a senhoria da casa dele testemunhou a favor dele e disse que viu ele chegar em casa cedo e que ele estava dormindo na hora do crime. Eles são parecidos fisicamente, mas a juíza deu ênfase a uma testemunha que ficou 30 dias em coma e que reconheceu o Everton por uma foto 3X4”, afirmou o amigo, que é repositor de supermercado. 

Everton teve passagem por tráfico de drogas em 2009. No entanto, seus amigos e familiares afirmam que ele cumpriu a pena e não tinha mais pendências com a Justiça. O rapaz ainda sofreu com a perda de sua esposa em estágio terminal de câncer depois que saiu da prisão.   

Irmã de Everton com a camisa em frente ao Tribunal de Justiça
Irmã de Everton com a camisa em frente ao Tribunal de Justiça |  Foto: péricles Cutrim
Ele continuou trabalhando, com três filhos para criar. Era motorista de aplicativo e vigilante. Em 2019, veio esse baque para a família, com a polícia afirmando que ele estava junto com meu irmão no assalto, sendo que ele não estava. Meu irmão Everton estava trabalhando, chegou em casa de manhã, para descansar, por ele trabalhar de noite. Já o Eriton, estava no local, as câmeras mostram ele. A prisão do Everton é discriminação e preconceito por sermos negros e de comunidade, meu irmão é inocente Elaine Alves Gregório, Irmã

O vigilante foi preso enquanto estava na academia com a filha e a namorada em 2019. Ele foi julgado em 2022, quando foi condenado a mais de 20 anos pelo crime. 

O que diz a defesa 

Amigos e parentes com documentos que reúnem provas de que o vigilante é inocente
Amigos e parentes com documentos que reúnem provas de que o vigilante é inocente |  Foto: Péricles Cutrim

A defesa de Everton afirmou que  na denúncia do Ministério Público não foi descrito o que realmente Everton fez no crime. O advogado ainda revela que está descrito no documento que: “O órgão ministerial assinala ao requerente a autoria delitiva, baseado em meras informações de que ambos se falaram antes do roubo. No mais, ressalta-se que o ora acusado tem grau de parentesco com outro acusado, qual seja: Eriton Cândido Alves, seu irmão. Logo, resta induvidoso que a acusação ocorre pela simples relação de parentesco deste para com aquele, ou ainda pela tamanha semelhança entre os dois, possibilidade de aparência e aspecto físico”.

Ainda há um parágrafo que diz que: “O acusado não estava no local do fato e muito menos é apontado como um dos envolvidos presente no local da suposta empreitada criminosa, conforme percebe-se pela perícia realizada pela inteligência da polícia civil". 

Havia quatro assaltantes dentro do banco e quatro fora, uma testemunha contou que houve troca de tiros entre os criminosos e um policial militar que estava no banco foi baleado. Após 30 dias em coma, ele acordou e reconhecer Everton por foto 3X4. Ele foi o único que reconheceu Everton na cena do crime, segundo o documento da defesa dele.

"O processo está em fase de revisão criminal. A acusação está se baseando em uma vítima que ficou de coma por 30 dias e alegou que Everton estava no local do crime. O Everton nunca foi chamado para prestar esclarecimento, pegaram o histórico criminal dele. É discriminação e por ele ser semelhante ao irmão. Não tem nenhuma prova! A própria investigação é carente de autoria do Everton. Nem a gerente do banco reconhece ela no local do crime, apenas esse policial", afirmou Jovenilson Vieira, advogado de Everton. 

Everton segue preso em Bangu. O TJRJ informou que as decisões de primeira e segunda instância (sentença e acórdão) foram fundamentadas. 

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