Crueldade

Suspeito de matar doméstica teria enviado áudio assumindo crime

Marcele foi assassinada a facadas, indo para o trabalho, no Rio

A doméstica Marcele Pereira da Silva, de 43 anos
A doméstica Marcele Pereira da Silva, de 43 anos |  Foto: Arquivo pessoal

A doméstica Marcele Pereira da Silva, de 43 anos, estava indo trabalhar quando foi morta a facadas, na Comunidade Agrícola, na região do Alto da Boa Vista, Zona Norte do Rio, nesta quinta-feira (18). O principal suspeito é o ex-marido. Ele está foragido.

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O crime ocorreu por volta das 8h da manhã. A informação foi confirmada pela família da vítima. Segundo os relatos, o suspeito surpreendeu a mulher saindo de uma região de matagal.

Ele teria enviado um áudio assumindo o crime, para uma prima da vítima, logo após o assassinato. A Polícia Civil investiga o caso.

Suspeito saiu de região de mata e surpreendeu a vítima
Suspeito saiu de região de mata e surpreendeu a vítima |  Foto: Lucas Alvarenga
Ele esperou o momento em que viu ela saindo para trabalhar. Foi aí que ele saiu do mato, deu um tapa nela e enfiou a faca na minha mãe. Eu ainda ouvi ela gritando socorro e vim correndo. Minha mãe era boa, trabalhadora, tranquila, sempre cuidou de mim e da minha irmã Rafaela Pereira Martins, de 21 anos, filha

Marcele já vinha sendo agredida há tempos pelo marido, de acordo com pessoas próximas. O casal estava junto há 16 anos. O suspeito também ameaçava a família dela. 

Rafaela Pereira, de 21 anos, filha de Marcele
Rafaela Pereira, de 21 anos, filha de Marcele |  Foto: Lucas Alvarenga

A vítima deixa duas filhas: uma de 21 anos e outra de 7 anos. Apenas a menor é filha do suspeito.

“Ele disse que ia matar todos nós, então, a gente está com medo, né? Ele solto é um risco. Ele usava tudo o que tinha nas drogas. Ele disse que só não jogou uma bomba dentro de casa, por causa das crianças. A gente acha que, no dia do crime, ele estava aqui desde 4h e pouca da manhã, porque uma amiga minha viu ele próximo daqui", revela Rafaela.

Cansada, Marcele saiu de casa em dezembro do ano passado e voltou a morar com a mãe. Ainda assim, o suspeito continuou a perseguição.

Confessou por áudio

Marcas de sangue ficaram espalhadas pelo chão
Marcas de sangue ficaram espalhadas pelo chão |  Foto: Lucas Alvarenga

Patrícia Lima, de 40 anos, é prima de consideração de Marcele. Ela afirma ter um áudio do suspeito supostamente assumindo o crime.

“Ele esfaqueou ela e mandou áudio falando que tinha cometido o crime. Eu nem sabia o que estava acontecendo ainda, quando recebi o áudio. É uma situação revoltante”, narra.

Relação violenta

Ledina da Conceição, de 71 anos, mãe de Marcele; ela conta que recebia ameaças do suspeito
Ledina da Conceição, de 71 anos, mãe de Marcele; ela conta que recebia ameaças do suspeito |  Foto: Lucas Alvarenga

As sessões de espancamento se estendiam, também, para a filha de 7 anos do casal, conforme conta Ledina da Conceição Pereira da Silva, de 71 anos, mãe da vítima. A idosa também era ameaçada, desabafa.

“A minha filha levava pancada dia e noite, ele chegava brigando, batendo na Marcele e na filha deles, de 7 anos. Na última vez, ele machucou a criança, deu com o pé no bumbum da garota e ela bateu a cabeça na parede, está até com um caroço", denuncia.

'Não aguentava mais'

Foi a partir daí que Marcele teria dito a filha mais velha, de 21 anos, e enteada do suspeito, que "não aguentava mais". E saiu de casa.

"Eu procurei policiais para falar o que estava acontecendo. Marcele foi retirada da casa do Rogério por causa da Lei Maria da Penha e estava na minha casa, ela e a filha de 7 anos. Mesmo assim, ele continuava indo lá em casa, ameaçava ela, cismava que ela estava com outro. Da última vez que ele esteve lá, eu peguei um pedaço de madeira e bati nele", diz Ledina.

Desolada, Ledina diz que não imaginava que a situação fosse chegar nesse ponto.

“Ele matou Marcele quando ela estava indo trabalhar... ele veio pelo mato e a encontrou, a esfaqueando. Ele achava que ela era propriedade dele e ela tinha medo de enfrentar ele", lamenta.

Obsessão

De acordo com a matriarca, Marcele não podia usar o próprio celular quando estava com o suspeito.

"Só ia na minha casa com ele ou um parente dele. Esses dias, na minha casa, que ela estava livre dele, ela estava feliz, dormindo bem”, contou Ledina.

Ela acredita que, dias antes do crime contra Marcele, o suspeito queria fugir com a filha do casal para próximo de Cachoeiras de Macacu. "Soube que ele comprou passagens, mas não deixei”, afirmou.

Usuário de drogas

O suspeito de matar Marcele seria usuário de drogas, de acordo com relatos. A mulher já havia denunciado ele outras vezes na delegacia. Foi o que contou a prima Patrícia Lima.

“Ajudamos ela várias vezes, tiramos ela de dentro de casa, ele já queimou ela até com cigarro. Ela tem várias medidas protetivas, mas ele nunca respeitava. Ele ameaçava a família dela, falava que ia colocar veneno de rato na caixa d’água da casa da mãe dela, que ia matar o irmão dela especial, por isso, ela sempre voltava para esse relacionamento”, denuncia.

Patrícia Lima, de 40 anos, prima da vítima, diz que recebeu áudio do suspeito supostamente assumindo o crime
Patrícia Lima, de 40 anos, prima da vítima, diz que recebeu áudio do suspeito supostamente assumindo o crime |  Foto: Lucas Alvarenga

O que diz a polícia?

Em nota, a Polícia Militar informou que, policiais militares do 6° BPM (Tijuca) foram acionados para o caso e encontraram a mulher ferida por golpes de arma branca (faca), sendo socorrida por militares do Corpo de Bombeiros.

"Informações preliminares apontam que o autor do crime seria o ex-companheiro da vítima. A mulher foi socorrida para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. A ocorrência foi registrada na 19ª DP (Tijuca).”

Já a Polícia Civil informou que a “investigação está em andamento na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Os agentes realizam diligências para localizar o suposto autor do crime e esclarecer todos os fatos.”

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