Polícia

Treze homens e um crime: o tráfico do Jardim Catarina

Morte de Schumaker provocou divisão nos lucros da criminalidade. Foto: Pedro Conforte

O que antes era um 'império' de apenas um 'rei' acabou repartido com divisão de lucros, uma espécie de capitanias hereditárias, onde cada peça tem sua renda e sua designação. O tráfico do Jardim Catarina, em São Gonçalo, ganhou novo formato após a morte de seu antigo 'chefão', Schumaker Antonácio do Rosário, o 'Piloto', em abril do ano passado, resultado da trama orquestrada por Thomas Jayson Gomes Vieira, o '3N' e seus soldados, o grupo conhecido como 'Tropa do Corinthians'.

Após a morte de Schumaker, o tráfico do Jardim Catarina passou a ter seu controle dividido em 13 peças com divisão de funções. Dois deles, identificados o 'Flamengo', de 27 anos, e 'TH ou Thiaguinho', de 37 anos, são responsáveis pela gerência do tráfico nas localidades conhecidas como Catarina Velho e Novo.

TH, mesmo preso, é apontado como o líder da 'versão nova' do bairro e controla as atividades criminosas do interior do presídio através de ligações telefônicas. Já Flamengo, presente em diversos bailes de apologia ao crime, é apontado como o cabeça do tráfico do Jardim Catarina, uma espécie de Schumaker, porém mais recatado e sem a mesma influência do Piloto, que segue sendo lembrado em toda a região através de pichações e vídeos que circulam nas redes sociais. Ele, que possui um mandado de prisão em aberto, tem como braço direito, o criminoso identificado como 'Thailon', de 38 anos, que já conta com duas anotações criminais, sendo responsável, inclusive, por gerenciar roubos de cargas da quadrilha e fazer a contabilidade do tráfico.

De acordo com informações do Serviço de Inteligência (P/2) do 7°BPM (São Gonçalo), responsável pelo policiamento da área, quem ainda segue sendo influente no Jardim Catarina Velho é 'Telminho ou Pato', de 38 anos, que, mesmo preso, continua auxiliando a gerência do tráfico de drogas da localidade e tem em seus dois irmãos, conhecidos como 'Fala Mal' e 'Adrianinho', a ponte do lucro no bairro. Eles, segundo a PM, seriam responsáveis pela cobrança aos moradores por serviços de internet em alguns pontos do bairro, uma das principais fontes de renda do crime organizado na região.

Em posições abaixo das lideranças, estão os gerentes do tráfico de algumas localidades do Jardim Catarina, identificados como: 2K ou Caíque, de 25 anos, e o Urubu, de 33 anos; responsáveis pelas localidades conhecidas como Baixada, Cinco Bocas e Final Feliz (2K) e Ipuca (Urubu).

No mundo da crime, 2K é conhecido como um dos principais aliados de 'Jorginho' - uma das principais peças do tráfico de drogas do Jardim Catarina Velho - e atua em conjunto com Flamengo, sendo responsável pela distribuição de cigarros contrabandeados na localidade.

Já Urubu, que possui duas anotações criminais por tráfico de drogas e se encontra evadido do sistema penitenciário, é apontado como o principal homem na hierarquia do tráfico na localidade conhecida como Ipuca e seria também um dos responsáveis pelo roubo de cargas na BR-101.

Outras peças consideradas importantes no tráfico do Jardim Catarina foram identificadas apenas como Eraldo, de 32 anos, atuante tanto no velho como no novo Catarina, e Russinho, responsável pelos mototáxis do bairro. Além deles, dois homens, conhecidos apenas como Cueca e Anderson, também tem a sua importância nas funções de segurança das bocas de fumo (Cueca) e auxiliar de Flamengo na gerência do tráfico de drogas do Catarina velho (Anderson).

Tramontini revela que traficantes são alvos monitorados. Foto: Arquivo

“Todas essas figuras estão sendo monitoradas pelo 7°BPM, juntamente com a Polícia Civil, para que possamos localiza-los e coloca-los nos seus devidos lugares. O tráfico do Jardim Catarina é bem complexo e segue sendo monitorado, estamos realizando um trabalho de investigação bem complexo naquela área. Esses marginais não podem se sentir confortáveis em lugar algum e nós realizaremos ações, respeitando o quesito da excepcionalidade previsto pelo STF, para coibir a ação desses criminosos”

tenente-coronel Gilmar Tramontini, comandante do 7º Batalhão de São Gonçalo

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