Polícia
Tristeza e manifestação na Zona Sul de Niterói
"Ele era um moleque bom, dedicado e sonhador", assim moradores e amigos descreveram Dyogo Xavier Coutinho, de 16 anos, morto ao ser atingido por um tiro no início da tarde desta segunda-feira (12) durante um confronto entre policiais do Batalhão de Choque e do Batalhão de Ações com Cães (BAC), na comunidade da Grota, no bairro São Francisco, em Niterói.
Segundo moradores, por volta das 12h40, o jovem saiu de casa para buscar a mochila e a chuteira na casa de um amigo, para ir ao treino no Clube América, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Mas nesse meio-tempo o jovem foi baleado nas costas.
“Eles arrombaram e invadiram a casa de um morador, que fica na Rua Albino Pereira, em seguida eles viram Dyogo que estava com a mochila nas costas e atiraram”, disse um morador que preferiu não se identificar.
Moradores da comunidade acusam policiais do Choque de terem efetuado o disparo.
Após a morte do adolescente, que morava com o pai e o avô, a comunidade ficou de luto.
Protesto
“Se ele fosse um garoto com outro desvio de conduta não teria esse movimento todo da comunidade, a comunidade está arrasada. Sabemos que a PM tem que fazer seu trabalho, mas faça com respeito, sempre tem que ter um inocente morto?”, disse outro morador.
Dyogo ia realizar testes em outro clube nos próximos dias.
Durante a operação, uma moradora foi atingida por uma bala de borracha quando filmava uma abordagem policial.
"Eu estava gravando os policiais xingando os meninos e falando 'vai morrer', então eu peguei o celular e comecei a gravar, foi aí que um policial efetuou um tiro de borracha na minha perna", contou a moradora.
Após saber da morte do jovem moradores da comunidade protestaram fechando a Estrada da Cachoeira, que foi totalmente interditada, em diferentes pontos.
Ônibus incendiado
Um coletivo da viação Pendotiba, linha 37 que faz o trajeto Badu - Centro, foi incendiado. Pelo menos 15 passageiros estavam no ônibus, no momento da ação, mas conseguiram sair a tempo. Ninguém ficou ferido.
"O pessoal começou descer correndo porque os manifestantes estavam batendo no coletivo com madeiras. Os manifestantes me obrigaram a parar o ônibus atravessado na Rua Tocantins, em seguida o coletivo foi incendiado", disse o motorista.
Por volta das 17h30, o veículo que ficou completamente destruído, começava a ser removido por um carro de reboque, do consórcio Transoceânico. No mesmo horário, a Companhia de Limpeza de Niterói (CLIN) retirava os entulhos que ficaram espalhados pela via.
Baleado
Durante a manifestação, um homem que estava entre os manifestantes, foi baleado na perna direta. Ele foi algemado e precisou de socorro médico.
Segundo a Polícia Militar, o rapaz estaria em um grupo com cerca de dez integrantes que estariam armados tentando impedir que veículos trafegassem pela via. Com ele nenhum material ilícito foi encontrado.
Detidos
Durante a manifestação 18 pessoas foram detidas e levadas para a Central de Flagrantes (76ª DP), no Centro. Segundo a Polícia Militar, pelo menos cinco teriam contribuído para atear as chamas no ônibus.
A PM também apreendeu documentos e celulares de alguns deles e somente após a prestação de depoimento deve liberar os pertences. A ocorrência será registrada na 79ª DP (Jurujuba).
Reforço
O policiamento foi reforçado na região com apoio do Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidões (RECOM), Policiais Militares do Grupamento de Ações Táticas (GAT) do 12ºBatalhão da Polícia Militar de Niterói, e policiais do Batalhão de Choque.
Colaborou - Ezequiel Manhães
Perdeu documentos, objetos ou achou e deseja devolver? Clique aqui e participe do grupo do Enfoco no Facebook. Tá tudo lá!