Polícia
Senhores passageiros, próxima estação: Pânico em Vigário Geral
“Se eu pudesse falar uma coisa para ela seria: eu te amo e muito obrigado por tudo”
O lamento é do promotor de vendas Marcelo dos Santos de Oliveira, de 28 anos, companheiro da enfermeira Luanna da Silva Pereira, morta durante o tiroteio entre bandidos e policiais na manhã desta quinta-feira (4), em Vigário Geral, na Zona Oeste do Rio.
Marcelo relatou que Luanna havia saído de casa para avisar aos vizinhos para terem cuidado com os tiros. Mas na sua saída de casa, ainda de pijama, ela foi atingida no rosto e não resistiu aos ferimentos, vindo a óbito na Rua do Campo, em Vigário Geral.
“A filha dela viu tudo e não sabemos como iremos explicar todo o ocorrido para essa criança, de 4 anos, que será mais uma a crescer sem o amor materno”
Marcelo estava no relacionamento com Luanna há dois anos
Questionado a respeito de uma possível conversa com os policiais que participaram da operação, Marcelo revelou que não sente ódio pelos agentes, mas alertou que a justiça divina será feita, por mais que a humana seja falha.
“No momento em que ela foi atingida não havia confronto. Quero que os policiais que participaram da ação reflitam sobre uma coisa: se fosse um familiar seu, como você reagiria a tamanha covardia?”
Diante da repercussão do caso, a Polícia Civil publicou uma nota atribuindo aos traficantes da região a responsabilidade pelos disparos que mataram a técnica de enfermagem.
'De acordo com os agentes, apesar do forte confronto, é garantido que o tiro que atingiu a moradora foi disparado por traficantes, uma vez que na posição em que ela estava era protegida dos disparos dos policiais por um muro', diz a nota.
Manhã de terror
Desde as primeiras horas da manhã desta quinta-feira (4), moradores de Vigário Geral vivenciaram momentos de terror por conta da intensa guerra armada proporcionada por criminosos e policiais civis da Delegacia de Brás de Pina (38ªDP), em conjunto com a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core).
Quem também sofreu com os resquícios do confronto foram os usuários de um trem, que vinha da Baixada Fluminense em direção à Central do Brasil. Diante do confronto entre traficantes e policiais, trabalhadores tiveram que deitar no chão do vagão. Em dado momento, o maquinista do trem abandonou o veículo e deixou os usuários sem informações de como proceder.
De acordo com a Supervia, concessionária que administra a linha ferroviária do Estado, traficantes invadiram o trem e ordenaram que todos os passageiros e o maquinista deixassem a composição e saíssem do veículo, impedindo que a viagem continuasse.
O tráfico, a religião e o Complexo de Israel
O traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão, de 34 anos, é apontado pela polícia como o chefe do tráfico de drogas do Complexo de Israel, localidade que engloba as cinco comunidades denominadas como Cidade Alta, Vigário Geral, Parada de Lucas, Cinco Bocas e Pica-Pau.
Religioso e com bandeiras de Israel e da Estrela de Davi espalhadas pelas cinco localidades, o criminoso tem 35 anotações criminais em sua ficha. Já foi investigado, indiciado, denunciado, mas até hoje não foi preso.
O Portal dos Procurados, canal do Disque Denúncia, oferece uma recompensa de R$ 1 mil por informações que levem ao paradeiro do acusado. Quem tiver qualquer informação a respeito do criminoso, pode entrar em contato pelo aplicativo do Disque Denúncia ou através do 2253-1177.
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